A gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo anunciou nesta segunda-feira o encerramento da chamada Operação Verão, ofensiva que se tornou uma espécie de segunda fase da Operação Escudo na Baixada Santista e que resultou na morte de 56 pessoas pela Polícia Militar. Trata-se da operação policial no estado com maior número de mortes desde o massacre do Carandiru, ocorrido em 1992. Segundo o governo, todas as vítimas haviam entrado em confronto com os agentes de segurança.
O governo afirma que o reforço na atuação no litoral paulista nos últimos meses resultou na prisão de 1.025 suspeitos, dos quais 438 eram procurados pela Justiça, além da apreensão de 47 menores. Também foram apreendidas 2,6 toneladas de drogas e 119 armas de fogo.
Em nota divulgada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), o chefe da pasta, Guilherme Derrite, considerou que a operação “cumpriu os seus objetivos” e disse que o combate à criminalidade na região “será constante”. O efetivo de policiais militares nas cidades da Baixada Santista será ampliado em 341 agentes permanentemente.
A Operação Verão foi iniciada oficialmente em dezembro, mas ganhou novos ares após a morte do soldado Samuel Wesley Cosmo, da tropa de elite da PM (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a Rota), em 2 de fevereiro. A SSP chegou a transferir temporariamente seu gabinete para a cidade de Santos.
Relatos de abusos e de ações desproporcionais da polícia pipocaram nas redes sociais e no noticiário ao longo dos meses de operação no litoral. Em fevereiro, policiais foram flagrados destruindo câmeras de segurança em uma favela no Guarujá. Já no mês passado, uma testemunha da morte de Matheus Souza Santos, de 21 anos, relatou que o jovem estava desarmado e que havia gritado momentos antes de ser morto que “não trabalha na boca (tráfico)”.
No último sábado, policiais militares efetuaram 188 tiros de fuzil contra três suspeitos no Morro Nova Cintra, em Santos. Moradores da região registraram em vídeos os disparos que assustaram a vizinhança.
Por conta dos episódios, o presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Dimitri Sales, encaminhou uma representação ao Ministério Público de São Paulo por improbidade administrativa contra Guilherme Derrite.
O governo paulista afirma que a Operação Verão reduziu os roubos em 25,8% em Santos, São Vicente e Guarujá no primeiro bimestre do ano, na comparação com o ano anterior. Em toda a Baixada Santista, ainda segundo o governo, fevereiro foi o mês com a menor taxa de roubos da série histórica, iniciada em 2001.