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Por Murillo Camarotto e Ana Conceição — De Brasília e São Paulo


Atendimento a pacientes de covid-19 no hospital Evandro Freire, no Rio de Janeiro: crescimento do uso de insumos ameaça abastecimento nas UTIs do Brasil — Foto: Andre Coelho/Bloomberg
Atendimento a pacientes de covid-19 no hospital Evandro Freire, no Rio de Janeiro: crescimento do uso de insumos ameaça abastecimento nas UTIs do Brasil — Foto: Andre Coelho/Bloomberg

Em meio à disparada de casos de covid-19 e aumento das internações no país, o estoque de alguns medicamentos necessários para intubação de pacientes graves é de apenas cinco dias. A informação foi apresentada ontem à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp). Dirigentes da agência consideraram grave a situação. Em algumas regiões do país vagas de UTI estão deixando de ser abertas por falta de remédios, aumentando a fila por leitos.

Prefeitos também alertaram para escassez de medicamentos e insumos na rede pública.

Os estoques de propofol, cisatracúrio e atracúrio só duram cinco dias. O propofol é usado para indução e manutenção de anestesia geral. O cisatracúrio e o atracúrio ajudam a relaxar a musculatura, facilitando a intubação dos pacientes. Há estoque de rocurônio, usado para facilitar a intubação via traqueia, para dez dias e, de midazolam, um sedativo potente, para 15 dias. O estoque de fentanila, indicada para dores extremas, só duram mais 20 dias, diz a Anahp.

Ontem, 2.659 pessoas morreram pela doença no país, elevando para 287.795 o total óbitos desde o início da pandemia, segundo números do consórcio de veículos de imprensa.

Representantes dos hospitais e Anvisa vão tentar agilizar a importação dos medicamentos. Em alguns Estados, a situação chegou num ponto muito crítico. Hospitais filantrópicos do Rio Grande do Sul - um dos Estados onde o número de casos de covid-19 mais cresce no país - estão deixando de abrir leitos de UTI por causa da falta de sedativos para intubaação. E há o temor de faltar medicamento para quem já está respirando por aparelhos. Outra preocupação é o forte aumento dos preços dos medicamentos.

“Se não conseguirmos repor os estoques podemos ver leitos de UTI sendo fechados. Hoje, a escassez já nos impede de abrir novas vagas e o que nos assombra é a possibilidade de não ter insumos para os leitos já ocupados”, diz José Clóvis Soares, diretor da Federação das Santas Casas, Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul, que reúne 70% do atendimento no Estado.

Soares, que também é diretor de operações da rede Divina Providência, com cinco hospitais, diz que em duas unidades número de leitos de UTI destinados a pacientes de covid-19 poderia passar de um total de 98 para 136, mas não há garantia de suprimento dos remédios necessários. "Os fornecedores não estão cumprindo o cronograma de entrega", diz. A demanda por alguns remédios quadruplicou, acrescenta. Em um dos hospitais, o Independência, o consumo de rocurônio aumentou de 3 mil para 12 mil ampolas por mês.

Hospitais do país inteiro enfrentam o mesmo problema, afirma Francisco Balestrin, presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp). "Faltam medicamentos na indústria e nos distribuidores, não conseguimos repor nossos estoques". Pesquisa feita na semana passada mostrou que 40% dos hospitais ligados à entidade relataram problemas de reposição; 30% tinham estoque para uma semana. Em situações normais, em média, os hospitais têm estoque para um mês e compras garantidas para mais 30 dias.

O levantamento mostrou que 80% relataram aumento de preços dos medicamentos. "A fabricação dessas drogas depende de IFA importado e o mundo inteiro está competindo para ter esse produto", diz Balestrin. O Insumo Farmacológico Ativo (IFA) também é usado fabricação de vacinas anticovid. Os preços do rocurônio subiram 900% no último ano, informa Balestrin; do Midazolam, 400%); atracúrio, 200%; e propofol, 140%.

Prefeitos também pediram ontem “providências imediatas”. Em ofício ao presidente Jair Bolsonaro, a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) pediu reforço na aquisição de medicamentos e redirecionamento de insumos como oxigênio, também em falta. "Isso poderia ser feito com a indústria metalúrgica, que utiliza oxigênio com o mesmo grau de pureza do hospitalar, por exemplo", diz nota assinada pelo presidente da FNP, Jonas Donizette. (Colaborou Hugo Passarelli, de São Paulo)

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