• Paulo Gratão
Atualizado em
Mercado erótico triplica de tamanho no Brasil na pandemia (Foto: Deon Black / Unsplash)

Mercado erótico triplica de tamanho no Brasil na pandemia (Foto: Deon Black / Unsplash)

O distanciamento social aproximou mais os empreendedores e os consumidores do mercado erótico, que contempla os sex shops. A conclusão faz parte de uma pesquisa realizada e divulgada pelo Portal Mercado Erótico, que acompanha os dados do setor, e revelada com exclusividade a Pequenas Empresas & Grandes Negócios.

Segundo o levantamento, o número de empreendedores que atuam no setor triplicou em 2020, em relação ao ano anterior. As maiores motivações apontadas para a migração foram a redução de postos de trabalho e a impossibilidade de exercer algumas atividades informais durante o período de isolamento social.

Agora, a estimativa é que existam 100 fornecedores, entre indústrias nacionais, importadores e distribuidores, além de 9 mil pontos de vendas e 50 mil vendedores porta a porta. A pesquisa foi realizada em fevereiro de 2021 e ouviu 135 empresários, de diversos tipos de negócios no mercado erótico. A maior parte (76,13%) são mulheres e quase metade (47%) trabalha por conta própria, sem funcionários.

Alguns exemplos de novas empresas citadas pela pesquisa são o showroom brasiliense Na Ponta da Língua, inaugurado em agosto de 2020 pelas empreendedoras Kátia Arruda e Glenda Andrade, respectivamente mãe e filha, o e-commerce Desejo Sex Store, criado pelas irmãs de Salvador (BA) Ana Cleide Carvalho e Bruna Palmeira em abril, e a loja virtual Seu Corpo Livre, da psicóloga de Florianópolis (SC), Amanda Andujar.

O aumento do consumo de produtos eróticos durante a pandemia já havia sido detectado em outra pesquisa publicada pelo próprio Mercado Erótico.

De acordo com Paula Aguiar, fundadora do portal e especialista com mais de 20 anos de experiência no setor, uma das maiores questões apontadas no atual levantamento pelos empreendedores é a falta de matéria-prima para a produção de brinquedos eróticos nas indústrias de todo o mundo, devido aos efeitos da pandemia, que já se reflete nas gôndolas brasileiras. Cerca de 28,9% dos empreendedores dizem já sentir dificuldade em encontrar produtos, principalmente importados, que são os mais demandados.

A falta de itens, junto com a segunda onda da pandemia, tem feito com que 31,6% não consigam readequar o planejamento anual da empresa. Outros 34,3% ainda estão tentando adaptar o negócio ao novo cenário e um dos maiores desafios é o atendimento.

A saída encontrada par mais da metade (57,9%) foi melhorar a presença na internet, principalmente com curadoria e produção de conteúdo informativo sobre o uso dos produtos. De acordo com Aguiar, esse movimento gerou uma alta na demanda por cursos de formação para capacitar os empresários na geração desse tipo de conteúdo.

Um dos exemplos citados pela especialista foi o da empreendedora Camila Reis, dona da Milla SexCoach e Sex Shop, de Assis (SP). Ela passou a oferecer consultorias online de como decorar a casa para parecer um motel e conseguiu aumentar as vendas de artigos para ambientação sensual. Outro case mencionado por Aguiar foi o de Cláudia Petry, fundadora da Sussurra Boutique, em Joinville (SC), que realizou um bazar erótico pelo WhatsApp e faturou mais de R$ 6 mil em apenas três horas.

Para 28,9% dos empreendedores, a solução foi buscar parcerias com outras empresas. Apenas 13,2% tiveram que cortar custos. “Vimos um fenômeno interessante, dos empresários se ajudando, e cada vez mais unidos para se manterem vivos na economia”, observa a especialista.

A quarentena também trouxe oportunidades para os empreendedores. Quase oito em cada dez afirmaram ter crescido no período. Metade conseguiu novos clientes, e as vendas foram cerca de 10% maiores do que era feito antes da pandemia.

Os empreendedores apontaram que o comportamento de consumo também se transformou: 47,4% notaram um aumento no interesse por clientes que queriam mais novidades no relacionamento. Os solteiros também passaram a consumir mais produtos eróticos, de acordo com 18,4%. Aguiar explica que, historicamente, o segmento tem mais apelo com casais em relacionamentos estáveis. Para 44,7% dos respondentes da pesquisa, o tíquete médio não ultrapassou R$ 500.

Viradores continuam no topo das vendas no mercado erótico (Foto: Anna Shvets / Pexels)

Viradores continuam no topo das vendas no mercado erótico (Foto: Anna Shvets / Pexels)

Vibradores continuam sendo os queridinhos do público, na liderança absoluta, mas começam a dividir a preferência com os cosméticos sensuais e os masturbadores. A pesquisa identificou um crescimento de 40% na venda de vibradores de alta tecnologia, principalmente com dispositivos e aplicativos que permitam o funcionamento à distância. “O Lush 2, trazido ao Brasil pela Ketter 8, é um exemplo de vibrador teledildonic que apontamos como tendência para 2021”, afirma.

Em 2021, cerca de 81,6% dos entrevistados acreditam que vão crescer mais, sendo que 40% apontam para uma média de 20% a 30% de expansão. “Os empresários do mercado erótico absorveram muito bem as mudanças, uma vez que 97,1% se dizem preparados para o possível prolongamento do lockdown”, afirma a especialista.