Por Bárbara Muniz Vieira, G1 SP — São Paulo


A ativista Amanda Marfree — Foto: Reprodução/Instagram

A ativista LGBTQ+ Amanda Marfree morreu nesta terça-feira (23), vítima da Covid-19. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), ligada à Prefeitura de São Paulo.

De acordo com relatos de amigos em redes sociais, Amanda estava com os sintomas da doença, foi internada após piora do quadro clínico e morreu no hospital.

A atriz Renata Carvalho disse que Amanda foi contaminada durante seu trabalho como ativista. Amanda trabalhava como orientadora sócio educacional no Centro de Referência e Defesa da Diversidade (CRD) em São Paulo, e prestava auxílio às pessoas necessitadas durante a quarentena.

"Com sua generosidade e solidariedade, saía de casa para auxiliar travestis e mulheres trans em vulnerabilidade na epidemia. Saía sozinha visitando casas de cafetinas. Onde tinha uma travesti precisando de auxílio, lá estava ela fortalecendo", afirma Renata em publicação de uma rede social.

Amanda tinha 35 anos e nasceu em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Ela era pré-candidata a vereadora na capital paulista. No início dos sintomas, ela chegou a testar negativo para a Covid-19 e estava se cuidando em casa, mas, segundo os amigos, após a piora do quadro ela foi internada no Hospital Planalto, em Itaquera, com suspeita da doença e pode ter tido um quadro de falso negativo.

"Conversamos por vídeo esse final de semana, mostrou as doações que chegaram na sua casa, sobre transfobia, travestis em vulnerabilidades e futuro. Ela estava acamada, ruim havia 5 dias, mas tinha feito o teste do Covid-19 antes, e dado negativo. Pegou em seguida ao teste. Pegou fortalecendo outras iguais a nós. Coisa de gente com alma grande, enorme. Mandei mensagem segunda, não obtive mais resposta, soube que foi internada", diz Renata.

Outro amigo da ativista, Leo Paulino, afirmou que Amanda Marfree chegou a ter alta da UTI e foi para o quarto um dia antes de falecer.

"Ela foi internada antes de ontem. Ficamos todos apreensivos. Foi para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e ontem teve melhora e foi para o quarto. Disseram que ela estava reagindo bem aos remédios. E hoje de madrugada ela morreu. Um choque muito grande. Como assim tem melhoras e horas depois morre?", disse Paulino.

A atriz Renata Carvalho lamentou a morte da amiga e falou da importância do trabalho dela como ativista dos direitos LGBTQ+.

"O mundo fica menos solidário. Nós travestis ficamos sem sua bondade, seu companheirismo e sua militância (era pré-candidata a vereadora em uma chapa coletiva). Que dia triste. Que momento triste. O Traviarcado perde mais uma brava guerreira travesti. O Traviarcado está em luto."

Internações por covid-19 cresceram muito em cidades do interior

Internações por covid-19 cresceram muito em cidades do interior

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!