O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defendeu nesta quinta-feira que institutos de pesquisa sejam punidos caso apresentem resultados divergentes da realidade das urnas. A declaração de Lira, que é aliado do presidente Jair Bolsonaro e candidato à reeleição a deputado, acontece um dia após um pesquisador do Datafolha ser agredido por um bolsonarista no interior de São Paulo.
No Twitter, Lira afirmou que "urge" punição para institutos que erram demais. Segundo ele, as pesquisas eleitorais têm apresentado muitas divergências entre si.
"Nada justifica resultados tão divergentes dos institutos de pesquisas. Alguém está errando ou prestando um desserviço. Urge estabelecer medidas legais que punam os institutos que erram demasiado ou intencionalmente para prejudicar qualquer candidatura. Não podemos permitir que haja manipulações de resultados em pesquisas eleitorais. Isso fere a democracia", escreveu o presidente da Câmara em sua página.
As pesquisas eleitorais têm sido alvo de questionamento por parte de Bolsonaro, que aparece em segundo lugar na maioria dos levantamentos. O argumento do presidente e seus aliados é que sondagens internas apontam um cenário diferente. No entanto, essas sondagens internas são proibidas por lei de serem divulgados, uma vez que não são registradas na Justiça Eleitoral, sem qualquer transparência sobre sua abrangência e critérios usados.
Em entrevista ao SBT nesta semana, Bolsonaro voltou a desacreditar as instituições e disse que têm ao menos 60% dos votos, se baseando na presença de público em eventos que ele convoca.
— Eu digo, se eu tiver menos de 60% dos votos, algo de anormal aconteceu no TSE, tendo em vista obviamente o data povo, que você mede pela quantidade de pessoas que não só vão nos meus eventos, bem como nos recepcionam ao longo do percurso até chegar ao local do evento — afirmou Bolsonaro.
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Um projeto de lei que prevê restrições às pesquisas chegou a ser aprovado no ano passado pela Câmara. Entre as medidas, a proposta estabelece que deve ser feita a divulgação com antecedência dos bairros que serão visitados pelos pesquisadores. O texto prevê ainda censura à divulgação dos resultados na véspera da eleição. Na Câmara, a projeto foi relatado pela deputada Margarete Coelho (PP-PI), aliada de Arthur Lira.
A proposta ainda precisa ser aprovada pelo Senado. Em maio, representantes dos principais institutos de pesquisa do país se reuniram com o relator do tema na Casa, senador Alexandre Silveira (PSD-MG). Na ocasião, um dos argumentos foi que a divulgação de bairros onde seriam realizadas as enquetes colocaria em risco a segurança dos pesquisadores.