Homeopatia (Foto: Yulia Matvienk/ Unsplash)

O processo de produção dos medicamentos homeopáticos só pode ser feito por um farmacêutico especializado na área (Foto: Yulia Matvienk/ Unsplash)

Considerada uma terapia alternativa, a homeopatia tem ganhado cada vez mais adeptos no mundo todo. O termo para designar essa prática da medicina existe há mais de 200 anos, mas ainda pairam muitas dúvidas sobre ele. Por isso, falamos com o médico homeopata Luiz Darcy Gonçalves Siqueira, presidente da Associação Médica Homepática Brasileira. Confira!  

O que é homeopatia e como surgiu?


A palavra homeopatia é um termo criado pelo médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemann, em 1796, para definir um método terapêutico com princípio baseado na máxima: os semelhantes curam-se pelos semelhantes.

"O tratamento homeopático consiste em fornecer a um paciente, cujos sinais e sintomas indiquem uma doença, doses extremamente pequenas de substâncias que produzem as mesmas sensações em pessoas saudáveis quando expostas às mesmas substâncias em um estudo de experimentação", explica Luiz Darcy.

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Como é produzido o medicamento homeopático?

O medicamento homeopático é preparado por meio de um processo que consiste em diluições seguidas de sucussão da substância, que é a dinamização (ou potencialização), em uma série de passos. Tudo deve ser realizado por um farmacêutico também especializado em homeopatia, seguindo técnicas devidamente regulamentadas.

"A homeopatia é uma prática médica bicentenária que, ao longo de sua história, tem demonstrado resolutividade, baixo custo, amplo alcance e incontestável aceitação social. Estima-se que, na atualidade, cerca de 500 milhões de pessoas utilizam a homeopatia como forma terapêutica em todo o mundo. Isso representa cerca de 7% da população mundial", afirma o médico.

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A homeopatia é uma especialidade médica? 






A resposta é sim! "De uma forma geral a população pode usar os conceitos homeopáticos em várias situações, pois a lei da similitude é uma lei natural. Por exemplo: é mais adequado atender uma criança com febre com um banho morno (semelhante) do que com água fria (contrário)", explica o especialista.

"Apesar disso, a prescrição dos medicamentos exige uma anamnese, exame físico, formulação de um diagnóstico, o que constitui um ato médico", complementa. Outras áreas, como odontologia e veterinária, já tem a homeopatia como especialidade e, portanto, são prescritores.



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Qual a diferença entre homeopatia e medicina tradicional?



"Basicamente, a avaliação do paciente em sua totalidade, nos seus aspectos mentais, emocionais e físicos, ou seja, a investigação do que está por trás da doença. O entendimento do que é o doente com sua doença de forma individualizada e não apenas o tratamento", explica Luiz Darcy.


Homeopatia (Foto: Kelly Sikkema )

A homeopatia pode ser usada como tratamento principal ou complementar no tratamento das doenças (Foto: Kelly Sikkema )

Quando a homeopatia é indicada?



"O tratamento homeopático deve ser indicado toda vez que, no estado alterado da saúde, o sistema de defesa do paciente não consegue se recuperar sozinho", explica o médico. Pode ser utilizada em adultos, crianças, idosos e gestantes.

De acordo com Luiz Darcy, como as doenças são uma manifestação de uma desarmonia do todo do paciente, a homeopatia pode ser usada em todas as doenças. "Quando já está na fase de lesões graves ou mesmo incuráveis ela não substitui outras especialidades, como medicina intensiva, cirurgia, oncologia etc.", diz.

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Homeopatia e pandemia




"Habitualmente, o tratamento homeopático é individualizado para cada paciente. Mas, no caso de uma epidemia ou uma pandemia, um número grande de pessoas tem um conjunto de sintomas semelhantes. Isso pode nos orientar para um determinado grupo de medicamentos que podem ajudar os pacientes a reagir melhor à doença", explica o médico.

Segundo o médico, no caso da Covid-19 foi feito esse estudo e estão sendo utilizados medicamentos homeopáticos com bons resultados nas fases iniciais da doença.

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Tem efeitos colaterais?



"Não tem os efeitos colaterais e adversos como dos medicamentos químicos, mas podem acontecer efeitos de agravação inicial dos sintomas, como uma exacerbação ou exoneração na pele ou diarreia. Mas, o indicativo de que o tratamento está correto é que, apesar desses sintomas ocasionais, o paciente está bem no geral, sentindo-se melhor", explica.

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É verdade que a homeopatia só funciona a longo prazo?






Segundo Luiz Darcy, não é verdade. "Essa informação se deve porque se observam o tratamento nas doenças crônicas, que levam mais tempo para melhorar. Mas nas doenças agudas, que começaram há poucos dias, tem que melhorar rápido senão nos indica que o tratamento está equivocado", diz.



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Medicamentos alopáticos podem ser usados junto com os homeopáticos?



Sim e, em muitos casos, são necessários, principalmente em pacientes que já usam um tratamento alopático continuo de muito tempo. "Esses medicamentos não podem ser retirados de repente, com o risco de ocorrer um efeito rebote. Então, o tratamento é feito junto com o medicamento homeopático e, conforme o paciente for melhorando, o próprio especialista que prescreveu os alopáticos é que vai avaliar a necessidade de diminuir ou interromper", afirma o médico.

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O SUS oferece tratamento homeopático?



A boa notícia é que sim. A especialidade, inclusive, é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina desde 1980 e oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como uma prática integrativa e complementar desde 2006.

"A homeopatia está na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, tanto na atenção básica como na atenção secundária nos Centros de Especialidades. E também em nível terciário em hospitais — principalmente onde existem residências médicas em homeopatia", finaliza o médico.