• Isaac de Oliveira
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Após duas décadas imersas no universo da moda, Joy Alano, 39 anos, decidiu estruturar todo o conhecimento adquirido na indústria têxtil, como estilista e representante comercial, e criar cursos para ajudar empreendedoras que atuam no segmento de vestuário. O resultado dessa mudança profissional é um público de 1,5 mil alunos e faturamento milionário.

Joy Alano decidiu ensinar proprietárias de marcas de moda a vender mais pelo Instagram (Foto: Acervo Pessoal)

Joy Alano decidiu ensinar proprietários de marcas de moda a vender mais pelo Instagram (Foto: Acervo Pessoal)

“Esquentei a minha barriga em muita mesa de estamparia, botando a mão na massa mesmo”, lembra Alano, natural de Joinville (SC), cidade que é um dos maiores pólos têxteis do Brasil.

Com a aplicação de técnicas que visam ensinar como transformar os stories do Instagram em uma espécie de provador digital, ela diz que os alunos conseguem aumentar em, pelo menos, 15% o faturamento de suas empresas. “As alunas do Provador Fashion começaram a dar depoimentos sobre saltar o faturamento de R$  30 mil para R$ 60 mil. De triplicar o faturamento, de fazer venda todos os dias, de vender R$ 70 mil numa live”, afirma Alano.

O Provador Fashion é o nome do segundo curso criado por ela, em abril deste ano. Já foram iniciadas três turmas até o momento. Antes deste, em 2020, ela havia criado o curso Meu Produto, que ensina a criar uma marca de moda, que somou cerca de 150 alunos.

Com muito mais engajamento que o Meu Produto, o Provador Fashion nasceu de um incômodo da estilista com o conteúdo de moda nas redes sociais, sobretudo o produzido por influenciadoras. Ela explica que, com a pandemia, foi natural a migração da moda para o digital. Porém, a estilista diz que a popularização dos “provadores”, stories usados para exibição e avaliação de produtos, tornou o conteúdo superficial.

“Virou um surto coletivo o ‘eu tô apaixonada nessa blusinha’, ‘que lookinho mais lindo’, ‘um minuto de silêncio’, ‘estou sem palavras’. Toda demonstração de produto era isso”, relembra Alano. “Comecei a ficar extremamente incomodada porque eu sei o trabalho que dá para fazer uma roupa. A criação, a venda, o trabalho da indústria como um todo, para chegar no Instagram e ser resumido a ‘um minuto de silêncio’ ou ‘tô sem palavras’.”

Ela produziu um vídeo sobre o assunto, em tom de sátira, que acabou viralizando. Com o engajamento, ela diz ter percebido uma “dor” entre as pessoas e apostou num curso que aponta para a direção oposta a esse tipo de exibição de produtos.

Ela explica que as aulas são voltadas a ensinar vendas online, no Instagram, a partir da demonstração de produtos, que leva em conta características e benefícios dos materiais, por exemplo. Precisa aparecer todos os dias? Qual a importância da imagem? Como criar autoridade? O que precisa falar? Essas são algumas questões que Alano aborda.

“Eu trago a técnica, ensino sobre tecidos, sobre malha, as diferenças, enfim, todo o contexto que dá segurança para qualquer dona de loja aparecer nos stories sem ter que falar aquelas frases que a gente não aguenta mais ouvir. Nenhuma das minhas alunas fala que está apaixonada pelo produto. Elas provam porque ele é apaixonante. Elas nunca mais vão falar ‘eu isso’, ‘eu aquilo’, porque o foco não é ela, é a cliente”, afirma.

O início

Alano se formou em Moda em 2004 e começou a trabalhar como assistente de estilista na Hering. Depois disso passou por outras companhias, como a Colcci. Nessa trajetória, ela diz que teve acesso amplo aos processos têxteis.

Em 2018, migrou de área e foi trabalhar com representação comercial, vendendo para grandes companhias do setor. A rotina, segundo ela, era exaustiva, com muitas horas de trabalho e quilômetros rodados para encontrar clientes. Mas tinha também o lado positivo.

“Enquanto estilista, você está numa bolha, criando um produto hipotético, que acha que é maravilhoso e incrível. Quando vai para a rua, tem que ser muito resiliente para vender o negócio”, compara Alano. “Eu comecei a representação em 2018. Em 2020, já estava no ranking de representantes que mais vendia. Em primeiro lugar em Santa Catarina e em terceiro nacional, sendo uma estilista”, conta ela.

A rotina como representante, em que ela unia o conhecimento de moda com estratégias de venda, foi transformada em conteúdo para as redes sociais. Foi quando uma amiga sugeriu que Alano começasse a dar aulas sobre o assunto.

Como representante de vendas, ela estima que recebia entre R$ 20 mil e R$ 25 mil ao mês. Ela chegou a conciliar a produção de cursos e o trabalho fixo até fevereiro deste ano. A partir de abril, decidiu se dedicar exclusivamente ao novo negócio, que ela toca com mais uma sócia. Só com o Provador Fashion, Alano diz que já faturou mais de R$ 1 milhão, em cinco meses. 

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