Por Memória Globo

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Um dos maiores dramas da Europa Oriental no final do século XX teve como palco a Iugoslávia, nação erguida no pós-guerra com a união de seis repúblicas (Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Montenegro e Macedônia), além de duas províncias autônomas (Kosovo e Voivodina). Após quase uma década de conflitos e milhares de mortos e refugiados, a república iugoslava se desmantelou.

Desde 1945, a Iugoslávia vivia sob o regime comunista, estabelecido pelo ditador Josip Broz, o marechal Tito, que fundou a República Federal Socialista da Iugoslávia. Após sua morte, em 1980, os comunistas começaram a perder o controle do país. As divergências entre a Sérvia, principal república da Iugoslávia, e as demais regiões se agravaram. 

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc sobre a cobertura da Guerra da Iugoslávia em 1991, com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a cobertura da Guerra da Iugoslávia em 1991, com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Em 25 de junho de 1991, depois de um plebiscito, a Eslovênia e a Croácia declararam independência. Slobodan Milosevic, eleito presidente da Sérvia em 1989, não aprovou a autonomia das duas repúblicas e teve início uma sangrenta guerra civil. Em 8 de julho de 1991, a Iugoslávia firmou acordo de paz com a Eslovênia. Logo em seguida, entretanto, o exército invadiu a Croácia e, com a ajuda das milícias sérvias locais, passou a ocupar um terço de seu território.

A Comunidade Européia e a ONU intervieram no conflito, que durou até janeiro de 1998, quando os territórios ocupados pelos sérvios foram entregues definitivamente à administração croata. 

Seguindo os passos da Eslovênia e da Croácia, a Bósnia-Herzegovina também declarou sua independência. Num referendo realizado em fevereiro de 1992, a maioria da população votou a favor da soberania, enquanto os sérvios defenderam a permanência da república na Iugoslávia. Com isso, começaram os confrontos na capital Sarajevo, em que integrantes de diferentes culturas e religiões destruíram-se uns aos outros.

A Iugoslávia não participou oficialmente do conflito, mas forneceu apoio financeiro e militar às milícias sérvias, que rapidamente controlaram mais da metade da república. Iniciou-se uma “limpeza étnica” das áreas ocupadas, e campos de concentração começaram a surgir. A situação em Sarajevo chamou a atenção da comunidade internacional, que via todos os dias imagens chocantes do conflito. A população civil da Bósnia estava sendo dizimada, praticamente ao vivo, diante das câmeras das inúmeras redes de televisão. 

A província autônoma de Kosovo, de maioria albanesa, também entrou em guerra com o exército iugoslavo, comandado por Slobodan Milosevic. A região declarara sua independência em 1991, mas não obteve o reconhecimento da comunidade internacional. Desde o fim da guerra na Bósnia, em 1995, a tensão entre albaneses separatistas e sérvios aumentou. E, em 1998, os confrontos entre as forças de segurança sérvias e o Exército de Libertação de Kosovo (ELK) se intensificaram.

Quando os separatistas já controlavam parte da província, o governo central da Iugoslávia, sob o comando de Slobodan Milosevic, acabou com a autonomia de Kosovo, fechou o parlamento e colocou suas tropas em ação. Cerca de um milhão de albaneses deixaram suas casas em direção a países vizinhos, expulsos pelos sérvios. Após uma tentativa fracassada de assinar um acordo de paz, a Otan atacou a Iugoslávia em março de 1999. 

EQUIPE E ESTRUTURA

Os correspondentes do escritório da Globo em Londres ficaram à frente dessa cobertura jornalística. Logo após o início dos ataques a Eslovênia, o repórter Silio Boccanera e o cinegrafista Luiz Demétrio Furkin foram enviados à república iugoslava. Durante o período em que permaneceu lá, a equipe mandou material para o Jornal Nacional e Fantástico.

A Globo não enviou nenhum correspondente internacional para a Croácia, e a cobertura da emissora foi feita basicamente com imagens produzidas pelas agências de notícias internacionais. 

Em abril de 1993, quando o conflito na Bósnia completou um ano, os correspondentes Pedro Bial e Sergio Gilz acompanharam um vôo noturno da ONU para a distribuição de alimentos à população. No ano seguinte, em julho, os dois viajaram à Sarajevo para produzir um Globo Repórter sobre a guerra. Durante os 20 dias em que permaneceram na cidade, não enviaram material para os telejornais diários por causa do alto custo das transmissões e das dificuldades locais.

Em junho de 1995, os correspondentes Silio Boccanera e Paulo Pimentel fizeram uma viagem de ônibus entre Belgrado, a capital sérvia, e Pale, cidade próxima à Sarajevo. A reportagem produzida pela dupla foi exibida pelo Fantástico. Ainda naquele mês, enviados especiais da Globo acompanharam a libertação de militares brasileiros sequestrados pelos sérvios. Valéria Sffeir entrevistou o capitão João Baptista Leonel Filho, na Bósnia, e Silio Boccanera conversou com o capitão Harley Alves em Zagreb, na Croácia.

Durante a guerra em Kosovo, os correspondentes Ana Paula Padrão e Sergio Gilz estiveram duas vezes na região. Em abril de 1999, pouco depois da Otan iniciar seus ataques, a equipe da Globo foi enviada à Macedônia. E, em junho, após o acordo de paz, desembarcaram na capital Pristina.

Reportagem de Silio Boccanera na Bósnia, aonde famílias muçulmanas foram expulsas de suas casas por tropas sérvias e mulheres daquela religião sofreram estupros coletivos. Jornal Nacional, 27/02/1993.

Reportagem de Silio Boccanera na Bósnia, aonde famílias muçulmanas foram expulsas de suas casas por tropas sérvias e mulheres daquela religião sofreram estupros coletivos. Jornal Nacional, 27/02/1993.

ESLOVÊNIA

No final de junho, poucos dias após o início dos ataques à Eslovênia – primeira república a ser bombardeada pelo Exército iugoslavo controlado pelos sérvios –, o correspondente Silio Boccanera e o cinegrafista Luiz Demétrio Furkim foram para Liubliana, capital eslovena.

Durante uma semana, a equipe da Globo enviou matérias para o Jornal Nacional e o Fantástico mostrando a situação do país durante o conflito entre as forças locais e as tropas federais. Os repórteres foram até o aeroporto da cidade, onde eram grandes os estragos causados pelos bombardeios. Nas estradas ao sul da Eslovênia, ficaram no meio do fogo cruzado, mas conseguiram captar imagens impressionantes dos ataques da Força Aérea iugoslava sobre os rebeldes eslovenos.

“Nós estávamos próximos a uma área onde também o silêncio estava desagradável, mas tinha havido movimento de tanques por ali. E de repente veio um tiroteio para cima da gente, exatamente na hora em que a gente tinha armado a câmera. Eu peguei o microfone e, no que eu ia começar a falar, veio o tiroteio. O cinegrafista imediatamente se jogou no chão, todos nós nos jogamos no chão, mas a câmera continuou ligada”, relembra Silio Boccanera.

Durante reportagem de Silio Boccanera e do cinegrafista Luis Demétrio Furkin na Eslovênia, os repórteres se veem em meio a um fogo cruzado. Jornal Nacional, 02/07/1991.

Durante reportagem de Silio Boccanera e do cinegrafista Luis Demétrio Furkin na Eslovênia, os repórteres se veem em meio a um fogo cruzado. Jornal Nacional, 02/07/1991.

Reportagem de Silio Boccanera com imagens de Luis Demétrio Furkin sobre os conflitos gerados a partir da declaração de independência da Croácia e da Eslovênia. Jornal Nacional, 26/06/1991.

Reportagem de Silio Boccanera com imagens de Luis Demétrio Furkin sobre os conflitos gerados a partir da declaração de independência da Croácia e da Eslovênia. Jornal Nacional, 26/06/1991.

PROMESSA DE PROVER

A guerra na Bósnia completou um ano em abril de 1993. Naquele momento, já havia 135 mil civis mortos, sendo três mil crianças. Mais de um milhão de refugiados não tinham para onde ir. Na ocasião, os correspondentes Pedro Bial e Sergio Gilz acompanharam um dos voos noturnos promovidos pela ONU (Organização das Nações Unidas) para lançar alimentos e medicamentos para a população bósnia, numa operação batizada de “Promessa de Prover”.

No avião, que voava a uma altitude de três mil metros para evitar os bombardeios, os correspondentes aprenderam noções básicas de paraquedismo e tiveram que usar máscaras de oxigênio nos momentos em que os mantimentos eram lançados. Para registrar a missão, Sérgio Gilz foi amarrado a um cabo que permitia que ele chegasse à ponta da rampa, quando a parte traseira do avião se abria para o lançamento das caixas. O voo partiu da Alemanha e durou seis horas e meia, duas delas sobrevoando a Bósnia. A reportagem foi ao ar em 11 de abril no Fantástico.

Reportagem de Pedro Bial e Sergio Gilz sobre a entrega de comida para os civis atingidos pelo conflito na Iugoslávia, Fantástico, 11/04/1993.

Reportagem de Pedro Bial e Sergio Gilz sobre a entrega de comida para os civis atingidos pelo conflito na Iugoslávia, Fantástico, 11/04/1993.

GLOBO REPÓRTER EM SARAJEVO

Pedro Bial e Sergio Gilz presenciaram de perto os horrores da guerra quando foram enviados para Sarajevo, em julho 1994, para a realização de um Globo Repórter. Os dois saíram de Zagreb, capital da Croácia, em um avião da ONU, junto com as tropas de paz.

Sérgio Gilz lembra o episódio: “Havia sempre a possibilidade de o avião ser alvejado, o que nos obrigava a tirar uma das proteções extras dos coletes à prova de bala que tínhamos nas costas e peito e sentar sobre ela. Na chegada, o avião taxiou bem próximo a uma proteção de sacos de areia para que pudéssemos sair com um risco menor de sermos atacados pelas tropas sérvias. O caminho do aeroporto para o hotel era a parte mais difícil. Nesse momento, ficávamos mais tempo expostos aos franco-atiradores”.

Reportagem de Pedro Bial sobre a situação dramática na cidade de Sarajevo, capital da Bósnia, durante a guerra civil na Iugoslávia, Globo Repórter, 23/09/1994.

Reportagem de Pedro Bial sobre a situação dramática na cidade de Sarajevo, capital da Bósnia, durante a guerra civil na Iugoslávia, Globo Repórter, 23/09/1994.

Reportagem de Pedro Bial sobre uma das mais perigosas avenidas de Sarajevo, que ficou conhecida como “Sniper’s Avenue” (avenida dos franco-atiradores), durante a guerra civil na Iugoslávia. Globo Repórter, 23/09/1994.

Reportagem de Pedro Bial sobre uma das mais perigosas avenidas de Sarajevo, que ficou conhecida como “Sniper’s Avenue” (avenida dos franco-atiradores), durante a guerra civil na Iugoslávia. Globo Repórter, 23/09/1994.

Durante cerca de 20 dias, a equipe da Globo percorreu a capital da Bósnia, completamente devastada pelas bombas lançadas sobre a cidade em dois anos de conflito. Apesar de, na época, ter sido estabelecido um cessar-fogo entre sérvios e muçulmanos, diariamente esse acordo era violado. Munidos de capacete e colete à prova de bala, cinegrafista e repórter percorreram as trincheiras acompanhados por militares brasileiros que faziam parte da força de paz da ONU. Em uma dessas ocasiões, uma bomba explodiu a cerca de 20 metros do local onde estavam.

Bial e Gilz registravam momentos dramáticos da população de Sarajevo. Da janela do hotel, puderam gravar imagens de uma das mais perigosas avenidas da capital, que ficou conhecida como “Sniper’s Avenue” (avenida dos franco-atiradores). Homens, mulheres, idosos e crianças atravessavam a rua correndo, temendo serem alvos dos atiradores, que não poupavam ninguém.

Pedro Bial entrevista o capitão do Exército Douglas Bassoli – brasileiro a serviço da ONU em Sarajevo – quando uma bomba explode a 20 metros deles. O evento deixou o repórter com a audição prejudicada. Globo Repórter, 23/09/1994.

Pedro Bial entrevista o capitão do Exército Douglas Bassoli – brasileiro a serviço da ONU em Sarajevo – quando uma bomba explode a 20 metros deles. O evento deixou o repórter com a audição prejudicada. Globo Repórter, 23/09/1994.

Reportagem de Pedro Bial sobre a resistência civil na cidade de Sarajevo, capital da Bósnia, durante a guerra civil na Iugoslávia, Globo Repórter, 23/09/1994.

Reportagem de Pedro Bial sobre a resistência civil na cidade de Sarajevo, capital da Bósnia, durante a guerra civil na Iugoslávia, Globo Repórter, 23/09/1994.

O LADO SÉRVIO

Em maio de 1995, cerca de 400 militares da ONU (entre observadores e soldados da força de paz) foram sequestrados pelos sérvios para serem usados como escudo humano contra os bombardeios da Otan (Aliança Militar do Ocidente). Entre os reféns, estavam dois capitães brasileiros: João Baptista Leonel Filho e Harley Alves.

No mês seguinte, o correspondente Silio Boccanera retornou à região do conflito, dessa vez acompanhado pelo cinegrafista Paulo Pimentel. O objetivo da equipe era ter acesso aos dois militares brasileiros capturados pelos sérvios. Para isso, os dois foram de ônibus de Belgrado a Pale, cidade a 16 quilômetros de Sarajevo, considerada a capital dos sérvios bósnios. A viagem durou nove horas, durante as quais Silio Boccanera também procurou mostrar o lado sérvio do conflito, entrevistando mulheres que perderam seus filhos e maridos na guerra. A reportagem foi ao ar no Fantástico de 11 de junho.

Silio Boccanera e Paulo Pimentel já estavam de volta a Londres quando, em 7 de junho, parte dos reféns, entre eles o capitão brasileiro João Baptista Leonel Filho, foi libertada. Na ocasião, a correspondente Valéria Sffeir foi enviada à Bósnia.

Quando o capitão Harley Alves foi libertado, após três semanas de cativeiro, Silio Boccanera foi a Zagreb, capital da Croácia, para entrevistá-lo. A reportagem foi exibida pelo Jornal Nacional em 19 de junho.

Reportagem de Silio Boccanera sobre a viagem que fez de Belgrado até Pale, cidade próxima a Sarajevo, onde dois soldados brasileiros estavam presos como reféns, junto com outros 400 soldados da ONU. Fantástico, 11/06/1995.

Reportagem de Silio Boccanera sobre a viagem que fez de Belgrado até Pale, cidade próxima a Sarajevo, onde dois soldados brasileiros estavam presos como reféns, junto com outros 400 soldados da ONU. Fantástico, 11/06/1995.

Entrevista de Silio Boccanera com o capitão Harley Alves, libertado após ter sido mantido refém pelos sérvios durante a guerra civil da Iugoslávia, Jornal Nacional, 19/06/1995.

Entrevista de Silio Boccanera com o capitão Harley Alves, libertado após ter sido mantido refém pelos sérvios durante a guerra civil da Iugoslávia, Jornal Nacional, 19/06/1995.

O ACORDO DE PAZ

No final de 1995, depois de quase quatro anos de guerra civil na Iugoslávia, mais de 200 mil mortos e 2,5 milhões de refugiados, chegou-se finalmente a um acordo de paz. O “Acordo de Dayton”, cidade norte-americana onde foram realizadas as negociações, dividiu a Bósnia em duas: Federação Croato-Muçulmana e República Sérvia da Bósnia. A capital Sarajevo ficou sob controle muçulmano.

Em 21 de novembro, dia em que foi anunciado o acordo de paz, o Jornal Nacional encerrou seu noticiário com uma edição das imagens que marcaram o mundo durante aqueles quatro anos ao som da música Miss Sarajevo, cantada por Luciano Pavarotti e Bono, vocalista da banda irlandesa U2. A canção pedia paz.

GUERRA DE KOSOVO

O conflito em Kosovo eclodiu em março de 1999, quando a Otan iniciou seus ataques a Iugoslávia. Os principais telejornais da Globo acompanharam a guerra com reportagens de seus correspondentes em Nova York e em Londres. No início, havia certa dificuldade de obter imagens do conflito, uma vez que as TVs estrangeiras e as agências de notícia tiveram seus equipamentos de transmissão confiscados pelo governo de Slobodan Milosevic.

Em abril, uma equipe da Globo foi enviada à Macedônia, onde pode acompanhar o drama dos albaneses que fugiam da guerra. Ana Paula Padrão e Sergio Gilz visitaram um dos maiores campos de refugiados, onde viviam cerca de 60 mil pessoas. A repórter entrevistou crianças órfãs e mulheres que foram estupradas pelos sérvios. Segundo um militar da Macedônia entrevistado pela correspondente, muitos albaneses foram colocados num campo de concentração pelo exército iugoslavo. As reportagens também mostraram uma vila albanesa no norte da Macedônia onde a guerra ainda não havia chegado.

Reportagem de William Waack, sobre a chegada das forças de paz da OTAN em Pristina, capital de Kosovo. Fantástico, 13/06/1999.

Reportagem de William Waack, sobre a chegada das forças de paz da OTAN em Pristina, capital de Kosovo. Fantástico, 13/06/1999.

A equipe da Globo fez o caminho de volta dos refugiados, partindo da fronteira da Macedônia em direção a Kosovo. Foi a primeira equipe de TV brasileira a entrar na região do conflito. A reportagem, exibida no Jornal Nacional em 12 de abril, mostrou uma ponte atingida por um míssil da Otan, a 250 quilômetros de Belgrado.

Em 10 de junho, foi assinado um acordo para encerrar o conflito, que já durava 80 dias. A partir de então, a província passou a ser administrada pela ONU. Apenas nove anos depois, em fevereiro de 2008, Kosovo se tornou um país soberano, tendo sua independência reconhecida pelos Estados Unidos e países da Europa.

O correspondente William Waack, que cobria a guerra pela Globo News, estava na capital Pristina, quando as tropas de paz chegaram. Apesar de ainda resistirem à ocupação internacional, os sérvios começavam a abandonar suas casas. “A guerra acabou, o ódio étnico, não”, explicou Waack em sua reportagem exibida pelo Fantástico em 13 de junho.

Ainda em junho, a repórter Ana Paula Padrão, o cinegrafista Sergio Gilz e a produtora Guta Nascimento voltaram a Kosovo, dessa vez para mostrar o retorno da população albanesa às suas casas, enquanto a minoria sérvia fugia da província. A equipe da Globo chegou a visitar um território ainda ocupado pelos sérvios ao norte da província.

Reportagem de Silio Boccanera e Paulo Pimentel, que fizeram o trajeto Belgrado-Pale (vizinha de Sarajevo) mostrando a história, na versão sérvia, do que que ficou conhecido na região como “limpeza étnica” contra os muçulmanos. Fantástico, 11/06/1995.

Reportagem de Silio Boccanera e Paulo Pimentel, que fizeram o trajeto Belgrado-Pale (vizinha de Sarajevo) mostrando a história, na versão sérvia, do que que ficou conhecido na região como “limpeza étnica” contra os muçulmanos. Fantástico, 11/06/1995.

O FIM DA IUGOSLÁVIA

Após uma década de guerras, motivadas por conflitos étnicos e separatistas, a Iugoslávia foi desmembrada. Com a independência da Croácia, Eslovênia, Macedônia e Bósnia-Herzegovina, apenas as repúblicas da Sérvia e Montenegro permaneceram sob o controle da federação.

Em fevereiro de 2003, o parlamento iugoslavo aprovou a criação de um novo Estado – Sérvia e Montenegro – que substituiu a República Federal da Iugoslávia. Belgrado permaneceu como capital, mas as duas repúblicas passaram a ter sua própria moeda e parlamentos independentes. Em junho de 2006, Montenegro tornou-se um país independente, reconhecido pela ONU.

SLOBODAN MILOSEVIC

Slobodan Milosevic foi deposto em outubro de 2000 após protestos da própria população que o elegera presidente da Sérvia em 1989. Acusado por crimes de guerra contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional, Milosevic foi preso e transferido para Haia, na Holanda, em junho de 2001. No ano seguinte teve início o julgamento. As acusações contra o ex-presidente sérvio incluíam perseguição por motivos de raça e religião, expulsão de 740 mil pessoas da província de Kosovo e massacres cometidos pelas tropas sérvias na guerra da Bósnia, onde morreram mais de 200 mil pessoas.

Em 11 de março de 2006, conforme noticiado no Jornal Nacional, Slobodan Milosevic, “o carniceiro dos Balcãs”, foi encontrado morto no centro de detenção do Tribunal de Haia, na Holanda, onde respondia a processos por crimes contra a humanidade. O correspondente Roberto Kovalick informou que o homem “responsável pelos maiores genocídios na Europa depois da II Guerra Mundial” morreu em sua cela, aparentemente, de causas naturais.

BÓSNIA, DEZ ANOS DEPOIS

Dez anos após o fim da guerra na Bósnia, entre 13 e 19 de dezembro de 2005, o Bom Dia Brasil apresentou uma série de cinco reportagens, produzidas pelos enviados especiais Marcos Uchoa e Sergio Gilz. “Já havia passado uma década, mas o que se via era uma Bósnia dividida ao meio: uma parte era muçulmana, a Bósnia no governo; e outra parte era a chamada Bósnia Sérvia, dos sérvios. Em nome da paz, foram premiados os responsáveis por uma brutalidade absurda. E nós queríamos mostrar isso”, explica Uchoa.

Reportagem de Marcos Uchoa sobre a Bósnia após a guerra civil deflagrada em 1991, Bom Dia Brasil, 13/12/2005.

Reportagem de Marcos Uchoa sobre a Bósnia após a guerra civil deflagrada em 1991, Bom Dia Brasil, 13/12/2005.

Terceira reportagem da série de Marcos Uchoa e Sergio Gilz sobre as possibilidades de conciliação entre sérvios, croatas e muçulmanos nos dez anos do conflito na Bósnia, Bom Dia Brasil, 15/12/2005.

Terceira reportagem da série de Marcos Uchoa e Sergio Gilz sobre as possibilidades de conciliação entre sérvios, croatas e muçulmanos nos dez anos do conflito na Bósnia, Bom Dia Brasil, 15/12/2005.

Última reportagem da série de Marcos Uchoa e Sergio Gilz sobre a situação da Bósnia dez anos após o fim da guerra que assolou o país. Bom Dia Brasil, 19/12/2005.

Última reportagem da série de Marcos Uchoa e Sergio Gilz sobre a situação da Bósnia dez anos após o fim da guerra que assolou o país. Bom Dia Brasil, 19/12/2005.

A primeira reportagem analisou a formação da antiga Iugoslávia e traçou o histórico de “uma das guerras mais sangrentas do século XX”. A série revelou, ainda, que dez anos não tinham sido suficientes para curar as feridas e que, mesmo após a volta para casa de milhares de refugiados, o país continuava dividido.

Marcos Uchoa e Sergio Gilz viajaram por diferentes lugares, entre eles, Srebrenica, onde, em julho de 1995, aconteceu o maior massacre em solo europeu depois da Segunda Guerra Mundial. “Os sérvios separaram as mulheres e as crianças e executaram oito mil homens. Hoje, Srebrenica é uma cidade muçulmana, mas rodeada pelos sérvios. As pessoas são obrigadas a conviver com aqueles que mataram seu marido, seu filho, seu pai. Encontramos uma mulher cujo marido e os dois filhos foram mortos. Essa entrevista, sem dúvida, foi muito emocionante. Ela nos contou a história toda, chorando, mostrando fotos e brinquedinhos dos filhos. No final, nos perguntou se tínhamos filho. Quando estávamos indo embora, Segio Gilz deu um abraço e um beijo nela – algo que você jamais faria com uma mulher muçulmana. Eu não tive a coragem do Sergio, que deu primeiro, mas tinha a vontade. Então depois também dei um abraço e um beijo nela. Foi um momento bonito”, relembra Uchoa.

FONTES

Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Marcos Uchoa (27/09/2010, 05/10/2010 e 26/10/2010), Pedro Bial (25/05/2001), Sergio Gilz (10/11/2008), Silio Boccanera (05/04/2004) e William Waack (29/05/2002). Jornal Nacional: a notícia faz história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004; Fantástico, 07/07/1991, 09/08/1992, 11/04/1993, 11/05/1995, 11/04/1999, 28/03/1999, 23/05/1999, 13/06/1999, 20/06/1999, 27/06/1999; Globo Repórter, 23/09/1994; Jornal Nacional, 26/06/1991, 27/06/1991, 28/06/1991, 29/06/1991, 01/07/1991, 02/07/1991, 04/07/1991, 05/07/1991, 06/07/1991, 15/11/1991, 22/04/1992, 27/06/1992, 03/05/1993, 17/05/1993, 09/08/1993, 19/06/1995, 21/11/1995, 24/03/1999, 25/03/1999, 26/03/1999, 29/03/1999, 30/03/1999, 01/04/1999, 07/04/1999, 08/04/1999, 09/04/1999, 10/04/1999, 12/04/1999, 13/04/1999, 14/04/1999, 16/04/199924/04/1999, 26/05/1999, 29/05/1999, 14/06/1999, 15/06/1999, 16/06/1999, 17/06/1999, 18/06/1999, 19/06/1999, 21/06/1999, 22/06/1999, 23/06/1999.
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