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Por Pedro Maia e Bruna Campos — Lima, Peru

Marcio Rodrigues/CPB/MPIX

Se há alguém no cenário paralímpico que entende de colecionar títulos, esse alguém atende pelo nome de Ricardo Alves, ou simplesmente Ricardinho. O gaúcho, maior referência mundial no futebol de 5, conquistou por três vezes as três principais competições dentro de sua modalidade: ele é tricampeão dos Jogos Paralímpicos (Rio 2016, Londres 2012 e Pequim 2008), do Mundial (Madri 2018, Japão 2014 e Inglaterra 2010) e dos Jogos Parapan-Americanos (Toronto 2015, Guadalajara 2011 e Rio 2007). Sem falar, é claro, em seus três prêmios de melhor do mundo na modalidade. No Parapan de Lima 2019, o craque vai tentar buscar a partir deste sábado o seu primeiro tetra na carreira.

O ala ofensivo sabe bem que essa será uma estrada pedregosa. Por isso, tenta fazer com que os três títulos de melhor jogador do mundo não sejam um peso, uma pressão. A Argentina surge como grande rival na briga pelo ouro, mas embora respeite os vizinhos platinos, Ricardinho se mantém confiante e até anseia por esse provável encontro.

- Eles têm uma boa equipe, eles chegam à maior parte das finais com a seleção brasileira e tem o aspecto da rivalidade, que é muito grande. Então é diferente. É o jogo mais difícil de se jogar, sem dúvida, mas também é o mais gostoso - diz Ricardinho.

Ricardinho - Futebol de 5 Brasil x Argentina pelo mundial — Foto: Marcio Rodrigues/CPB/MPIX

Não é só a Argentina que ameaça a supremacia brasileira. Para o craque, a Colômbia também pode ser uma pedra no caminho. Se há mais algum adversário capaz de tirar o foco do Brasil? O tal do favoritismo que sempre recai sobre a seleção treinada por Fábio Vasconcelos. Ricardinho, no entanto, tem a receita para que a equipe da qual é capitão não caia nessa armadilha.

- A Colômbia é uma equipe que evoluiu muito. Mas não podemos menosprezar os outros times, porque acho que também vêm pra incomodar. Nós por termos três medalhas de ouro, obviamente é jogado sobre o nosso time um favoritismo. Mas a gente vai deixar isso fora de quadra e dentro das quatro linhas vamos botar o nosso futebol em prática - avaliou.

Ser o melhor do mundo é outro aspecto que no ponto de vista do craque brasileiro pode ser nocivo se não encarado da maneira certa. Com a devida maturidade de um capitão, ele reconhece a pressão que há em seu status, mas entende que numa competição como o Parapan, a força do coletivo sempre impera.

- Além de ser capitão da equipe tem também esse fardo (três vezes melhor do mundo) nas minhas costas, é uma pressão. Mas graças a Deus eu sei lidar e acabo dividindo com o resto da equipe. Todos têm as suas tarefas e responsabilidades na hora de jogar, de desenvolver um trabalho. A gente tá bem treinado, sabe que é um campeonato difícil, mas vamos brigar pelo quarto ouro e se Deus quiser levar pra casa - ponderou.

Ricardinho futebol de 5 Parapan Toronto — Foto: Divulgação/CPB

Perguntado sobre a receita de sucesso de uma seleção tão vencedora, Ricardinho não pestanejou e apontou o respeito, a união e a alegria no ambiente do grupo como ingredientes fundamentais.

- Nós temos um grupo muito unido. Acho que esse é o segredo da seleção de futebol de 5, que tem conseguido tantos títulos em sequência. Nós somos realmente amigos. Não tem divisão no grupo nem entre atletas e nem entre comissão. Quando a gente vai pro treino tem um disputa natural no dia a dia, mas todo mundo se respeita muito, se ajuda. Lealdade e fidelidade um com o outro é o diferencial - explicou.

Há sete anos capitão da seleção de futebol de 5, Ricardinho tem suas referências no mundo esportivo. Mas se engana quem pense que sua fonte de inspiração vem de medalhões como Messi ou Cristiano Ronaldo, do futebol convencional. A maior referência de Ricardinho é o técnico da equipe, Fábio Vasconcellos, ex-goleiro da seleção. Competitivo e sempre respeitoso com o adversário, o treinador tem conhecimento para extrair o melhor da equipe brasileira. Não por acaso, inspirou Ricardinho na missão de capitanear o time.

- As pessoas até se surpreendem, mas apesar de não ser da posição que eu jogo, eu me inspirei muito no Fábio, que era nosso goleiro e hoje é nosso treinador. Por dois aspectos: por ser um goleiro diferenciadíssimo, e porque ele era uma pessoa, e ainda é, muito diferenciado no aspecto liderança, joga o grupo pra cima e cresce muito na hora das adversidades. Fui tomando aquilo como exemplo. Aprendi muito com ele - revelou o craque três vezes eleito o melhor do mundo.

Em Lima, o primeiro desafio de Fabio, Ricardinho e companhia será justamente a Colômbia, adversário que vem crescendo como potencial seleção candidata ao ouro em Parapans. A partida será nesse sábado (24) às 19h30 (de Brasília).

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