Jogos de ação
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Por , da Redação

God of War: Ragnarok está cada vez mais próximo de seu lançamento. O game, que chega às lojas no dia 9 de novembro para PlayStation 4 (PS4) e PlayStation 5 (PS5), é uma continuação direta do jogo de 2018, trazendo eventos ambientados alguns anos após o final do game anterior. Desta vez, Atreus já é adolescente e está determinado a descobrir seu papel no Ragnarok, o fim do mundo na mitologia nórdica. Kratos, por outro lado, se mostra relutante e deseja se manter discreto nesse mesmo período.

O game já está marcado por muitas expectativas do público e da crítica mesmo antes do lançamento oficial. Além de superar o antecessor, o que já não é uma tarefa nada fácil, muita gente espera que esse seja um dos grandes concorrentes ao troféu de Jogo do Ano no The Game Awards 2023. Contudo, será que a Santa Monica Studios conseguiu entregar uma experiência que justifique todo o hype? O TechTudo jogou God of War: Ragnarok antecipadamente e traz o review completo a seguir. Confira!

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O Ragnarok está chegando

O final do God of War (2018) não é algo que os jogadores esquecem com facilidade. Depois de visitar diversos reinos da mitologia nórdica para espalhar as cinzas da falecida Faye, esposa de Kratos e mãe de Atreus, a dupla finalmente chega a Jotunheim, reino dos gigantes. Lá, eles descobrem diversas profecias que apontam para uma participação ativa de ambos no Ragnarok, o apocalipse nórdico.

O espartano revela então, que a vontade de Faye era batizar Atreus como Loki, fator que indica que o garoto assumirá o lugar do deus da trapaça nesse universo. Kratos, que sabe muito bem o que significa uma guerra dessa magnitude, se mostra relutante à ideia de travar batalhas contra Odin, Thor e os outros deuses Aesir. Afinal, depois de tudo que aconteceu nos primeiros games da série, onde ele foi responsável por aniquilar praticamente todas as divindades gregas, o personagem mostra que aprendeu com os erros e entende as consequências desse tipo de ação.

Kratos e Atreus têm mentalidades diferentes quanto ao papel que devem assumir no Ragnarok — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Kratos e Atreus têm mentalidades diferentes quanto ao papel que devem assumir no Ragnarok — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

God of War: Ragnarok aborda, diretamente, o desdobramento desses acontecimentos. Já nas primeiras horas de game, nos deparamos com um Atreus um pouco mais velho e com um domínio um mais amplo de habilidades mostradas no primeiro jogo. O garoto aprimorou seu estilo de combate, consegue se comunicar com animais, fazer magias e até mesmo começa a explorar, sem muito controle, sua habilidade de transmutação, algo pelo qual Loki é conhecido nos contos da mitologia nórdica. Kratos, por outro lado, continua do jeito que os jogadores bem conhecem – carrancudo, reservado e com um imenso potencial destruidor.

Em termos de narrativa, o jogo adota estratégias muito interessantes para propor algo novo e, ao mesmo tempo, que consiga dialogar com os games predecessores – não apenas o de 2018, mas os da trilogia original também. Vale ressaltar, inclusive, que essa sequência é o último game da saga no universo nórdico e, por isso, é fácil notar os pequenos easter eggs e até mesmo paralelos narrativos que a Santa Monia trouxe para aquecer o coração dos fãs de longa data da franquia.

A primeira hora de God of War: Ragnarok já vai tirar o fôlego de muitos jogadores — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
A primeira hora de God of War: Ragnarok já vai tirar o fôlego de muitos jogadores — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

O início do jogo, por exemplo, lembra muito o de God of War 3. Isso porque, como no título do PlayStation 3 (PS3), GOW Ragnarok já começa frenético e com a rotação acelerada. Nos primeiros minutos do game, Kratos e Atreus são atacados por uma enraivecida Freya, Atreus presencia a morte de um de seus lobos, que se vai em uma cena bastante emocional, e logo em seguida pai e filho começam a discutir sobre seus papéis no Ragnarok.

Nesse meio tempo, já temos mais duas lutas com chefes – uma delas, inclusive, um conflito esperado pelo público e que dialoga diretamente com o embate com Baldur, no jogo em 2018. E isso tudo com talvez uma hora de gameplay. Não há sequer tempo para respirar. Vale lembrar ainda que esse título tem uma pegada bem mais emotiva que o anterior, principalmente por lidar com temas como destino e consequências dos próprios atos.

A morte do lobo Fenrir logo no início do game traz um tom emocional à montanha russa do início no jogo — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
A morte do lobo Fenrir logo no início do game traz um tom emocional à montanha russa do início no jogo — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Diferentemente do antecessor, que tem um começo mais cadenciado e até monótono em alguns momentos, o novo God of War já começa em alta rotação e mostra, desde os primeiros momentos, a que veio. O ritmo é um ponto alto do game, que não tem medo de jogar cartas valiosas já nos primeiros momentos para fisgar o jogador e fazer com que sua expectativa cresça ainda mais. E mesmo passado o período, o jogo se mantém muito competente em equilibrar os momentos de exploração e os de combate, além de saber a hora certa de inserir novos elementos na história e, também, revisitar os antigos.

Mesma base, novas emoções

Como uma sequência direta, é válido mencionar que God of War Ragnarok não traz mudanças radicais, como as que aconteceram na transição entre a trilogia original do PlayStation 2 para o de título de 2018. Na verdade, uma mudança dessa magnitude não é sequer a proposta do game, que focou muito mais em consolidar o que já funcionava e melhorar a experiência como um todo.

Por isso, o game ainda conta com diversos elementos vistos no predecessor e segue lógicas muito parecidas. A base do jogo, por exemplo, foi feita majoritariamente no PS4, como o desenvolvedor Bruno Velazquez contou ao TechTudo em entrevista e, por isso, muito do que foi visto na prequela voltou – porém de forma aprimorada e refinada.

God of War: Ragnarok mantém as bases do que fez o título de 2018 ser um bom jogo. Isso inclui os momentos de canoa e as histórias de Mímir durante os percursos — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
God of War: Ragnarok mantém as bases do que fez o título de 2018 ser um bom jogo. Isso inclui os momentos de canoa e as histórias de Mímir durante os percursos — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

As animações e os golpes básicos, por exemplo, se mantiveram. Contudo, o jogo oferece novas opções de habilidades, que podem ser desbloqueadas conforme a progressão dos personagens. Isso sem mencionar os novos recursos tanto para o Machado Leviatã quanto para as Lâminas do Caos, como segurar o triângulo para aumentar a força dos golpes. Há, também, fatores surpresa que mudam a gameplay da água para o vinho, mas não vamos comentar sobre isso neste review para não estragar a surpresa.

Dito isso, há a possibilidade de fazer novos combos e estabelecer estratégias diferentes para lidar com os inimigos – que também estão bem variados, vale ressaltar. Além disso, o jogo implementou um fator de verticalidade que foi muito bem-vindo, uma vez que ajuda a tornar a gameplay ainda mais dinâmica, seja em relação ao combate ou à exploração. As finalizações também ficaram mais violentas e ajudam a trazer um tom de intensidade ao combate.

God of War: Ragnarok traz novas finalizações - mais violentas - além de verticalidade para os combates — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
God of War: Ragnarok traz novas finalizações - mais violentas - além de verticalidade para os combates — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Outra mudança que vale destacar são as expressões faciais, que melhoraram bastante em relação ao jogo de 2018. Vale lembrar, inclusive, que esse foi um dos pontos refeitos pela Santa Monica para a sequência. Seja em cutscenes ou em cenas renderizadas em tempo real, é muito satisfatório ver como os rostos dos personagens expressam bem os seus sentimentos. Com Atreus, por exemplo, é ainda mais interessante observar, visto que o garoto demonstra mais as emoções – raiva, frustração e pressão, principalmente – do que Kratos. Nada mais natural; afinal, estamos falando de um adolescente e do Fantasma de Esparta.

O design do mapa também é um fator que destaca a preocupação com a Santa Monica em aprimorar o que já era bom. Por diversas vezes durante a jornada, passamos com Kratos e Atreus por lugares que já foram visitados no game de 2018. Contudo, por conta de eventos como o Fimbulwinter, além dos locais terem ganhado uma nova "roupagem" – cheia de neve em Midgard, por sinal –, eles também foram retrabalhados de forma a incentivar novas mecânicas. Isso sem mencionar o fato de que, no novo jogo, as áreas abertas e de exploração livre são mais presentes, sobretudo nos reinos com quais os jogadores não tiveram contato prévio.

God of War: Ragnarok traz áreas mais abertas e convidativas à exploração — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
God of War: Ragnarok traz áreas mais abertas e convidativas à exploração — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Uma narrativa cinematográfica de nuances e complexidades

O roteiro é, sem dúvida, um grande destaque do novo exclusivo da Sony. E isso está longe de se aplicar somente ao que acontece no enredo e ao desenvolvimento dos personagens, propriamente dito. O novo God of War é muito eficiente em trabalhar as dinâmicas entre eles; um fator que acontece, inclusive, muito melhor neste game do que no título de 2018. Não à toa – afinal, nesse jogo, Sindri, Brok, Mímir e até mesmo a própria Freya já são amigos (ou conhecidos) de longa data de Kratos e Atreus, o que ajuda a criar uma química mais envolvente em suas interações.

A interação entre os personagens ficou mais orgânica e interessante na sequência — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
A interação entre os personagens ficou mais orgânica e interessante na sequência — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Isso gera momentos de piadas inesperadas e genuinamente capazes de fazer o jogador dar algumas risadas. Há um trecho, por exemplo, em que Mímir zomba de Atreus por conta de sua barba – ou pela falta dela, mais precisamente. Da mesma forma, a intensidade do ódio de Freya por Kratos parece ainda mais verossímil através das interações entre eles. Sindri e Brok também continuam ajudando a trazer um tom mais divertido ao game, seja nas interações mais amistosas ou simplesmente com a grosseria gratuita do irmão mais rabugento. O grupo de personagens se torna ainda mais interessante com a chegada de Tyr, o deus da guerra nórdico.

Mas nem só em descontração o jogo se baseia. Nesse ponto, entra outro fator que merece ser mencionado: a qualidade das missões secundárias em God of War: Ragnarok. Além delas servirem para aprofundar a história de cada um dos personagens, elas também mostram nuances de suas personalidades, explicitando seus medos, traumas, remorsos e arrependimentos, o que faz com que a representação deles seja bem mais complexa.

Apesar de ainda fazer um excelente papel como alívio cômico, Mímir ganhou uma camada de complexidade em Ragnarok — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Apesar de ainda fazer um excelente papel como alívio cômico, Mímir ganhou uma camada de complexidade em Ragnarok — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Em Svartalfheim, por exemplo, há uma missão em que Mímir pede ajuda para liberar uma criatura que ele mesmo aprisionou há séculos por conta de Odin. Além do desenvolvimento da missão ser desconfortável para o jogador em virtude do sofrimento da criatura, é muito interessante ver como ela complexifica a imagem da 'cabeça', que até então era uma grande responsável pelo fator cômico do jogo. De novo, o jogo explora a questão das consequências dos próprios atos e como elas podem ser ruins, mesmo que as intenções sejam boas.

Além de tudo, essas missões pipocam de forma orgânica e integrada à narrativa do game, o que faz com que o ecossistema do jogo, de maneira geral, funcione muito bem. Um exemplo disso é que, ao chegar a Alfheim, Atreus diz estar escutando um animal em sofrimento. Por um momento, chegamos a acreditar que o problema vai ser resolvido durante a missão principal. Bom, não é. E, mais do que isso: essa sidequest resulta em um dos maiores fan services do game. Não vou dizer qual é para não estragar a surpresa de quem for ler esta matéria. Mas, quem jogou o primeiro God of War, no PlayStation 2, vai se lembrar imediatamente de um dos trechos mais icônicos do jogo, que envolve baixa visibilidade.

Além dos personagens que já conhecemos, os novos, como Angrboda, também se inserem bem ao enredo — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Além dos personagens que já conhecemos, os novos, como Angrboda, também se inserem bem ao enredo — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

É válido mencionar, ainda, que o jogo continua explorando bem a fotografia e a cinematografia. Dessa vez, o belo plano sequência ficou mais técnico, acompanhando diversos personagens e trazendo movimentos de câmera que colocam o jogador como alguém que observa o desenrolar da história. Nos consoles da nova geração, ele ficou ainda mais impressionante usando o poder dos SSDs. É um verdadeiro deleite visual.

Ambientação, gráficos e desempenho

God of War (2018) já tinha gráficos bem impressionantes. Na sequência, essa questão ainda tive upgrades consideráveis, principalmente quanto à textura dos objetos em cena e à resolução do game. Vale mencionar, inclusive, que no PlayStation 5, o jogo possui modos gráficos para jogar priorizando a resolução, com 4K nativo e 30 fps; ou o desempenho, com 4K dinâmico e 60 fps. Caso o jogador disponha de uma televisão ou monitor com suporte a HDMI 2.1, há a possibilidade de ligar o modo High Frame Rate, o que eleva a taxa de quadros para 40 fps no modo resolução e até 120 fps no modo desempenho.

Com a adesão aos SSDs, o entre-mundos da Yggdrasil dura apenas alguns segundos, mas vale a pena parar para olhar  — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Com a adesão aos SSDs, o entre-mundos da Yggdrasil dura apenas alguns segundos, mas vale a pena parar para olhar — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Os modelos dos personagens continuam muito bons, bem como as texturas de pele, cabelos e pelos, no caso dos animais. No entanto, o grande salto gráfico de God of War Ragnarok está na ambientação, que ganhou biomas mais diversos com paletas de cores ainda mais chamativas. Além da neve de Midgard, o jogo oferece reinos com ecossistemas que lembram pântanos, florestas, desertos, montanhas, entre outras possibilidades. Isso sem mencionar os que investem mais na ambientação interna, como Alfheim, e fazem isso de forma magnífica usando cores vibrantes, pontos de luz e reflexos. Esses, inclusive, me parecem contar com tecnologia Ray Tracing.

É válido mencionar, no entanto, que pelo menos na build em que jogamos, ainda há algumas texturas em baixa resolução, sobretudo em pedras, musgos e na pele de alguns inimigos – os reptóides, em especial. Por vezes, durante o jogo, esses elementos destoaram dos personagens principais, mas há grandes chances de que isso mude através de atualizações.

A paleta de cores em God of War: Ragnarok muda da água para o vinho dependendo do reino, o que atenua a sensação de realidades distintas — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
A paleta de cores em God of War: Ragnarok muda da água para o vinho dependendo do reino, o que atenua a sensação de realidades distintas — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Quanto ao desempenho, o jogo já está bem estável, mesmo sem a atualização de primeiro dia. Durante nossa jogatina, notamos apenas um travamento de tela, bugs eventuais, como inimigos atravessados no cenário e animações congeladas, além de alguns delays de textura. Nada que atrapalhasse a experiência, no entanto. De forma geral, o estado do jogo já é sólido e isso tende a melhor com o patch já confirmado pela Santa Monica. O Modo Foto do game, inclusive, vai ser adicionado nessa atualização -- algo que faz falta em um jogo tão bonito.

God of War: Ragnarok vale a pena?

Para quem curtiu o primeiro game, a possibilidade de não gostar do segundo é bastante remota. Afinal, tudo que consolidou o título de 2018 como um jogo histórico está ali e foi aprimorado. O combate fluido, os personagens carismáticos, gráficos incríveis e, claro, a adaptação dos contos da mitologia nórdica para os videogames, fator em que a Santa Monica foi muito competente.

Vale mencionar, no entanto, que não ter jogado God of War (2018) pode acabar comprometendo o entendimento da narrativa e deixando os players perdidos. Isso sem falar no vínculo com os personagens, que deixa de ser criado. O ideal, para quem deseja embarcar no Ragnarok, é jogar, pelo menos, o título predecessor.

God of War: Ragnarok é uma experiência que todo dono de PlayStation deveria experimentar — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
God of War: Ragnarok é uma experiência que todo dono de PlayStation deveria experimentar — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

No mais, Ragnarok é um game excelente e que, no mínimo, é tão bom quanto o primeiro. Se isso vai ser o suficiente para superar títulos como Elden Ring e Horizon: Forbidden West na disputa por Jogo do Ano, ainda não há como saber. Contudo, o jogo é mais uma prova do trabalho criterioso e cheio de carinho desenvolvido pela Santa Monica, que vem fazendo a franquia ser um sinônimo de qualidade há muitos anos.

Seja em termos técnicos, narrativos, ou de gameplay, Ragnarok tem tudo para ser um dos jogos que vão definir uma geração de consoles. Este é, sem dúvidas, um dos raros exemplos que mostram o poder dessa mídia para contar histórias e, também, para fazer com que o jogador seja parte delas.

10

Digno dos deuses

Ragnarok alia o aprimoramento técnico com roteiro competente e entrega experiência madura, capaz de revisitar os games antigos e trazer nostalgia a um encerramento épico.
Enredo
10
Gameplay
10
Gráficos
9.8
Ritmo
10

Veja também: God of War: Ragnarok: veja 30 minutos de gameplay

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