Brasil
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE

Por Alessandra Saraiva, Bruno Villas Bôas e Gabriel Vasconcelos, Valor — Rio


Com os impactos das medidas de isolamento social para conter a pandemia, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 9,7% no segundo trimestre deste ano, na comparação com os três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor do PIB totalizou R$ 1,653 trilhão no trimestre.

Trata-se do pior desempenho trimestral do PIB desde o início da série iniciada em 1996. Segundo o instituto, foram adotados tratamentos específicos nos resultados do segundo trimestre para refletir os impactos das medidas de isolamento social para enfrentamento da pandemia, especialmente nos serviços prestados pelo setor público. De janeiro a março, o PIB do país encolheu 2,5%, mais do que o informado inicialmente.

O resultado veio um pouco pior que a mediana apurada pelo Valor Data com 49 consultorias e instituições financeiras, que apontava para queda de 9,2% do PIB no período. As projeções variavam de queda de 11,3% a recuo de 7%.

Na comparação com o segundo trimestre de 2019, o PIB teve queda de 11,4% de abril a junho. Por essa base de comparação, a mediana das projeções de analistas ouvidos pelo Valor Data era de retração de 10,5%. O recuo também foi o mais intenso da série, iniciada em 1996.

Oferta

Na passagem do primeiro para o segundo trimestre, entre os segmentos, a maior queda foi na Indústria (-12,3%), seguida por Serviços (-9,7%), o componente de maior peso no PIB pela ótica da produção. Dentro do setor de serviços, os destaques negativos ficaram com o comércio, com recuo de 13%; transportes, com um tombo de 19,3%; e administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social, com queda de 7,6%.

Nos dois casos, o segundo trimestre deste ano foi o pior da série histórica. A expectativa dos consultados pelo Valor Data era de recuo de 12,8% e de queda de 9%, respectivamente.

A Agropecuária, por sua vez, apresentou variação positiva nos três meses até junho, de 0,4%. No primeiro trimestre, o valor adicionado da agropecuária havia crescido 0,5% (dado revisado de alta de 0,6%). O resultado ficou abaixo da mediana esperada pelos analistas, de 1,2% de elevação. Ante o mesmo período de 2019, o PIB agropecuário cresceu 1,2% no segundo trimestre — abaixo do esperado pelos economistas, de alta de 2,4%.

No confronto com o intervalo de abril a junho de 2019, a Indústria teve baixa de 12,7%, a mais intensa da série histórica nesta de comparação, e os Serviços declinaram 11,2%. Já a Agropecuária registrou expansão de 1%, "o que pode ser explicado, principalmente, pelo desempenho de alguns produtos da lavoura que possuem safra relevante no segundo trimestre e pela produtividade", como destaca o IBGE.

Demanda

Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias caiu 12,5% no segundo trimestre, ante os três meses anteriores, afetado pelo isolamento social, pela precaução dos consumidores e pelo desemprego. Os analistas esperavam um recuo 9,8%. Perante o intervalo de abril a junho de 2019. o consumo das Famílias teve contração de 13,5%, a maior queda registrada na série histórica.

Outro resultado ruim foi o da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas, construção civil e pesquisa), que cedeu 15,4% entre abril e junho, ante os três primeiros meses de 2020 e 15,2% em relação há um ano.

Já o consumo do governo teve queda de 8,8% no segundo trimestre, em relação aos três meses antecedentes, feito o ajuste sazonal. Foi o pior resultado desde a queda de 15% no quarto trimestre de 1996. Perante os três meses até junho de 2019, essa despesa encolheu 8,6%.

Analistas consultados pelo Valor Data estimavam retração de 20,2% dos investimentos e estabilidade para o consumo do governo.

A taxa de investimento atingiu 15% do PIB entre abril e junho e, a taxa de poupança, 15,5%, a primeira alta para um segundo semestre desde 2013.

Setor externo

No setor externo, as exportações cresceram 1,8% no segundo trimestre deste ano, enquanto as importações tiveram queda de 13,2% frente aos três meses anteriores. No primeiro trimestre, as exportações haviam recuado 1,3%, dado revisado de queda de 0,9%, e as importações tinham subido 0,8%.

A mediana apurada pelo Valor Data era de alta de 2,8% para as exportações e recuo de 7,2% para as importações, uma contribuição positiva do setor externo para o resultado do PIB do período.

Em relação ao segundo trimestre de 2019, as exportações apresentaram avanço de 0,5% e as importações apresentaram retração de 14,9%.

 — Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
— Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Esse bom momento da demanda na Europa, América Latina e nos Estados Unidos, contudo, destoa da dinâmica na China, pondera diretor comercial de celulose da companhia, Alexandre Nicolini

Demanda por celulose de fibra curta está acima do que a Klabin pode entregar no momento, diz diretor

O chefe da autoridade monetária ressaltou que deseja fazer a transição mais suave possível e que ele apoiou a lei de autonomia que diz a escolha de seu sucessor é do governo.

Campos Neto: 'Este governo está tendo que conviver com um presidente do BC que não foi indicado por ele'

Banco central anunciou que planeia oferecer às empresas o mesmo tipo de títulos denominados em dólares

Argentina facilitará remessas em passo para liberar câmbio

Presidente da credenciadora destacou investimento na força comercial para atuação via canal bancário, em meio à queda no volume de pagamentos processados

Reforço comercial levará cerca de 6 meses para atingir maturidade, diz Cielo

As expectativas de inflação, por sua vez, mostraram aumento para o curto prazo

Índice de sentimento do consumidor nos EUA cai em abril, aponta universidade

Governo optou por não definir prazo máximo das dívidas inadimplidas porque são justamente para débitos mais antigos, com menor probabilidade de renegociação, que os bancos podem ser mais agressivos nos descontos, apurou o Valor

Desenrola Pequenos Negócios deve começar na próxima semana com descontos de até 90% nas dívidas

Governo federal foi responsável pela maior parte da necessidade de financiamento (6,9%), seguido por governos estaduais (0,9%) e municipais (0,2%)

Necessidade de financiamento cresceu de 4% para 7,6% do PIB em 2023, diz Ministério da Fazenda

Investidores calibram suas apostas para a política monetária no Brasil e nos EUA

Dólar e juros futuros recuam e Ibovespa sobe após IPCA-15 abaixo das projeções e inflação PCE nos EUA em linha