Por G1


Grupo faz protesto em frente ao Carrefour no Rio de Janeiro após a morte de homem negro em Porto Alegre — Foto: Twitter/Marcelo Adnet

O presidente global do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, se pronunciou dizendo que a morte de João Alberto Silveira Freitas foi um "ato horrível" e que repudia a intolerância. João Alberto, cidadão negro, foi espancado e morto por dois seguranças brancos em uma loja Carrefour em Porto Alegre (RS), na última quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra.

Em uma rede social, na última sexta (20) Bompard pediu para que a rede de supermercados no Brasil faça “uma revisão completa das ações de treinamento dos colaboradores e de terceiros, no que diz respeito à segurança, respeito à diversidade e dos valores de respeito e repúdio à intolerância”.

Ele informou que esta revisão será acompanhada de um plano de ação definido por empresas externas para garantir independência no trabalho.

Bompard também informou ter pedido para que as equipes do grupo no Brasil colaborem com a Justiça e as autoridades para que “os fatos deste ato horrível sejam trazidos à luz”.

Morte brutal de João Alberto, negro espancado no RS, provoca protestos pelo Brasil

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Ao afirmar que medidas foram tomadas em relação à empresa de segurança contratada, o executivo apontou que “essas medidas são insuficientes”. Na sexta-feira, o Carrefour no Brasil já havia informado que romperia o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão.

“Meus valores e os valores do Carrefour não compactuam com racismo e violência”, disse o presidente global da rede de supermercados.

No Brasil, o Carrefour divulgou uma nota neste sábado (veja a íntegra abaixo) dizendo que o dia 20 de novembro foi "o mais triste da história" da empresa e anunciando que, todo o resultado das vendas do último dia 20 das lojas Carrefour Hipermercados, será doado para entidades ligadas à luta pela consciência negra.

O empresário Abílio Diniz, acionista e conselheiro do Carrefour, também se mostrou "profundamente triste e indignado" com a morte de João Alberto, o que ele chamou de "uma tragédia e uma enorme brutalidade".

Diniz pediu à empresa para que "não meça esforços e trabalhe incansavelmente" para que casos como este não se repitam. "E mais, que o Carrefour se organize para ser um agente transformador na luta contra o racismo estrutural no Brasil e no mundo", completou o empresário.

Ainda na noite do sábado (21), Noel Prioux, CEO do Carrefour Brasil, também se manifestou. Em vídeo vinculado nas redes sociais da empresa, e exibido também em rede nacional de televisão aberta, Noel firma um compromisso de combate ao racismo estrutural.

"Se uma crise como essa essa acontecendo conosco, é porque temos a responsabilidade de mudar isso na sociedade. A morte de João Alberto não pode passar em vão. E é por isso que assumimos hoje o compromisso de ajudar a combater o racismo estrutural", disse.

Prioux ainda afirmou que um comitê dedicado exclusivamente a essa causa será criado na empresa.

Veja a íntegra da nota do Carrefour divulgada neste sábado:

O dia 20 de novembro, que deveria ser marcado pela conscientização da inclusão de negros e negras na sociedade, foi o mais triste da história do Carrefour.

Palavras não expressarão nossa angústia com a brutalidade.

Daremos todo o apoio à família de João Alberto Silveira Freitas e, em respeito a ele, nossa loja de Passo D’Areia fechou ontem e permanecerá fechada hoje.

Além disso, todo o resultado das vendas do dia 20 de novembro das lojas Carrefour Hipermercados será doado para entidades ligadas à luta pela consciência negra.

Hoje, abrimos mais tarde para reforçarmos o treinamento antirracista com todos os nossos funcionários e terceiros.

Continuaremos com nossa transparência, informando os próximos passos.

Nada trará a vida de João Alberto de volta, mas estamos certos de que este momento de profundo pesar se converterá em ações concretas que impedirão que tragédias como essa se repitam.

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