O ex-juiz Sergio Moro (União) declarou, em seu perfil no Twitter, que vai apoiar o presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições deste ano. Ex-ministro da Justiça do atual chefe do Executivo, Moro deixou o governo em abril de 2020 ao acusar Bolsonaro de interferir na atuação da Polícia Federal. Juiz que conduziu a Operação Lava-Jato e eleito senador pelo Paraná no domingo, Moro disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também postulante ao Planalto no segundo turno, "não é uma opção eleitoral". Cerca de meia hora depois de receber o apoio, Bolsonaro diz que as divergências entre eles ficaram no passado e "estão superadas".
"Lula não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da democracia. Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o apoio para Bolsonaro", escreveu Moro.
Eleito senador pelo Paraná no último domingo, Moro também recebeu, nesta terça-feira, aceno positivo de Bolsonaro. Em entrevista com o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), o presidente disse que teve "conversa bastante amistosa" com Moro, afirmou que suas divergências com seu ex-ministro da Justiça "estão superadas" e destacou que "o que está no passado, fica no passado". Quando perguntado se confia em Moro, no entanto, Bolsonaro desconversou e disse que "isso é um detalhe". Segundo ele, os dois voltarão a conversar e o ex-juiz "fará um belo mandato como senador".
— Foi uma conversa bastante amistosa. Apaga-se o passado, qualquer divergência que por ventura tenha ocorrido. O Sergio Moro foi uma pessoa que realmente mostrou o que era corrupção no Brasil — afirmou Bolsonaro, em entrevista à imprensa no Palácio do Planalto.
Bolsonaro afirmou que as divergências entre os dois estão superadas:
— Está superado tudo. Daqui para frente é um novo relacionamento. Ele pensa, obviamente, no Brasil e quer fazer um bom trabalho para o Brasil e seu estado. O passado é do passado. Não tem contas a ajustar.
O presidente disse que não tem nada de "desabonador" a falar sobre Moro e sobre o ex-procurador Delta Dallagnol, deputado eleito (Podemos-PR), que também declarou apoio a ele. No passado, Bolsonaro também já criticou Dallagnol.
— Hoje em dia o passado faz parte do passado. Não tenho nada desabonador a criticar o Sergio Moro ou o Dallagnol, muito pelo contrário.
Saída conturbada
Moro deixou o governo Bolsonaro em abril do ano passado após acusar o presidente de tentar interferir na Polícia Federal. Segundo Moro, Bolsonaro tinha interesse em mudar o diretor-geral da Polícia Federal e o superintendente da Polícia Federal em alguns estados.
O presidente, entretanto, sempre negou a acusação, dizendo que era seu direito trocar a chefia da Polícia Federal. Na ocasião, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, determinou que o governo entregasse uma cópia da gravação da reunião ministerial. No encontro, Bolsonaro reclama que não recebia informações de alguns órgãos de segurança.