Por Milena Castro*, G1 DF


O estudante Eduardo Vasconcelos Goyanna Filho — Foto: Arquivo pessoal

O jovem morador do Distrito Federal Eduardo Vasconcelos Goyanna Filho, de 18 anos, é um dos três brasileiros selecionados para estudar, ainda em 2021, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, uma das melhores universidades do mundo. Além da aprovação na instituição, ele conseguiu uma bolsa integral que vai custear o estudo fora do Brasil.

Eduardo embarca nessa jornada junto com um estudante de São Paulo e outro de Pernambuco. Segundo ele, "para passar nas universidades do exterior que oferecem bolsa, o estudante não pode se contentar apenas com a educação dentro de sala de aula, é preciso buscar fora".

Educação como único caminho

Filho de uma agente da Polícia Civil, Eduardo cresceu ouvindo que "o caminho a ser seguido era o da educação e que a criminalidade trazia apenas sofrimento". Com essa frase na cabeça, o jovem conseguiu ingressar no Colégio Militar de Brasília, aos 10 anos de idade.

Já o sonho de estudar fora do Brasil surgiu quando ele cursava o 9ª ano do ensino fundamental. Eduardo percebeu que gostava de temas voltados a política.

"Fui olhar os departamentos de ciência política das universidades brasileiras e percebi que eles estavam sofrendo perdas de recursos e não eram valorizados. No entanto, quando eu olhava lá para fora, era o contrário, eles estavam recebendo recursos", afirma.

O estudante Eduardo Vasconcelos Goyanna Filho — Foto: Arquivo pessoal

Para alcançar uma vaga no exterior, Eduardo estudou e se dedicou, ao longo de quatro anos, a projetos sociais. Ele conta que, no processo seletivo das universidades americanas, não bastam só as notas em sala de aula ou no vestibular. "Eles querem saber qual sua história de vida e como se engajou na comunidade", pontua.

Em um dos projetos que atuou, o brasiliense ensinava democracia, civismo e inglês para crianças que vivem no Paranoá, Itapoã e Varjão. Já no colégio militar, ele participou de uma espécie de reforço escolar, onde os próprios estudantes ajudavam os colegas com deficiência.

Outra atividade que entrou no currículo foi a participação como parlamentar no projeto Parlamento Jovem Brasileiro, uma iniciativa da Câmara dos Deputados. Durante a atuação, ele fez um projeto de lei focado em socioeducação.

Primeira visita à Harvard

Eduardo Vasconcelos Goyanna Filho participa de simulação da ONU na Universidade de Harvard — Foto: Arquivo pessoal

Em fevereiro de 2020, Eduardo passou em uma seleção para representar as escolas militares em uma simulação das Organizações Nações Unidas (ONU) em Harvard. Ele conta que, dessa experiência, nasceu a vontade de regressar para aquele lugar, como estudante.

"Eu contei para minha mãe que queria estudar lá. Lembro que ela pegou o celular e pesquisou 'mensalidade Harvard'. Na hora, ela olhou e disse que não teria condições de pagar. Foi aí que eu comecei a buscar por projeto de ajuda".

Para tornar o sonho possível, Eduardo passou na seleção de duas fundações que dão auxílio financeiro para quem pretende se candidatar a uma universidade no exterior. "Esses programas pagaram os meus custos durante o processo."

Processo seletivo

O estudante Eduardo Vasconcelos Goyanna Filho e a mãe, após aprovação em Harvard — Foto: Arquivo pessoal

O brasiliense explica que o processo seletivo para ingressar em Harvard tem várias etapas. São avaliadas desde as notas na escola até os títulos, prêmios e atividades extracurriculares do candidato. "Outra parte bem importante são as redações, porque é nessa etapa que você conta sua história de vida", ressalta

Ele também precisou enviar cartas de recomendações de professores e fez entrevistas com ex-alunos de Harvard, entre eles o brasiliense Pedro Farias. Eduardo passou por provas de proficiência em inglês e pelos SATs, versão americana do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), onde respondeu questões sobre inglês, matemática, história dos EUA, química e espanhol.

Segundo ele, apenas para as provas, foram sete meses de estudo intensivo. "Nesse último ano, eu tive que abdicar até mesmo de atividades física e de momentos em família. Na maioria dos dias, eu acordava às 9h e ficava até meia noite estudando", relembra.

Aprovação

Após o processo seletivo, em 18 de dezembro, Eduardo recebeu a carta de aprovação. "No dia, meus pais choravam muito, acho que eles estavam com medo de eu passar e não conseguirem pagar", conta.

Junto com a aprovação, no entanto, veio a informação que o jovem receberia um auxílio financeiro. "Na bolsa, entra passagem para os EUA, um dinheiro para comprar casaco, porque lá é muito frio, e uma quantia para itens essenciais", afirma.

Para cursar o primeiro ano da graduação, o estudante precisa estar nos Estados Unidos no mês de agosto. Porém, antes de tudo isso, Eduardo tem que conseguir o visto como estudante. Ele já tentou várias vezes agendar a entrevista na embaixada, mas que até agora não obteve sucesso.

"Ao passo em que estou muito animado e empolgado para ir, fico com receio de não conseguir”, conta.

Planos

Enquanto tenta resolver as questões burocráticas, o jovem se prepara para morar sozinho. "Eu estou fazendo uma lista do que preciso aprender para viver bem, entre elas, está passar camisa social e cozinhar arroz e feijão. São várias coisas domésticas que eu quero saber para não passar muito sufoco", brinca.

Segundo Eduardo, o objetivo é ir para Harvard ter a melhor formação possível, e depois voltar para o Brasil, com projetos que possam reduzir a criminalidade infantil. "Quero trabalhar para que nenhum jovem fique atrás das grades, e sim, mergulhado nos estudos", diz.

*Sob supervisão de Maria Helena Martinho.

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