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Por Agência O Globo


A decisão dos acionistas das companhias aéreas Gol e Avianca de criar o Grupo Abra para unificar o controle das duas empresas deixou uma série de perguntas ainda sem resposta, mas especialistas dizem que a união deve ser benéfica para as empresas, que ganham tamanho e poder de barganha na negociação de contratos de manutenção e leasing, por exemplo.

Para o consumidor final, o negócio pode baratear o preço de alguns trechos, mas no longo prazo a tendência pode ser de alta nas passagens. Segundo o anúncio feito por Avianca e Gol na quarta-feira, o Grupo Abra passará a controlar as duas empresas, mas os negócios continuarão separados e os atuais executivos das linhas aéreas seguem no comando das companhias.

Abra será uma holding, uma sociedade sediada no País de Gales, no Reino Unido, e que terá como sócios a família Constantino, sócia majoritária da Gol, e os controladores da Avianca, entre os quais estão Roberto Kriete, a aérea americana United e os fundos Kingsland e Elliott, presidido por Paul Singer e que era o maior credor da Avianca Brasil. Não são empresas distintas, embora ambas já tenham tido como acionistas majoritários e controladores os irmãos Germán e José Efromovich.

A Avianca Brasil, cujos donos eram os Efromovich, foi à ruína em 2019 por não pagar o leasing de aeronaves e ter seus aviões tomados pelos arrendadores na Justiça. A empresa teve a falência oficialmente decretada em jullho de 2020 e tinha um passivo superior a R$ 2 bilhões.

A Avianca que participa da fusão é a empresa aérea de origem colombiana, que tem 102 anos de existência e que atualmente tem sede no Reino Unido. A aérea tem historicamente mais da metade do mercado aéreo colombiano e também faz voos domésticos no Equador. Também é a uma das companhias aéreas mais importantes da América Central, com operações relevantes em El Salvador.

Os irmãos Efromovich deixaram o controle da Avianca colombiana em maio de 2019, quando deixaram de pagar um empréstimo de US$ 456 milhões contraído com a aérea americana United e cuja garantia era o direito de voto das ações ordinárias da Avianca. À época, a United executou a dívida e tirou o poder dos Efromovich na empresa. A United, então, passou o direito de voto dos papéis ao Kingsland.  

A Avianca colombiana também passou por dificuldades, mas já na pandemia. A empresa pediu recuperação judicial nos Estados Unidos, em maio de 2020. Após sair do processo de insolvência, no fim de 2021, a aérea fechou o capital e mudou a estrutura societária. Não está clara, hoje, qual é a participação atual dos Efromovich na empresa.

O anúncio da operação já falava que os passageiros de ambas as companhias aéreas poderão ter acesso a uma malha maior, resultado da combinação entre os negócios, e poderão resgatar seus pontos tanto no programa de fidelidade Smiles, da Gol, quanto no Lifemiles, da Avianca.

Segundo André Castellini, sócio da consultoria Bain&Company, especializada em aviação, as operações de Gol e Avianca hoje têm baixíssima sobreposição e são complementares. Embora a criação da holding que controle as duas empresas não signifique, ao menos por enquanto, a fusão operacional das duas marcas, cria possibilidades de combinação de rotas para os passageiros.

Avianca tem 130 rotas atualmente e planeja chegar às 200 até 2023 e tem voos , a partir da Colômbia, a diversas cidades dos Estados Unidos, como Fort Lauderdale, Miami, Nova York, Orlando e Washington. Castellini afirma que essas rotas poderão aumentar a conectividade para os passageiros da Gol, por exemplo.

Ainda não está claro qual é o efeito nos preços. O anúncio da fusão afirma que o Grupo Abra nascia para buscar sinergias e redução de custos para Gol e Avianca. Para Castellini, é improvável que o preço das passagens suba especialmente porque as malhas das duas empresas são complementares, e não sobrepostas.

Isso signfica que não há a redução do nível de concorrência entre as companhias aéreas domésticas no Brasil. Para o advogado Thomas Felsberg, especialista em leasing, a união das empresas sob uma mesma holding deve trazer uma série de reduções de custo, inclusive no arrendamento das aeronaves e na negociação de contratos de manutenção e combustível. O especialista ressalta, no entanto, que essas sinergias devem vir apenas no médio prazo, uma vez que os contratos de arrendamento de aeronaves atuais seguem vigentes.

Para Salvatore Milanese, da Pantalica Partners, no entanto, a consolidação no médio e no longo prazo tende a elevar os preços das passagens. "Esse é um setor que sofreu muito na pandemia e que tem margens muito apertadas. Sempre foi um segmento mais propenso a ter fusões e aquisições porque o ganho de escala faz com que as empresas diluam seus custos, mas quanto mais oligopolizado é o mercado, mais altos os preços das passagens ficam", explica ele.

Não sabemos quanto o preço do petróleo vai baixar, o que é decisivo para as companhias aéreas. No Brasil, há ainda outros componentes de inflação que pressionam o caixa. As sinergias, nesse caso de Avianca e Gol, podem até existir, mas são limitadas porque as empresas não operam nos mesmos mercados. Eles estão, por enquanto, somando a participação de mercado da Gol no Brasil e da Avianca em outros mercados latino-americanos para criar uma companhia panamericana.

Mesmo com essa união, o grupo ainda será pequeno se comparado às grandes aéreas globais, como United, Delta e American Airlines, diz ele. A união precisa receber o aval de órgãos reguladores do setor aéreo e de defesa da concorrência em diversos países, inclusive provavelmente nos Estados Unidos, afirma a advogada Paula Salles. No Brasil, o Grupo Abra precisará da aprovação da Anac e do Cade (órgão antitruste brasileiro). Neste último, como há baixa sobreposição de rotas entre as empresas, é possível que o processo siga o chamado rito sumário, segundo Paula. Nesse caso, a decisão poderia sair em até 45 dias.

O anúncio da operação já falava que os passageiros de ambas as companhias aéreas poderão ter acesso a uma malha maior — Foto: Leo Pinheiro/Valor
O anúncio da operação já falava que os passageiros de ambas as companhias aéreas poderão ter acesso a uma malha maior — Foto: Leo Pinheiro/Valor
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