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Por Jornal Nacional


Escolas municipais de São Paulo passam a contar com currículo antirracista

Escolas municipais de São Paulo passam a contar com currículo antirracista

Um currículo antirracista adotado em outras cidades está chegando às escolas municipais de São Paulo.

O pequeno Márcio Rocha já sabe o que muito adulto ainda não aprendeu.

“Aprendi que todo mundo tem que ser respeitado”, conta o aluno Mário Rocha, de seis anos.

Ele estuda numa escola particular de Salvador que ensina português, matemática, história, como todas as outras. Mas lá, a África não aparece só no capítulo da escravidão.

“A gente não pode pensar a educação e não pode pensar os processos que envolvem a humanidade sem pensar em África. É um ensino que vem das nossas heranças ancestrais, que a gente aprendeu com as nossas avós, com a nossa cultura que é tão maravilhosa, tão vasta e tão ampla”, diz a pedagoga Sijane de Freitas.

Nas escolas municipais do Rio de Janeiro, desde 2021 os conteúdos antirracistas são ensinados o ano todo.

“A gente precisa vencer essa ideia de que falar sobre antirracismo é só nesse momento que tem um uma situação de violência ou de intervenção. O antirracismo é anterior, é uma promoção, é uma desconstrução por meio do conhecimento”, conta a coordenadora na Coordenadoria de Diversidade, Cultura e Extensão Curricular da Secretaria Municipal de Educação do Rio, Joana Oscar.

Na cidade de São Paulo, as escolas de educação infantil ganharam 128 mil bonecas e bonecos pretos, pardos ou com traços dos povos da América do Sul.

São muito mais do que brinquedos novos, é uma forma de fazer com que grande parte dos alunos se reconheça na história de vida que eles começam a aprender e a escrever logo na primeira infância.

Essa é uma das ações do currículo antirracista que, a partir desta terça (21), passa a ser aplicado em todas as escolas da rede municipal de São Paulo. O documento tem orientações pedagógicas, com exemplos práticos, para combater o racismo estrutural e a xenofobia em todas as disciplinas.

“É nesse espaço que a gente pretende fazer uma revolução estética, ou seja, outros brinquedos, outras paisagens que contribuam para as vivências e práticas antirracistas na cidade”, afirma o diretor da Diversidade Cultural de Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, José da Silva.

Um especialista apoia essas iniciativas, mas lembra que desde 2003 o Brasil tem uma lei que obriga as escolas a ensinarem história e cultura afro-brasileira e que pouco foi feito até hoje.

“Essa lei já tem mais de 20 anos, mas ainda é desconhecida por muitos professores, professoras, gestores escolares. Então, se faz necessário sim, uma implementação efetiva”, reforça o Diretor Executivo do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), Daniel Teixeira.

Os primeiros passos são naturais: basta ensinar que o que eles já nascem sabendo é que está certo: “Sim!”, é o que a criançada responde ao serem perguntadas se são todas amigas.

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