Política
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Por Jeniffer Gularte, Jussara Soares e Fernanda Trisotto — Brasília

Em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, governadores e representantes dos 27 estados do país prestaram solidariedade e ofereceram apoio ao governo federal após ataques terroristas às sedes dos Poderes no domingo. Após a reunião, o grupo, que incluía o presidente dos demais poderes, desceu a rampa do Palácio do Planalto e foi a pé, pela Praça dos Três Poderes, até a sede do Supremo Tribunal Federal (STF).

— Eles querem é golpe e golpe não vai ter. Eles têm que aprender que a democracia é a coisa mais complicada para a gente fazer, porque exige gente suportar os outros, exige conviver com quem a gente não gosta, com quem a gente não se dá bem, mas é o único regime que permite que todos têm a chance de disputar e quem ganhar tem o direito de governar — disse Lula sobre os ataques de domingo.

Lula destaca golpismo das invasões na capital e promete 'descobrir quem financiou' os atos

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Até mesmo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do Distrito Federal, Celina Leão (PP), defenderam a democracia e o diálogo para evitar que novas ações deste tipo ocorram.

— Era muito importante estar presente (na reunião com Lula) no dia de hoje neste ato de solidariedade aos poderes constituídos, ato de solidariedade ao Supremo Tribunal Federal, solidariedade ao Congresso Nacional, a Câmara de Deputados, ao Senado Federal, solidariedade no final das contas à nossa democracia — afirmou o governador de São Paulo: — Essa reunião de hoje significa que a democracia brasileira, depois dos episódios de ontem vai se tornar ainda mais forte .

Lula, ao fim da reunião, lembrou que seu objetivo era reunir ainda em janeiro todos os governadores para tratar das prioridades de cada estado, e provocou Bolsonaro afirmando que "ninguém" lembraria a última vez de uma reunião destas. Em discurso forte em defesa da democracia e do processo eleitoral, Lula afirmou que reunir representantes de todos os estados um dia após os atos terroristas no Planalto era algo muito importante:

— Hoje estamos reunidos por causa mais nobre — disse Lula. — E quis Deus que essa não reunião acontecesse antes dessa que vocês não vieram reivindicar nada. Vieram prestar solidariedade ao país e a democracia.

No discurso, Lula disse que as 1500 detidas após os atos terroristas ficarão presas até o término do inquérito. O presidente disse que não vão parar de investigar nas pessoas que estiveram no ato, que, segundo ele, "possivelmente são vítimas, que possivelmente são massa de manobra, que possivelmente receberam ajuda, lanche, comida para vir aqui protestar".

Lula deixa o Planalto ao lado de Rosa Weber e governadores após reunião

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-- Os mandantes certamente não vieram aqui e nós queremos saber quem financiou, queremos saber quem custeou, quem pagou para as pessoas ficarem tanto tempo, tanto tempo sem trabalho.

Lula disse que não serão "autoritários com ninguém em nome de defender a democracia", mas prometeu uma investigação rigorosa, incluindo os caminhões e ônibus que participaram do movimento.

-- Nós vamos investigar e chegar em quem financiou. Eu tenho certeza que vamos descobrir

— O resultado eleitoral aconteceu e foi respeitado por uma grande parte da sociedade, mas uma parte dos perdedores não aceitou e estão na rua reivindicando o que? Estão na frente dos quartéis em quase todo território nacional. Estão reivindicando golpe. É a única coisa que se ouvia falar. O que estamos fazendo aqui é tentando reparar um defeito que foi criado lá atrás quando se começou a negar tudo nesse país — disse.

Lula ainda acusou policiais de terem sido negligentes nos atos terroristas:

— Havia uma conivência explícita da polícia apoiando os manifestantes. Mesmo aqui no Palácio, soldado do Exército Brasileiro conversando com as pessoas como se fossem aliados 1 criticou o presidente.

O presidente também se colocou como exemplo de democrata:

— Depois da festa democrática, todos fomos pegos de surpresa — disse Lula. — Todas as vezes que eu perdi, voltava para casa. Essa gente passou a reivindicar o negacionismo do resultado eleitoral. Essa gente depois de duvidar da urna, de dizer que se perdesse tinha sido roubado, não quis acatar resultado eleitoral.

Representantes de todos os 27 estados e do Distrito Federal estava presentes — os governadores que se ausentaram estavam no exterior ou haviam passado por procedimentos cirúrgicos. Entre os governadores alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro estão, além de Tarcísio e Celina, Cláudio Castro, do Rio, Jorginho Mello, de Santa Catarina, e Romeu Zema, de Minas. A única ausência no começo da reunião era de Ratinho Jr (PSD-PR), cujo voo atrasou, mas ele estava em trânsito e se somaria ao grupo, segundo informou o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).

A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), apoiadora de Jair Bolsonaro, condenou os atos de terrorismo que ocorreram em Brasília, mas defendeu a atuação do governador afastado, Ibaneis Rocha (MDB).

― É um dia de luto na história da democracia para todos nós. Para nós no Distrito Federal muito mais grave, porque a responsabilidade recai sobre nossos ombros. É importante na minha fala de hoje, até para nivelar as informações do que aconteceu, primeiro reafirmar que o governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, é um democrata. Por infelicidade, recebeu várias informações equivocadas durante o momento da crise — disse ela.

Ela também fez questão de se referir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), como “nossos” presidentes.

— O governo do Distrito Federal não vai tolerar, na capital federal, atos de vandalismo ou de terrorismo como os que vimos ontem — disse ela.

O primeiro a falar no encontro foi Barbalho, que ressaltou o fato de a reunião se tratar de um "ato de desagravo" após terroristas destruírem prédios dos três Poderes em Brasília.

— O que nós vimos ontem foi uma tentativa de golpe de Estado — afirmou. — Estamos aqui porque todos têm uma causa inegociável que nos une: a democracia. estamos aqui não para defender ideias de direita ou esquerda, mas para defender a democracia do nosso país. e defender as instituições. É fato que o ocorrido no dia de ontem, de gravidade extrema, aquilo não foi manifestação política, foi terrorismo. Ato de tentativa de golpe de Estado.

A presidente do STF, ministra Rosa Weber, afirmou que a reunião é importante para mostrar unidade do país contra os atos golpistas, e convidou a todos os governadores a irem ao prédio do Supremo após a reunião para ver a destruição.

— Estou aqui em nome do STF agradecendo iniciativa dos governadores para testemunharem a unidade nacional de um Brasil que todos nós queremos, no sentido da defesa da democracia e do estado democrático de direito. O STF foi duramente atacado, o nosso prédio histórico, seu interior, foi praticamente destruído, em especial nosso plenário e essa simbologia a mim entristeceu de uma maneira enorme, mas quero assegurar a todos que vamos reconstruído e no dia 1º de fevereiro daremos início ao ano judiciário como se impõe ao poder judiciário e guardião da Constituição Federal.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ressaltou a importância da reunião com tendências políticas diferentes para "demonstrar para a população brasileira que as instituições não pararão". Na fala, Lira adiantou que os deputados aprovarão nesta noite por unanimidade o decreto do presidente Lula que determinou a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal.

— A Câmara fará uma sessão para aprovar a intervenção na segurança pública do Distrito Federal. Votaremos simbolicamente por unanimidade pra mostrar que a casa do povo está unida em defesa de medidas duras contra esse pequeno grupo radical, que hostilizou as institutições e tentou deixar a democracia de cócoras ontem no Brasil. Não tem nosso apoio, não terá o apoio Casa do Povo, não terá apoio das instituições que cuidam e prezam pela democracia — disse Lira.

Depois foi definido que um governador de cada região. Pelo sul falou Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, que defendeu que todos os estados enviem policiais para a Força Nacional e que criem gabinetes de crise.

— Além de estados estarem disponibilizando efetivo policial para apoiar na medida de contenção de outros atos de violência e garantia da ordem no DF, estamos atuando de forma sinérgica e em sintonia para manutenção da ordem em todos estados e deixar registrado que no Rio Grande do Sul, temos um gabinete de crise, reunindo todas as forças de segurança e órgãos de controle, para atuarmos de forma coordenada para identificar todos que atuam em atos que agridem não só a instituições, mas para abrirem inquérito para identificar quem financia e dar devida consequência para quem atenta contra a democracia — falou o gaúcho.

Representando o Nordeste, a governadora Fátima Bezerra (PT-RN) defendeu a democracia:

— Foi muito doloroso para todos nós. Para nós que amamos a democracia, que sabemos o quanto custou conquistá-la. A violência atingindo o coração da república na hora em que atentou contra as mais importantes instituições do estado democrático de direito. Diante de um episódio tão grave não poderia ser outra a atitude dos governadores do Brasil de estarem aqui hoje: para dizer que estamos firmes, em harmonia e em sintonia com os demais poderes na defesa da democracia — afirmou a governadora.

Edvaldo Nogueira, presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, prefeito de Aracaju, também afirmou que a resposta aos atos terroristas mandam mensagens a todo o país:

— Estamos vivendo momento importante de reafirmação da democracia mas precisamos tirar lições importantes desse episódio. Estamos aqui para falar bem alto ao povo brasileiro que não vamos aceitar ataques e o fim da democracia, que é o que nos une. Não podemos deixar que a democracia acabe por qualquer motivo — disse Nogueira.

Augusto Aras, procurador-geral da República, afirmou que sempre defendeu a democracia. Em uma espécie de resposta aos críticos que afirmam que ele foi leniente com Bolsonaro — que o indicou ao cargo — ele fez uma curta fala lembrando sua atuação no fim de semana:

— No último sábado, por volta de meia noite, falava eu com a doutora Lindora, que se manifestava pela prisão de uma das líderes do movimento que veio a eclodir no domingo. E o ministro Alexandre mandou prender essa liderança que atuava nas redes sociais. Nesses últimos dois anos não falou Ministério Público, não faltou STF. Isso é necessário dizer a nação e a todos os presentes. Não falou MP e Judiciário na busca desse controle — disse Aras. — A nossa luta perdura. São 1,5 mil pessoas (presas), tive o cuidado de acrescentar quase uma centena de procuradores da república de todo Brasil para as audiências de custódia realizadas centenas ainda hoje aqui no DF.

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