Cinco prefeitos que tiveram contato com pastores envolvidos no escândalo que culminou com a queda de Milton Ribeiro do Ministério da Educação (MEC) detalharam hoje os episódios nos quais houve suposto pedido de propina por parte dos religiosos.
Dos cinco prefeitos ouvidos na Comissão de Educação do Senado, três reafirmaram que ouviram pedido de vantagem indevida por parte do pastor Arilton Moura. Outros dois admitiram o contato com os pastores, mas negaram qualquer tratativa de propina.
Ao final das oitivas, o presidente da comissão, senador Marcelo Castro (MDB-PI), definiu como "coincidência", em tom de ironia, o fato de que os prefeitos que admitiram ter ouvido pedido de propina - e que alegam ter rejeitado a oferta - não terem recebido nenhum empenho do governo.
Já os que negaram o achaque dos pastores, continua o senador, tiveram valores empenhados, mesmo que em um percentual pequeno. Castro sugeriu tratar-se de uma espécie de golpe nos prefeitos, pelo qual o governo faria um empenho mínimo para que a propina pudesse ser paga.
Segundo os relatos de alguns prefeitos, uma parte da propina era paga na hora e outra, maior, após o empenho dos recursos no Orçamento. "Eles pegam uma escola de R$ 3 milhões e empenham só R$ 200 mil. Isso aqui é vender terreno na lua, é passa-moleque, é enganar trouxa", disse Castro.
"Todos os prefeitos que disseram não ter aceitado dar propina não tiveram nenhum recurso empenhado", continuou o senador, ao lembrar que aqueles que negaram qualquer abordagem ilícita dos pastores receberam empenhos.
Kelton Pinheiro, de Bonfinópolis (GO), reafirmou que o pastor Arilton Moura pediu R$ 15 mil de adiantamento para intermediar pleitos no MEC e R$ 50 mil em compra de bíblias. Segundo ele, o pastor Gilmar Santos teria dito que tinha "um canal interessante" no MEC e que o ministro seria um "irmão de fé".
José Manoel de Souza, Boa Esperança do Sul (SP), relatou um pedido semelhante, mas de R$ 40 mil. O prefeito de Luis Domingues (MA), Gilberto Braga, disse que Moura lhe pediu um adiantamento de R$ 15 mil e uma barra de 1 kg de ouro após o empenho dos recursos pelo MEC.
Já Hélder Aragão, de Anajatuba (MA), e Calvet Filho, de Rosário (MA), negaram qualquer pedido de propina, apesar de terem confirmado contato com os pastores.