Morreu nesta terça-feira , aos 93 anos, o visionário produtor fonográfico Creed Taylor, fundador dos selos Impulse! e da gravadora CTI e responsável por discos que levaram a bossa nova para o mercado global — caso de '"Getz/Gilberto", LP de 1964 do saxofonista americano Stan Getz e João Gilberto, que foi grande sucesso mundial com faixas como "The girl from Ipanema". A causa da morte não foi divulgada.
Ao longo de uma carreira de 50 anos que rendeu quase 300 álbuns, o dom de Creed Taylor como produtor musical foi tirar o melhor proveito dos músicos de jazz no estúdio de gravação. A partir dos anos 1960, ele foi além do jazz de seu país, contratando artistas da bossa nova do Brasil para gravar nos EUA, incluindo, além de João, Tom Jobim, Eumir Deodato, Astrud Gilberto e Airto Moreira.
Nascido em Lynchburg, na Virginia, Creed Taylor começou a sua vida musical como trompetista em bandas de jazz. Depois de ouvir gênios como o saxofonista Charlie Parker e o trompetista Dizzy Gillespie, ele viu que nunca seria tão bom instrumentista e decidiu voltar-se para a produção de discos.
Depois de uma bem-sucedida passagem pelo selo Bethlehem, onde ajudou a popularizar a cantora Carmen McRae, o baixista Charles Mingus e o flautista Herbie Mann, ele chamou a atenção da gravadora ABC- Paramount, onde acabaria fundando o Impulse! — selo que virou a casa da "nova onda do jazz" com artistas como o saxofonista John Coltrane e LPs com capas duplas, ornadas por belas fotos e elegantes grafismos.
Creed Taylor deixou a Impulse! em 1961, ao aceitar um emprego na gravadora Verve. Lá, ele introduziu a bossa nova nos Estados Unidos com destaque através de gravação de "Getz/Gilberto". Tudo aconteceu porque a bossa tinha chamado a atenção do guitarrista de jazz Charlie Byrd enquanto ele estava em turnê no Brasil. Ao ouvir o amigo comentar a novidade, Taylor resolver ir atrás daqueles artistas: João Gilberto, Tom Jobim e Astrud Gilberto, que acabaram gravando em "Getz/Gilberto".
Em 1967, trabalhando na A&M Records, Creed Taylor criou a CTI, selo que se destacou no cenário do jazz da década de 1970, por sua capacidade de equilibrar o artístico com o comercial.
Foi na CTI que o pianista e arranjador Eumir Deodato se tornou uma estrela pop com o disco "Prelude", famoso pela recriação funk de "Also Sprach Zarathustra", tema de Richard Strauss que havia sido usado pouco tempo antes no filme "2001: uma odisseia no espaço" (o single com a faixa de Deodato chegou ao segundo lugar das paradas americanas). Tom Jobim e o percussionista Airto Moreira foram outros brasileiros que gravaram para o selo.