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Por Cristiane Agostine — De São Paulo


Douglas Garcia: no fim de debate entre candidatos ao governo paulista, deputado xingou a jornalista Vera Magalhães — Foto: Reprodução Twitter
Douglas Garcia: no fim de debate entre candidatos ao governo paulista, deputado xingou a jornalista Vera Magalhães — Foto: Reprodução Twitter

O deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) tornou-se alvo de pedidos de cassação de seu mandato no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo por quebra de decoro parlamentar depois de ter xingado e tentado intimidar a jornalista Vera Magalhães. Na noite de terça-feira (13), o parlamentar hostilizou a jornalista após o debate entre candidatos ao governo de São Paulo, realizado pela TV Cultura, UOL e “Folha de S.Paulo”, na capital.

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O caso teve ampla repercussão política e eleitoral e foi usado por candidatos em suas campanhas.

No fim do debate, Douglas Garcia aproximou-se de Vera Magalhães e, com um celular em punho para transmitir a cena pelas redes sociais, passou a xingar a jornalista ao dizer que ela é uma “vergonha para o jornalismo”. Em seguida, questionou o valor de seu contrato com a TV Cultura e disseminou informações falsas sobre a remuneração da apresentadora. Diante da agressão, o diretor de jornalismo da emissora, Leão Serva, pegou o celular de Douglas e o arremessou.

O parlamentar integrava a comitiva de aliados do candidato Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Vera foi atacada pelo próprio Bolsonaro há pouco mais de duas semanas, durante o debate entre presidenciáveis. Ao questioná-lo sobre a cobertura vacinal no país e os riscos do discurso contrário às vacinas, Vera foi chamada por Bolsonaro de “vergonha do jornalismo” e o presidente disse que ela deveria “sonhar” com ele.

Além de apresentadora na TV Cultura, Vera é colunista de “O Globo” e comentarista da CBN.

Em nota, “O Globo” e CBN repudiaram o ataque à jornalista e disseram que é “inaceitável sob todos os aspectos”. “Ao ofender e constranger a jornalista, uma das mais respeitadas do país, o deputado desferiu um atentado à imprensa livre”, afirmaram na nota. “Os ataques não impedirão que o jornalismo independente siga fazendo as perguntas necessárias a todos que ocupam, ou pretendem ocupar, cargos de poder.”

Vera disse que Douglas Garcia agiu “deliberada e premeditadamente” ao atacá-la. “Isso é lamentável, é inadmissível”, afirmou.

A agressão foi repudiada por deputados estaduais de São Paulo e até o fim da manhã desta quinta-feira (15) oito representações contra o deputado foram encaminhadas ao Conselho de Ética da Assembleia. A presidente do colegiado, Maria Lucia Amary (PSDB), notificou Douglas e os integrantes do conselho. O parlamentar terá cinco sessões legislativas para apresentar a defesa prévia e, após esse prazo, o conselho julgará a admissibilidade e definirá se o processo será encerrado ou se prosseguirá. “Como mulher, repudio veementemente esse tipo de comportamento e me solidarizo com Vera Magalhães, que estava no exercício do seu trabalho”, disse Amary.

O presidente da Alesp, Carlão Pignatari (PSDB), disse que o Conselho de Ética irá apurar as denúncias “com transparência e celeridade” e afirmou que a Casa “não compactua e repudia condutas ofensivas e desrespeitosas”.

O Republicanos disse que abrirá procedimento disciplinar para apurar a conduta do deputado.

Os ataques foram criticados também por candidatos, inclusive por políticos próximos a Bolsonaro como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Apesar de já ter atacado jornalistas como Miriam Leitão e Patrícia Campos Mello, Eduardo contrapôs-se ao seu desafeto político e disse que o fato foi “lamentável”, um “constrangimento gratuito injustificável”. “Não há justificativa para provocar uma jornalista e tentar constrangê-la gratuitamente no seu local de trabalho, sem que ela tenha dado qualquer motivo para isso.”

No entanto, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), minimizou o episódio e disse à “Folha” que o fato de o celular de Douglas Garcia ter sido arremessado é “mil vezes pior” do que a agressão.

O governador de São Paulo e candidato à reeleição, Rodrigo Garcia (PSDB), usou o episódio para atacar Tarcísio de Freitas, seu adversário na tentativa de garantir uma vaga no segundo turno. Garcia divulgou vídeo no qual Tarcísio apoia Douglas na disputa pela Câmara, e publicou fotos mostrando os dois juntos. “O sujeito prega o ódio 365 dias por ano. Insulta, desrespeita, assedia. Aí, quando o ódio que ele destila ‘pega mal’, o candidato a governador vem ‘pedir desculpas’, dizer ‘que nem conhece o fulano’. Pelo visto é mais uma prova de que não conhece São Paulo. O ódio não vai governar nosso Estado”, disse no Twitter.

Tarcísio lamentou e repudiou a agressão. “Essa é uma atitude incompatível com a democracia e não condiz com o que defendemos em relação ao trabalho da imprensa”, disse no Twitter. Fernando Haddad (PT) classificou como “ataque covarde”, “tentativa de ataque à liberdade de imprensa” e “método bolsonarista de intimidação contra a democracia”.

Líder do “Movimento Conservador”, Douglas teve destaque em 2018 ao tentar levar às ruas o bloco de carnaval “Porões do Dops”. Eleito, fez um “dossiê antifascista” com dados de cerca de 1 mil pessoas que são oposição a Bolsonaro e foi condenado a indenizar quem foi citado. É alvo do inquérito das “fake news”, do Supremo Tribunal Federal, e fez ataque transfóbico à deputada Erika Hilton (Psol).

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