Por Patricia Teixeira, G1 Rio


MC Maneirinho é intimado pela polícia para depor — Foto: Reprodução

O cantor Diogo Rafael Siqueira, de 25 anos, o MC Maneirinho, foi intimado a prestar depoimento em uma delegacia do Rio sobre uma investigação que apura apologia ao crime. Ao G1, o funkeiro disse que nunca esteve envolvido em atos ilícitos e que o trabalho dele consiste em fazer arte.

"Não sei do que se trata essa intimação, mas acho um absurdo ter que ir depor se não fiz nada de errado. Tudo que já cantei eu já vi ou vivi. Não sou envolvido com drogas, não sou fichado pela polícia. Escuto proibidão desde pequeno e nunca peguei em uma arma, nunca influenciou minha educação e nunca cometi crime por isso", comentou o cantor.

Maneirinho foi DJ e produtor do Bonde das Maravilhas, e também produziu músicas para o cantor Nego do Borel. Ele trabalha como músico desde 2009, mas estourou em 2013, com canções tocadas nas rádios. Maneirinho também produziu músicas como "Chefe é chefe, né pai" e "Saudade da minha ex".

Questionado sobre letras de músicas consideradas "sensíveis", que falem sobre drogas e crime, o artista foi enfático ao explicar que canta o que presencia no seu dia a dia. Maneirinho é nascido e criado no Morro do Serrão, em Niterói, na Região Metropolitana.

"Assim como eu, outros artistas e todo MC funkeiro vai ter que falar da realidade em que vive, e, muitas vezes, o crime e as drogas estão no contexto em que vivemos. Não moramos em Copacabana, no Leblon, nossa realidade é outra", argumentou Maneirinho.

De acordo com o cantor, suas músicas não fazem apologia ao crime.

"A gente faz o que o Padilha e o Wagner Moura já fizeram, que é interpretar a realidade. Filmes e séries gravam em favelas, mostram armas, drogas e ganham prêmios. Mas quando isso é feito por nós, artistas moradores das comunidades, somos apontados como criminosos", acrescentou.

MC Maneirinho contratou advogados para saber do que se trata a intimação.

"Vamos tentar entender por que estou sendo chamado para depor. Nunca segurei arma, nunca vendi droga, por que vou ficar de frente para um delegado? Hoje em dia, todas as plataformas de músicas têm classificação etária. Não posso ter acusado por apologia por estar com um microfone na mão, porque a gente não é bandido. A culpa de existir tráfico de drogas não é nossa. Existe a liberdade de expressão e eu faço música, faço arte", disse ele.

Em nota, a Secretaria de Polícia Civl informou que "a Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) instaurou procedimento para apurar eventual prática do crime de apologia ao crime, a partir de notícia crime apresentada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj)".

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