Economia
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Por Leticia Lopes — Rio

Quase 40% dos brasileiros adultos, o que representa 64,25 milhões de pessoas, estavam negativados em setembro. Os dados são de um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e indicam o maior patamar já registrado na pesquisa, realizada há 8 anos.

Para especialistas, famílias só terão algum respiro para honrar suas dívidas no segundo semestre de 2023, um desafio para o próximo governo, já que o elevado nível de endividamento inibe o consumo, um dos motores da economia. O estudo usou como base dados da CNDL e do SPC e de outras instituições de crédito dos 26 estados e do Distrito Federal.

A maioria dos negativados é formada por homens e mulheres com idade de 30 a 39 anos (23,99%), ou cerca de 15 milhões de pessoas, o que equivale a 43,86% do total desta faixa etária, segundo a CNDL. O consumidor está negativado quando tem uma dívida em aberto e é inscrito em órgãos de proteção ao crédito, como SPC e Serasa.

Antes disso, no entanto, essas entidades precisam, obrigatoriamente, avisar ao endividado. Conhecida popularmente como estar com o “nome sujo”, a negativação do CPF leva a restrições no acesso a crédito, impedindo o consumidor de comprar um produto parcelado, financiar um imóvel ou carro ou obter um cartão de crédito.

Dívida média de R$ 3.688,96

Os dados também apontam que a população leva, em média, cerca de dez meses para sair da inadimplência. A dívida média é de R$ 3.688,96, com atraso de três meses a um ano. Entre os que estão nesta situação, 61,18% têm débitos em atraso com bancos.

Recorde de negativados — Foto: Criação O Globo
Recorde de negativados — Foto: Criação O Globo

As instituições financeiras registraram crescimento de dívidas em aberto de 37,94% na comparação com setembro do ano passado. Entre os endividados, 12,86% têm dívidas com o comércio e 10,51% devem contas de consumo básico, como água e luz.

— A dívida média vem crescendo. Os dados mostram que, apesar da melhoria de alguns indicadores, as famílias ainda sofrem os impactos ao longo do ano e não têm fôlego para colocar as contas em dia. Mas a expectativa é que, com a chegada do 13º salário e das contratações de fim de ano, haja algum respiro — avalia Merula Borges, especialista em finanças da CNDL.

Fábio Bentes, economista sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC), lembra que a renda média vem caindo em meio a uma taxa de juros que foi elevada a 13,75% para conter a inflação. Mesmo com a deflação registrada nos últimos meses, as famílias ainda sentem o impacto no orçamento.

Com menos renda, as dívidas acabam ficando de lado, em detrimento das despesas essenciais.

— São indicadores (de inadimplência) consistentes com a realidade. A tendência é que esse quadro se reverta para uma estabilidade da renda, mas o estrago no orçamento familiar já está feito. A puxada dos juros foi forte, saímos de um piso histórico para uma taxa muito alta. Combinada com a inflação, causa um impacto para as famílias honrarem seus compromissos, principalmente os mais pobres.

Demora para melhorar

Apesar da recuperação dos níveis de ocupação, a informalidade alta e os salários mais baixos não dão sinais de que a situação se resolva tão cedo, o que reflete no rendimento das famílias.

— O cenário ideal seria uma recuperação mais forte do mercado formal, mas a gente sabe que isso demora. Os dados recentes de ocupação para 2022 são positivos, mas para 2023, diante da expectativa de crescimento baixo, não é tão positivo assim. Os primeiros seis meses do ano que vem não serão fáceis. Para que as famílias consigam sentir a situação menos complicada, vamos precisar de uma inflação menor, abaixo de 5% (em 12 meses), e de uma taxa de juros em declínio — diz Bentes.

Assessor econômico da Fecomércio-SP, Guilherme Dietze não vê sinais de melhora nos próximos meses e no início de 2023:

— Não sobrou espaço para as famílias quitarem suas dívidas com a sobrecarga no orçamento. A expectativa do mercado é que a taxa de juros comece a cair a partir do segundo semestre do ano que vem. Traço um cenário um pouco mais positivo, com um efeito mais significativo nas contas das famílias, só para meados de 2023 e 2024.

Entre os mais vulneráveis, como os que recebem o Auxílio Brasil, o endividamento pode causar consequências ainda mais graves, principalmente após a liberação do empréstimo consignado.

Crédito para pagar dívida

Na última terça-feira (dia 18), o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu que a Caixa Econômica suspenda a concessão do crédito, a fim de impedir sua utilização com fim “meramente eleitoral”, segundo o subprocurador Lucas Furtado.

Em apenas uma semana de operação, a Caixa liberou R$ 1,8 bilhão em empréstimos consignados para 700 mil pessoas que recebem o Auxílio Brasil ou o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Paola Carvalho, diretora de Relações Institucionais de Rede Brasileira de Renda Básica (RBRB), conta que a entidade tem recebido relatos de beneficiários que usam o crédito para investir em pequenos negócios, como uma barraquinha de pipoca ou lanche, para incrementar a renda da família, mas a maioria usa o valor para pagar dívidas em atraso.

— O governo sabia da alta demanda que teria do consignado, e deixou para as vésperas das eleições a contratação porque dá uma falsa sensação de alívio para as famílias. Esses recursos estão resolvendo o emergencial, como o aluguel atrasado para evitar o despejo, a conta de energia para voltar a ter luz, comprar um alimento, um botijão de gás — afirma. — As famílias estão contraindo uma dívida para subsistência, para sobreviver, o que vai ter impacto imediato, porque já na próxima parcela o auxílio vem com o desconto, e vai fazer falta. É um crédito sem orientação.

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