Minas do Amanhã - Sustentabilidade

Por Minas do Amanhã

Com uma superfície de 586.522 quilômetros quadrados, Minas Gerais supera em tamanho e em desafios ambientais uma série de países, administrando contrastes que vão de econômicos a climáticos, em seus mais de 800 municípios. Uma complexidade que não impede ao Estado de se destacar positivamente em meio aos problemas.

“Em Minas Gerais estão as referências em consultoria ambiental no Brasil, especialmente para mineração e energia, com profissionais de ponta em áreas como geologia, engenharia e biologia, sempre liderando o trabalho técnico e também as regulações, diversas delas muito bem sistematizadas”, observa Fabricio Soler, advogado especializado em Direito do Ambiente e consultor da ONU. “Minas sempre foi um estado contemporâneo e arrojado em termos de regulação e proteção ambiental. Tanto o setor privado quanto o público estão imbuídos no espírito de crescer com base em critérios ambientais e sociais de governança, ou ESG”, completa.

Saneamento

Um dos temas tratados como prioridade é a universalização dos serviços de água, esgoto e coleta de lixo que, no Brasil, deverá ocorrer até dezembro de 2033, como determina o Marco Legal do Saneamento Básico aprovado em 2020. Segundo o Panorama Estadual do Saneamento Básico, com dados de 2020 e elaborado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad-MG), 87,64% da população urbana em Minas Gerais é atendida com a coleta de esgoto sanitário, já o tratamento chega a 53,72% da população urbana. Quanto ao abastecimento, 93% da população mineira tem acesso à água tratada e, se considerada a população que reside em áreas urbanas e rurais, o índice de cobertura é de 82%.

O governo estadual enviou projeto de lei à Assembleia Legislativa de Minas Gerais prevendo a criação de unidades regionais de saneamento básico. A medida é uma das determinações apresentadas na Lei Federal. O projeto de lei engloba todos os 853 municípios mineiros e prevê a criação de 34 blocos regionais para a gestão e o manejo de resíduos sólidos urbanos e 22 blocos regionais para gestão dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário.

“A estimativa é que seja necessário atrair R$19 bilhões em investimentos para cumprir a meta de universalização do saneamento no Estado. Por isso, acreditamos que é importante o investimento privado, já que a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) não possui esses recursos. Também é preciso dar aos municípios a opção de escolha, com concorrência para prestação de serviço de qualidade”, destaca Marília Melo, secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais.

Água

A segurança hídrica é também tema prioritário. Como a água é insumo para praticamente todos os processos produtivos, a baixa nos reservatórios poderá ser fator limitante ao desenvolvimento de Minas Gerais. O Plano Mineiro de Segurança Hídrica, sob responsabilidade do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), será executado em áreas estratégicas ao longo de 2022. O objetivo é que seja uma ferramenta de planejamento de Estado que permita à gestão pública integrar ações setoriais para promover a segurança hídrica e, por consequência, a sustentabilidade no desenvolvimento econômico e social das diversas regiões mineiras.

“A crise hídrica é um desafio que a sociedade terá que enfrentar no escopo das mudanças climáticas, uma vez que haverá cada vez mais a tendência à intensificação de eventos críticos, como chuvas ou secas mais intensas com maior frequência. A adaptação a esse cenário deverá ser enfrentada com a participação efetiva das prefeituras municipais, atores essenciais para se trabalhar ações mais sustentáveis para Minas Gerais”, diz Renato Brandão, presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM).

— Foto: GettyImages

Mineração

A relevância da mineração para a economia do estado e os recentes desastres decorrentes do rompimento de barragens de rejeitos, guiam as discussões sobre a sustentabilidade do setor em Minas. Tornar mais transparente a atuação das mineradoras e sua relação com a sociedade é um dos desafios para os próximos anos. As próprias empresas da mineração vêm promovendo debates sobre boas práticas adotadas após as tragédias de Fundão e Brumadinho. O setor privado discute, ainda, soluções que permitam o 'crescimento limpo', com descarbonização da indústria de mineração: a redução ou a compensação da emissão de gases do efeito estufa.

Em 2019, o governo estadual sancionou a Lei 23.291/2019 que institui a Política Estadual de Segurança de Barragens. “Trabalhamos em parceria estreita com o Ministério Público no monitoramento dessas barragens, mas nossa função se difere da Agência Nacional de Mineração que é responsável pela segurança de barragens. No entanto, a Lei Mar de Lama Nunca Mais nos trouxe atribuições como a regulamentação do Plano de Emergência, um trabalho feito juntamente com a Defesa Civil para gerenciamento e minimização dos riscos”, explica a secretária de Meio Ambiente lembrando ainda que, atualmente, a atenção está voltada a temas como caução ambiental e descomissionamento das barragens cuja técnica construtiva é a montante.

Licenciamento ambiental

A necessidade de tornar o licenciamento ambiental mais dinâmico e participativo é uma pauta recorrente em Minas Gerais e no Brasil. O modelo gerou uma fila de espera do licenciamento aos empreendedores. Em 2019, foi lançado em Minas o Sistema de Licenciamento Ambiental 100% digital. A entrada de documentos, análise processual, contato com o empreendedor e informação a respeito do deferimento ou não da licença ocorre pela internet. Empreendimentos de maior impacto têm decisões que passam por um órgão colegiado, o Conselho de Política Ambiental (COPAM).

“O desafio atual é que se tenha um licenciamento ambiental célere, que cumpra seu papel de avaliação dos impactos ambientais de qualquer empreendimento potencialmente poluidor, o qual possa definir as medidas de controle necessárias. Esse é o objetivo do licenciamento ambiental: ser a porta de entrada para a gestão ambiental do empreendimento e não a gestão ambiental do empreendimento”, ressalta a secretária de Meio Ambiente.

Minas do Amanhã

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