Por Carolina Dantas, g1


Encontro de membros da Mensa Brasil em 2018 — Foto: Divulgação/Mensa Brasil

Superdotados, ou superinteligentes, representam apenas 2% da população do planeta com o quociente de inteligência (QI) muito acima da média. A Mensa, organização fundada em 1946 no Reino Unido, tem uma representante no Brasil e trabalha para identificar essas pessoas. Neste sábado (28), novo testes serão realizados em 15 cidades do país.

E como funciona o processo de identificação?

Os testes de QI são padronizados e, especificamente nesta rodada, são destinados a pessoas com mais de 17 anos que estejam cursando ou já tenham cursado o ensino superior.

"São testes possíveis de serem aplicados em grupos (5 a 10 participantes), que é a forma como a gente realiza essa aplicação, mas naturalmente de forma individualizada e com a supervisão de um psicólogo ou uma psicóloga no local", explicou Rodrigo Sauaia, presidente da Mensa Brasil.

Os testes adotados são do tipo "culture fair", que independem da língua falada e dos conhecimentos específicos dos candidatos. A Mensa não divulga detalhes, imagens e exercícios, para evitar que os candidatos venham a decorar o processo.

"O teste em si, considerando o processo das explicações preliminares, da realização até a finalização, tem uma duração aproximada de 1 hora no total. Então, é um processo relativamente rápido e simples", complementa Sauaia.

Ao todo, a Mensa tem 145 mil membros. Na última rodada, realizada março, foram identificados 19 brasileiros superinteligentes. Às 10h deste sábado, a organização fará mais testes em Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), São José dos Campos (SP), Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Campinas (SP), São Paulo (SP), Belém (PA), Belo Horizonte (MG) e Ribeirão Preto (SP).

Grupo em teste realizado pela Mensa Brasil — Foto: Mensa Brasil/Divulgação

Em média, a população do Brasil apresenta um QI de 100 pontos, com uma variação de 15 pontos para mais ou para menos – 85 a 115. Os superdotados possuem um índice muito superior a esses valores, de acordo com Sauaia. Seria necessário obter 131 pontos ou mais para atingir o requisito de admissão da Mensa Brasil.

A taxa de inscrição para os testes da Mensa que irão ocorrer nesta semana é de R$ 98. Há também a possibilidade de fazer a avaliação individualmente, em outras datas e cidades (R$ 148). Para inscrições, que podem ser feitas até sexta-feira (27), 12h, acesse: https://mensa.org.br/admissao/ ou entre em contato pelo e-mail testes@mensa.org.br.

Clube dos superdotados

A organização britânica defende que a identificação "é uma forma de ajudar a democratizar o acesso à informação e o conhecimento das pessoas sobre as suas próprias capacidades cognitivas", como explicou Sauaia.

Priscila Zaia, psicóloga especialista em superdotação e supervisora nacional da Mensa Brasil, afirma que esses "indivíduos possuem um olhar diferenciado para o mundo, fazendo com que apresentem comportamentos e/ou pensamentos diferentes da maioria das pessoas".

"Isso pode gerar rótulos, estigmas e incompreensão, fazendo que eles possam ser cobrados demais (precisando ser bons em tudo, por exemplo) ou possam não ser aceitos nos grupos em geral por causa do seu modo de pensar e agir", explicou.

Segundo Zaia, saber que se é um superinteligente ajuda na compreensão das questões do indivíduo e, também, da sociedade.

Augusto Rubiale, de 38 anos, é um desses superdotados do Brasil. Ele é empresário e cuida de três empresas: uma consultoria de marketing e tecnologia, um e-commerce de acessórios de automóveis e outro de acessórios de música.

Ele descobriu que está no grupo dos 2% mais inteligente do país no ano passado. E, por enquanto, diz que não viu uma mudança prática no dia a dia.

"Algumas coisas me sinto mais confiante, como se fosse uma chancela das ideias que eu sempre tive. Por enquanto, estou tentando entender como eu posso aproveitar isso daqui pra frente", disse ao g1.

Rubiale diz que tem facilidade em atividades de raciocínio lógico e matemático. Além disso, tem uma vertente artística: toca saxofone, flauta, violão. Ele faz parte do Conservatório da Música Popular Brasileira do Paraná.

"Tenho muita curiosidade, uma facilidade de aprender e desenvolver coisas de diferentes naturezas. Mas, às vezes, tenho um pouco de dificuldade de expressar ideias para outras pessoas, também me sinto mais fechado no ciclo social. Apesar de conhecer várias pessoas, não tenho um ciclo muito grande”, contou.

Zaia afirma que não existe um perfil psicológico ou uma lista fixa de características dos superdotados. Ela define como uma "condição que se relaciona ao funcionamento individual, o qual se apresenta de forma avançada em diferentes áreas".

"Porém, existem características que comumente podem ser observadas: raciocínio rápido, facilidade para resolver problemas de forma criativa, boa capacidade de memória, atenção e observação aguçadas, liderança, capacidade de se colocar no lugar do outro, sensibilidade emocional", complementa.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!