Não entendi nada: Manoel de Barros mentiu pra mim, em vida? Logo eu, que presenciei um quase-milagre, quando ele se dispôs a autografar seus livros no "Sempre Um Papo", ali pela década de 80, em Belo Horizonte? E por duas vezes? Graças, confesso, à querida Cassia Kiss, que falava seus poemas com o poeta a tiracolo. Logo ele, autor de uma das frases mais geniais que conheço? (E que só vou falar no final deste textículo).
É o seguinte: a Editora Record, até pouco tempo, tinha em seu catálogo "a obra completa de Manoel de Barros". São livros lindos, impressos em papel pólen bold 90 gramas, capa com pinturas em óleo da sua contemporânea, a artista plástica pantaneira Wega Nery. Um primor, um luxo, uma beleza de edição, composta de uns 10 livros.
Agora vem a notícia que a Alfaguara vai lançar, no caso, relançar, a obra completa do mesmo poeta (ou será outro ?). Não aguentei. Fui na biblioteca, tirei, fotografei, postei aí em cima, com dedicatória e tudo, para provar que é real. Mas o pior é que invejei. Parece que esta nova edição dos mesmos poemas tem cartas de Mário de Andrade e Drummond, entre outras guloseimas…
Manoel não mentiu, não. Desmentiu, resnegou, comprou lírios e foi ouvir passarinhos assoviar em outra freguesia. E eu vou é ficar com a coleção da Record, mesmo. E evitar, pelo menos por enquanto, livrarias que tenham a coleção da Alfaguara. Senão, vou morrer em uma grana e aumentar a minha biblioteca, que nem mereço. Ah, a frase? A melhor dos mundos: “a reta é uma curva que não sonha". Passem bem.