Por g1 SP — São Paulo


Cartunista Paulo Caruso morreu no último sábado (4) em São Paulo — Foto: Globo/TV Cultura

O corpo do cartunista Paulo Caruso, de 73 anos, foi enterrado na manhã desta segunda-feira (6) no Cemitério São Paulo, em cerimônia restrita aos amigos e familiares.

Ele morreu na manhã do sábado (4) no Hospital 9 de Julho, no Centro, onde estava internado para tratar um câncer no intestino.

Paulo José Hespanha Caruso, um dos maiores cartunistas do país, nasceu em São Paulo em 6 de dezembro de 1949. Ele era irmão gêmeo de Chico Caruso, também cartunista.

Quem foi Paulo Caruso

Quem foi Paulo Caruso

Cursou arquitetura na Universidade de São Paulo (USP) no início dos anos 1970, mas não exerceu a profissão. Em 1985, no Salão de Humor de Piracicaba, no interior do estado, Paulo uniu a paixão pela música ao amor pelos cartuns e montou uma banda só com cartunistas.

Paulo teve uma trajetória individual bem marcada, mas nunca deixou de fazer parceria com o irmão.

Humor e história política

No programa “Conversa com Bial”, Paulo afirmou que os dois começaram cedo na arte do desenho.

“Desde os 4, 5 anos de idade a gente desenhava sem parar, incentivado pelo nosso avô materno, que era pintor amador, pegava na mão da gente e ensinava a desenhar. Foi quem me ensinou a tocar violão também.”

Retrato do cartunista e chargista Paulo Caruso em São Paulo — Foto: HÉLVIO ROMERO/Agência Estado

A política, emendou, “a gente pegou com 14 anos, em 64 veio o golpe”.

Irmãos Caruso no Programa do Bial em 2018 — Foto: Reprodução

Na mesma entrevista, Chico contou que em 1969, com 18 anos, eles estavam começando a trabalhar em jornal, “aí a politização foi quase uma obrigação”.

Morre o cartunista Paulo Caruso, aos 73 anos

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Carreira profissional

Paulo Caruso começou a vida profissional no “Diário Popular” no final da década de 1960 e também colaborou com os jornais “Folha de S.Paulo” e “Movimento”. Caruso participou do programa Roda Viva, da TV Cultura, desde 1987. Sua última participação foi no dia 2 de janeiro, com a entrevista do ministro Rui Costa.

Nos anos 1970, foi para “O Pasquim”, ao lado de Millôr Fernandes (1923-2012), Jaguar e Ziraldo. A partir de 1988, publicou, na revista “IstoÉ”, a coluna de humor Avenida Brasil, onde sintetizou, com sátira e humor, vários momentos da história política do país.

Em 1992, lançou o livro "Avenida Brasil", em que reuniu centenas de charges políticas, publicadas em jornais e revistas. O principal foco, na época, era o presidente Fernando Collor de Mello. Também é autor de “As Origens do Capitão Bandeira” (1983), ”Ecos do Ipiranga” (1984), “Bar Brasil na Nova República” (1986) e “A Transição pela Via das Dúvidas” (1989).

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Além disso escreveu também São Paulo por Paulo Caruso - Um Olhar Bem-Humorado sobre Esta Cidade (2004), em homenagem aos 450 anos da capital.

“A matéria-prima é toda fornecida pelo governo. Eu acho que nós, cartunistas, deveríamos virar ‘estatal’ porque nós dependemos tanto do governo para nossa produção”, brincou.

Recebeu vários prêmios, entre eles, o de melhor desenhista, pela Associação Paulista dos Críticos de Arte - APCA, em 1994.

Repercussão

"Paulo Caruso, querido, morreu. Grande herói do quadrinho brasileiro. Beijo, Paulo", disse.

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O cartunista Aroeira gravou um vídeo para falar sobre o amigo.

"Esse artista monumental não está mais aqui. Mas como diz Eliana Caruso, de tão vivo, ele continua vivo, pelo trabalho, pela obra, por tudo que ele deixa. Eu não sei como lidar com tudo isso. Tchau, Paulo. Um beijo para você".

Também em um vídeo, o cartunista Jaguar fez uma homenagem ao amigo.

"Paulo Caruso foi um dos grandes chargistas que o Brasil já teve".

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