Por SP2 — São Paulo


Federação das Santas Casas teme colapso nos próximos meses por falta de recursos

Federação das Santas Casas teme colapso nos próximos meses por falta de recursos

A Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo afirmou que teme um colapso na área da saúde e no atendimento SUS nos próximos meses por falta de recursos.

O assunto veio à tona depois que o Hospital AC Camargo, referência no tratamento do câncer em São Paulo, informou que deixará de atender pacientes a partir de dezembro deste ano devido à desatualização da tabela de repasses do SUS.

Segundo Edson Rogatti, presidente da Fehosp, o que se recebe do governo federal é pouco para manter as portas abertas.

"Alguma coisa tem que ser feita porque, se nada for feito, eu não sei o que vai acontecer. Acho que vai ter um colapso no atendimento", disse ao SP2.

De acordo com a federação das Santas Casas, elas são responsáveis por 80% dos procedimentos de alta complexidade. Com o aumento dos gastos, provocado pela alta da inflação, pelo menos 20 hospitais já demonstraram interesse em reduzir o atendimento. Entre elas, as Santas Casas de Marília, Franca e a da capital. Em todo o estado há 409 unidades.

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Organizações Sociais aponta que, nos últimos dois anos, o preço médio de materiais usados pelos hospitais subiu 528%. Já o preço de medicamentos usados em hospitais do SUS registrou alta de 410%, em diferentes estados.

Ainda de acordo com o levantamento, um lote com 15 produtos de materiais médico-hospitalares, entre eles agulhas, máscaras cirúrgicas, luvas, entre outros, custava em março de 2020 mais de R$ 3.866,08.

A TV Globo pediu um posicionamento para o Ministério da Saúde sobre os repasses do SUS e sobre a possibilidade de uma atualização na tabela de valores, mas não houve retorno até a publicação da reportagem.

O Hospital A.C. Camargo, especializado no tratamento do câncer em São Paulo. — Foto: Divulgação

Grande São Paulo

Na região metropolitana, as prefeituras de Osasco, Guarulhos, Santo André e Mauá relataram dificuldades para manter o atendimento da população, por conta da defasagem da tabela SUS.

O valor dos procedimentos não é reajustado há 15 anos, desde 2007, segundo a Secretaria Estadual da Saúde.

Interior do estado

O problema com a tabela do SUS também atinge hospitais no interior do estado. Em abril deste ano, o Hospital de Esperança, em Presidente Prudente, também referência no atendimento a pacientes com câncer, anunciou um déficit mensal de R$ 2 milhões.

O hospital começou a atender pacientes do SUS neste ano. A direção da unidade explicou que o valor repassado não cobre os custos e demitiu 180 trabalhadores.

Segundo o governo do estado, R$ 1 bilhão é destinado para complementar o custo de procedimentos pagos pela tabela SUS, um recurso que, segundo a administração estadual, faz falta para ampliar o atendimento à população.

Com esse dinheiro, o estado afirma que daria para construir 10 hospitais como o Mário Covas, em Santo André.

Hospital AC Camargo

A Instituição decidiu não renovar o contrato com a prefeitura. Fundado em 1953, o hospital é mantido pela Fundação Antônio Prudente e recebe pacientes da rede particular e pública.

Em nota, anteriormente a secretaria municipal da Saúde afirmou que foi informada pela Fundação sobre a intenção de interromper o convênio a partir de 9 de dezembro.

A pasta alega tem realizado reuniões com a instituição a fim de avaliar a possibilidade da continuidade da assistência à população.

A secretaria da Saúde ainda afirma, entretanto, que assistência em oncologia aos pacientes da rede municipal seguirá por meio dos demais prestadores municipais do serviço na especialidade.

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