Rita Lee falou sobre censura, educação e ativismo em última entrevista à Quem

Cantora, que morreu aos 75 anos, deu sua última entrevista para Quem antes de ser diagnosticada com câncer de pulmão

Por Redação Quem


Rita Lee em foto feita pelo marido em abril de 2022 Roberto de Carvalho

Rita Lee, que morreu na segunda-feira (8), deu a sua última entrevista a Quem em 2019, antes de ser diagnosticada com um câncer no pulmão. Na rara entrevista, a roqueira, que morreu aos 75 anos, falou sobre censura, educação e ativismo.

Precursora também no rock e da revolução dos costumes no país, ela - que já havia mostrado um beijo gay no clipe de Obrigado Não, de 1997 - criticou a ação da prefeitura do Rio de Janeiro, que tentou recolher um HQ na Bienal justamente por causa de um beijo entre dois homens.

Você se lembra quando a causa animal começou a fazer parte da sua vida?
Desde pequena. Pegava gatos e cachorros de rua e levava para casa. Para desespero de meu pai, que chegava e sempre encontrava algum bicho novo escondido na garagem ou no quintal. Até cobras e jaguatiricas já resgatei. A causa animal é parte de mim e me envolvo como posso para dar voz aos bichos.

Luisa Mell te escolheu como homenageada. Você também sempre a apoia. Por quê?
Luisa é uma menina que peita corajosamente os gananciosos que usam animais como se fossem coisas. O trabalho dela, em resgates e com seu instituto, é incansável e necessário. Ela é nossa Bardot tropical.

Rita Lee — Foto: Rita Lee

Você falava de proteção animal desde muito tempo atrás. Algo mudou?
Acho que agora as pessoas estão mais antenadas. Entendem, aceitam e tem muita gente que luta junto. Antes, me chamavam de louca por me preocupar com bichos. Que bom que isso está mudando.

O que você gostaria de testemunhar no planeta?
Que todas as formas de vida sejam respeitadas. Que os humanos convivam em respeito com os animais e com o meio ambiente.

Rita Lee — Foto: Reprodução/Instagram

Nos anos 90, você fez um vídeo, Obrigado Não, em que dois homens se beijam e no qual você diz: "Recrimine a falta de educação". A educação é a saída?
A educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo sem machucar ninguém. Ou melhor, "machucando" só os imbecis. Aquele vídeo com dois militares se beijando tem mais de 20 anos e, na época, curiosamente, a MTV censurou e não passou. Mas o Fantástico exibiu e não houve problema algum. Estamos voltando à era de chumbo?

O que acha da tentativa de censurar um gibi por causa do beijo entre dois homens?
Pura falta do que fazer. Com o Rio de Janeiro caindo aos pedaços, vão mandar censores atrás de gibis por causa de um beijo?

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