O acordo foi realizado em janeiro durante uma reunião entre o então presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso (hoje Edson Fachin comanda a Corte), e o chefe internacional do WhatsApp, Will Cathcart, para debater as ações que serão implementadas pelo aplicativo de mensagens para combater notícias falsas e apoiar o processo eleitoral no Brasil neste ano.
A principal mudança anunciada pela empresa, que já será implementada em diferentes países, é a incorporação na plataforma da funcionalidade Comunidades, que permite a criação de subgrupos dentro de um grupo principal, para a discussão de diferentes temas. O usuário, ao ingressar em uma comunidade, poderá ver quais temas estão sendo abordados nas diferentes salas de bate-papo, escolhendo em qual quer ingressar. Os administradores dos grupos terão o poder de aceitar e excluir participantes das diferentes conversas e poderão também enviar avisos a todos os usuários.
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A empresa ainda não anunciou o limite que cada grupo terá de participantes nem quantidade máxima de subgrupos que poderão ser criados. Atualmente, é possível ter até 256 membros em cada grupo.
Bolsonaro, ao participar de um passeio de moto com apoiadores em São Paulo, parou para falar com outros motociclistas e afirmou que o acordo do WhatsApp com o TSE "não será cumprido".
— E já adianto. Isso que o WhatsApp está fazendo no mundo todo, sem problema. Agora, abrir uma excepcionalidade para o Brasil, isso é inadmissível, inaceitável, e não vai ser cumprido, este acordo que por ventura eles realmente tenham feito com o Brasil, com informações que eu tenho até o presente momento — declarou.
Bolsonaro também chamou a decisão de prorrogar a implantação das novas funcionalidades de "censura".
— O WhatsApp passa a ter uma nova política para o mundo, mas uma especial para o Brasil. Censura, discriminação, isso não existe. Ninguém tira o direito de vocês, nem por lei, quem dirá por um acordo — declarou.
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Bolsonaro não deu detalhes de como pode "descumprir" uma decisão firmada por uma empresa privada. O WhatsApp integra o Programa de Enfrentamento à Desinformação da Justiça Eleitoral, junto de outras empresas como Google, Twitter e Facebook. A iniciativa tem como foco a educação midiática, identificação e checagem de informações, aperfeiçoamento de recursos tecnológicos e outras medidas para tentar frear a disseminação de mentiras e ataques virtuais na eleição de outubro.
Em janeiro, O GLOBO mostrou que especialistas brasileiros demonstraram preocupação acerca da nova funcionalidade, ao serem procurados pela empresa, no mês anterior, para uma pesquisa de mercado. Segundo eles, o Comunidades pode turbinar a disseminação de notícias falsas e ataques virtuais, já que o aplicativo está presente em 99% dos smartphones no Brasil, segundo levantamento da Opinion Box, e figura como principal fonte de informação dos brasileiros, de acordo com pesquisa realizada pelo Congresso em 2019.
Confira as principais mudanças previstas:
Comunidades: a ferramenta vai permitir a criação de subgrupos sobre diferentes temas, dentro de um mesmo grupo, como um guarda-chuva. O usuário poderá escolher em quais comunidades quer ingressar e de quais subconversas quer participar;
Reações: o WhatsApp terá emojis para que as pessoas possam expressar opiniões rapidamente, sem precisar inundar as conversas com novas mensagens;
Mensagens apagadas: os administradores de grupos poderão apagar mensagens que desejarem para todos os participantes;
Compartilhamento: Aumento do limite do compartilhamento de arquivos para até 2 GB, para que as pessoas possam colaborar facilmente em projetos;
Chamadas de voz: Poderão ser feitas chamadas de voz com até 32 pessoas, que poderão entrar com apenas um toque, e que contarão com um design totalmente novo.