Por Nicolás Satriano, g1 Rio


O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do Rio de Janeiro informou por nota ao g1 que, até terça-feira (14), não havia constatado infração ambiental do grupo de indígenas que ocupa há pouco mais de um mês uma área próxima ao Parque Estadual Cunhambebe, em Mangaratiba.

A informação é o oposto do que afirma a prefeitura do município, que também por nota disse que "o grupo está construindo em área de proteção ambiental" (veja mais no fim do texto).

Na manhã de terça, o prefeito de Mangaratiba, Alan Campos da Costa, conhecido como Alan Bombeiro (PP), discutiu com indígenas durante uma fiscalização no local. Segundo o grupo, ele usou expressões racistas contra os indígenas. Durante o tumulto, o prefeito foi chamado de ladrão.

O instituto estadual esclareceu que o trecho ocupado pelo grupo não pertence ao parque estadual e que, por isso, "não há qualquer providência a ser adotada pelo Inea com relação à ocupação até o presente momento".

A autarquia também disse textualmente que a ocupação "não afetou a rotina do parque", e que, portanto, a unidade de conservação continua aberta à visitação.

Bate-boca e ofensas

Em imagens publicadas nas redes sociais - e também encaminhadas pela prefeitura do município -, Alan Bombeiro aparece exaltado e questionando quem o chamou de ladrão.

Na sequência, ele "ordena" que uma pessoa baixar uma flecha.

"Segura a pressão desses enfeitados aí senão vai dar m*rda", afirmou o prefeito em trecho da gravação.

Prefeito de Mangaratiba é acusado de agredir fisicamente uma indígena

Prefeito de Mangaratiba é acusado de agredir fisicamente uma indígena

Nas redes sociais, o grupo Território Cunhambebe Pindorama acusa o prefeito de agredir uma indígena fisicamente e verbalmente, com palavras racistas e preconceituosas. Eles destacaram que repudiam a posição do prefeito.

A Prefeitura de Mangaratiba afirmou que o prefeito cumpria uma ordem judicial e que a gravação está cortada, pois o prefeito se defendia após ser ameaçado e caluniado. Segundo a assessoria do município, no vídeo completo um dos "invasores" ameaça Alan com um arco e flecha.

Na nota, a prefeitura disse que Alan Bombeiro e as equipes checavam uma denúncia de abertura ilegal de uma estrada. E acrescentou que a Funai (Fundação Nacional do Índio) teria informado que a ocupação não é legitimamente indígena.

A prefeitura afirma que "o grupo está construindo em área de proteção ambiental, que Mangaratiba não tem demarcação de terra indígena e que a atitude dos invasores caracteriza-se como grilagem de terras, e todas as medidas judiciais estão sendo tomadas".

Prefeito de Mangaratiba discutiu com indígenas — Foto: Reprodução/ TV Globo

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!