Brasil
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Por Denis Kuck, Valor — Rio


Os temas sociais e econômicos estão entre as maiores preocupações dos brasileiros, segundo levantamento mensal realizado pela Ipsos, empresa de pesquisa e inteligência de mercado fundada na França. De acordo com o estudo, a pobreza e a desigualdade social são as questões que mais afligem a população do país hoje, com 41%. Em seguida, aparecem a saúde, com 34%, e, logo após, a inflação, com 33%, que teve aumento de nove pontos em relação à pesquisa anterior. Além disso, os índices de confiança econômica apontam pessimismo: 79% concordam que a situação da economia no Brasil está ruim.

Para a diretora de marketing e comunicação do instituto, Sandra Zlotagora Pessini, isso significa que essas preocupações devem estar na agenda dos candidatos à Presidência.

“O que vai caber na mesa do brasileiro, assim como outros temas sociais e econômicos, com certeza precisam estar com força no programa e na campanha dos políticos”, diz.

 — Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo
— Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Por outro lado, o levantamento indica que a discussão sobre a gestão da pandemia no país, que provocou a morte de mais de 660 mil pessoas, não está entre os assuntos mais relevantes para a população. O coronavírus aparece em 8º lugar entre as preocupações dos brasileiros, com 10%. Isso não significa, porém, confiança no sistema de saúde.

“Comparando com outros estudos que fizemos, vemos que esse é um tema ao mesmo tempo social e econômico. Não é só a questão do acesso, os brasileiros se preocupam muito com os custos da saúde no país”, diz Pessini, que é formada em administração pela École Supérieure de Commerce de Clermont-Ferrand, na França.

Após a inflação, os temas que mais afligem a população, empatados com 32%, em quarto lugar, são o desemprego e a corrupção.

“A questão da corrupção sempre aparece como um dos temas mais citados, embora isso já tenha sido maior, na época da [Operação] Lava-Jato”, afirma. Em quinto, está a criminalidade e a violência, com 29%.

Em sexto lugar, surge a educação, citado por 28% dos entrevistados, seguido, em sétimo, pelos impostos, com 19%.

Após a preocupação com o coronavírus, aparecem, em décimo, empatados com 3%, guerra e conflitos militares e mudanças climáticas.

“Esses números não significam que os brasileiros não se preocupam com o meio ambiente. Outros levantamentos mostram, inclusive, que esse tema está entrando mais na agenda da população”, diz Pessini.

Caminho errado

A pesquisa mostrou ainda que 70% dos entrevistados acreditam que o Brasil está no caminho errado, contra apenas 30% que pensam que os rumos do país são positivos. De acordo com a diretora da Ipsos, o desalento é muito alto, mas caiu um pouco nos últimos meses. Em outubro de 2021, o índice de pessimismo era de 80%.

Para ela, o avanço da imunização, a desobrigação do uso de máscaras e a retomada das atividades econômicas podem explicar a leve alteração: “O Brasil está entre os países que mais sofreram com depressão e ansiedade durante a pandemia. É um povo gregário, a saída do isolamento pode ter tido um impacto nisso”.

Apesar do pessimismo, 52% dos entrevistados disseram acreditar que, daqui a seis meses, a economia do país estará mais forte, enquanto 69% afirmaram que nesse período sua situação financeira pessoal estará melhor.

“É uma característica que observamos na pesquisa. O brasileiro costuma acreditar que nos próximos seis meses a situação ficará melhor”, diz a diretora da Ipsos.

O desalento não é exclusividade dos brasileiros. A pesquisa mostrou que, em média, 63% dos cidadãos afirmam que seu país está no caminho errado. Em contrapartida, 37% acreditam viver num país que está tomando o rumo certo.

A Ipsos entrevistou 19.000 pessoas, entre 25 de março e 3 de abril, sendo aproximadamente 1.000 no Brasil. Também participaram da pesquisa Argentina, Austrália, Bélgica, Canadá, Chile, Colômbia, França, Reino Unido, Alemanha, Hungria, Índia, Israel, Itália, Japão, Malásia, México, Holanda, Peru, Polônia, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Turquia e Estados Unidos.

Os únicos países que tiveram mais de 50% dos entrevistados afirmando acreditar que sua nação está no caminho certo foram Arábia Saudita (92%), Índia (77%) e Malásia (54%). As populações mais pessimistas estão na América do Sul. No Peru, 93% dos entrevistados disseram que o país está no caminho errado, seguido por Argentina (85%) e Colômbia (84%).

A pesquisa também indicou que, pela primeira vez, a inflação é, em média, o maior problema apontado pela população desses 27 países, mostrando que a alta de preços, antes localizada em um grupo de nações, transformou-se numa preocupação global, devido, entre outros fatores, à pandemia, disparada das commodities e a guerra na Ucrânia. Em seguida, aparecem pobreza e desigualdade social, com 31% de menções, e desemprego, com 29%.

Entre os países mais preocupados com a inflação, o Brasil é o 11º da lista. O primeiro é a Argentina, onde 64% dos entrevistados afirmaram que a alta dos preços é o principal problema. As nações nas quais a inflação alcançou a aflição número um da população são Argentina, Canadá, Reino Unido, Polônia, Turquia, Estados Unidos e Alemanha.

 — Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
— Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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