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Morre o banqueiro José Luiz de Magalhães Lins, incentivador do Cinema Novo

Morre o banqueiro José Luiz de Magalhães Lins, incentivador do Cinema Novo

José Luiz de Magalhães Lins nasceu em 1929, na cidade de Arcos, em Minas Gerais, mas foi no Rio de Janeiro que, ainda jovem, deu início a uma trajetória profissional no mercado financeiro.

Começou como escriturário do Banco Nacional de Minas Gerais, comandado pelo tio dele, Magalhães Pinto, e em poucos anos chegou à vice-presidência.

Como banqueiro, esteve à frente de várias instituições e transitou pelos mais diversos círculos. Conviveu com políticos, empresários, militares, jornalistas e artistas de diferentes visões ideológicas.

Nelson Rodrigues descreveu assim sua habilidade diplomática: "Zé Luiz está num lugar que dá ao sujeito uma visão de guerra e paz, de Balzac e Proust."

José Luiz de Magalhães Lins ajudou grandes empresas brasileiras. Como diretor-executivo do Banco Nacional, foi avalista de um empréstimo concedido ao jornalista e empresário Roberto Marinho, considerado fundamental para os primeiros passos da TV Globo.

Em 1961 casou com Nininha Nabuco, neta do abolicionista Joaquim Nabuco. Juntos tiveram cinco filhos: Ana Cecília, Maria Cristiana, José António, José Luiz Filho - que morreu em 2012 - e João Paulo.

Na vida pessoal, foi um homem discreto, de poucas entrevistas e raras aparições públicas. Alguns de seus pensamentos foram registrados por escrito.

"Não se pode fazer concessões à lealdade".

"Não trair nunca, mesmo que seja obrigado a arcar com os maiores prejuízos e incompreensão".

"O principal é a honra".

Na intimidade refletia: "Um dos maiores problemas e de solução dificílima é o espelho. Em outras palavras, você perante a você mesmo”.

Era amante das artes, apaixonado pelo cinema. Numa comparação com a vida dizia que: “O cotidiano não tem música de fundo como nos filmes”.

Nos anos 60, à frente do Banco Nacional, José Luiz de Magalhães Lins deu sua maior contribuição à cultura brasileira: foi grande apoiador do Cinema Novo e financiou diversas produções que marcaram a cinematografia nacional.

Entre os títulos, estão: Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos; O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de Andrade; Menino do Engenho, de Walter Lima Junior e Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha.

O cineasta baiano, disse à época: "O exemplo do senhor José Luiz de Magalhães Lins é de extraordinária importância neste momento que vive o cinema brasileiro”.

Na literatura, financiou as editoras Nova Fronteira, de Carlos Lacerda, e Civilização Brasileira, de Ênio Silveira. Também apoiou jornais como o Pif-Paf, de Millôr Fernandes, e A Última Hora, de Samuel Wainer.

Sobre as palavras, anotou: "Escrever é muito difícil, mas o mais difícil é pensar bem”.

Nos bastidores da vida pública, José Luiz de Magalhães Lins teve presença ativa em momentos históricos do Brasil - que aparecem citados em quase uma centena de livros.

Ele acreditava que “a teimosia é prima da burrice" e que "numa decisão final, não basta a inteligência, é preciso, acima de tudo, ter bom senso, ou seja, equilíbrio, despido de vaidade ou pretensão, com muita modéstia e humildade”.

Aqueles que o conheceram de perto dizem que era assim que José Luiz de Magalhães Lins se comportava.

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