Com os impactos das medidas de isolamento social para conter a pandemia, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 9,7% no segundo trimestre deste ano, na comparação com os três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor do PIB totalizou R$ 1,653 trilhão no trimestre.
Trata-se do pior desempenho trimestral do PIB desde o início da série iniciada em 1996. Segundo o instituto, foram adotados tratamentos específicos nos resultados do segundo trimestre para refletir os impactos das medidas de isolamento social para enfrentamento da pandemia, especialmente nos serviços prestados pelo setor público. De janeiro a março, o PIB do país encolheu 2,5%, mais do que o informado inicialmente.
O resultado veio um pouco pior que a mediana apurada pelo Valor Data com 49 consultorias e instituições financeiras, que apontava para queda de 9,2% do PIB no período. As projeções variavam de queda de 11,3% a recuo de 7%.
Na comparação com o segundo trimestre de 2019, o PIB teve queda de 11,4% de abril a junho. Por essa base de comparação, a mediana das projeções de analistas ouvidos pelo Valor Data era de retração de 10,5%. O recuo também foi o mais intenso da série, iniciada em 1996.
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Na passagem do primeiro para o segundo trimestre, entre os segmentos, a maior queda foi na Indústria (-12,3%), seguida por Serviços (-9,7%), o componente de maior peso no PIB pela ótica da produção. Dentro do setor de serviços, os destaques negativos ficaram com o comércio, com recuo de 13%; transportes, com um tombo de 19,3%; e administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social, com queda de 7,6%.
Nos dois casos, o segundo trimestre deste ano foi o pior da série histórica. A expectativa dos consultados pelo Valor Data era de recuo de 12,8% e de queda de 9%, respectivamente.
A Agropecuária, por sua vez, apresentou variação positiva nos três meses até junho, de 0,4%. No primeiro trimestre, o valor adicionado da agropecuária havia crescido 0,5% (dado revisado de alta de 0,6%). O resultado ficou abaixo da mediana esperada pelos analistas, de 1,2% de elevação. Ante o mesmo período de 2019, o PIB agropecuário cresceu 1,2% no segundo trimestre — abaixo do esperado pelos economistas, de alta de 2,4%.