Por Jéssica Alves, G1 AP — Macapá


Consultório em Macapá é investigado pela Polícia Civil — Foto: Arquivo/G1

A Vigilância Sanitária de Macapá autuou na segunda-feira (16) o consultório de um médico suspeito de realizar cirurgias sem especialização para procedimentos estéticos. Durante vistoria, o local foi notificado por não ter concluído o processo de licenciamento sanitário.

A fiscalização apontou ainda irregularidades em uma clínica de estética que funciona no local, como falta de licença sanitária e de produtos vencidos no estabelecimento. A parte onde funcionam os procedimentos estéticos foi parcialmente interditada.

A clínica informou que já iniciou os procedimentos para a retirada de licenças e medidas para o funcionamento da clínica de estética. Sobre o local fechado pela Vigilância, o estabelecimento informou que a sala era destinada a procedimentos de urgência e que a instalação atendia determinação do Conselho Regional de Medicina (CRM).

A diretora da Vigilância Sanitária, Anaid Menezes, informou que a interdição parcial ocorreu porque no local eram feitos procedimentos invasivos - quando há procedimentos com perfuração de tecido - como as aplicações de botox, medicamentos injetáveis, coleta de sangue, entre outros.

Clínica de procedimentos estéticos foi parcialmente interditada — Foto: Divulgação/Vigilância Sanitária

“Os estabelecimentos de saúde só podem funcionar se tiverem a licença sanitária, e não podem fazer procedimentos que não estão licenciados a desenvolver. No caso dessas clínicas, nem licenciadas elas estão para funcionar e menos ainda a fazer procedimentos invasivos, o que acaba colocando em risco a saúde e a segurança dos pacientes”, explicou.

Já o consultório onde o médico atende foi autuado porque, segundo a Vigilância, não teria concluído o processo de licenciamento estético. Os proprietários do local têm o prazo de cinco dias para regularizar a situação.

“É importante que, antes de fazer qualquer procedimento estético, o paciente busque informações sobre o local, se possui licença da vigilância, o que garante que o estabelecimento passou por uma inspeção e está apto a oferecer o serviço”, ressaltou a diretora.

Investigações

Segundo investigações da 6ª Delegacia de Polícia, divulgadas em julho, quatro casos estão sendo apurados, entre eles, o da morte de uma paciente em março desse ano, após colocar prótese de silicone nos seios. Outras mulheres teriam apresentado sequelas depois dos procedimentos.

A delegada Joseane Carvalho, da 6ª DP, informou que as intervenções estéticas estariam ocorrendo desde outubro de 2016. De acordo com as investigações, o médico não tem cadastro no Conselho Regional de Medicina (CRM) no Amapá com especialização em cirurgia plástica. A entidade informou que vai abrir sindicância para apurar os casos.

Sequelas em pacientes estão sendo investigadas pela polícia — Foto: Reprodução

O G1 buscou na época o registro do médico no portal oficial da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, mas entre os cinco profissionais que constam no site, o nome do médico envolvido na investigação não constava.

As apurações mostraram ainda que o consultório não tinha equipe profissional capacitada para realizar a anestesia nos pacientes e nem estrutura adequada para os procedimentos estéticos. Não foi informado se o inquérito está concluído.

O advogado do cirurgião, José Roberto Nunes, questionou as investigações da delegacia, pois segundo ele, o médico tem especializações para atuar em procedimentos estéticos e tem registro na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o que permite que ele realize a cirurgia e também anestesiar os pacientes.

Tem alguma notícia para compartilhar? Envie para o VC no G1 AP ou por Whatsapp, nos números (96) 99178-9663 e 99115-6081.

Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!
Mais do G1