Política
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE

Por Cristiane Agostine, Valor — São Paulo


De forma unânime, as centrais sindicais assinaram nesta quinta-feira (28) a carta em defesa da democracia, elaborada pela Faculdade de Direito da USP e que já tem mais de 200 mil apoiadores, entre empresários, banqueiros, intelectuais e artistas. O manifesto foi assinado por CUT, Força Sindical, UGT, NCST, CSB, CTB, Pública e Intersindical Central da Classe Trabalhadora.

A carta será lançada oficialmente no dia 11 de agosto, na Faculdade de Direito da USP, na capital paulista. No mesmo dia, movimentos populares e entidades organizam atos em defesa da democracia.

As centrais sindicais afirmaram que vão participar dos atos do dia 11 de agosto e que vão mobilizar suas bases para engrossarem as manifestações. Antes desse ato, no dia 2, as entidades sindicais participarão de uma manifestação em defesa do sistema eleitoral e contra a violência política, no Senado, em Brasília.

Sem citar diretamente o presidente Jair Bolsonaro (PL) e suas recorrentes ameaças à democracia, a carta alerta sobre os riscos às instituições e diz que o país está passando por um “momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições”.

“Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional”, diz o manifesto.

A pouco mais de dois meses das eleições, os signatários defendem o sistema eleitoral brasileiro e o respeito ao resultado das urnas.

O documento é inspirado na “Carta aos Brasileiros”, lida pelo professor Goffredo da Silva Telles Junior, em agosto de 1977, para denunciar a falta de legitimidade da ditadura militar no país.

Leia abaixo a íntegra do manifesto:

“Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!

Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos cursos jurídicos no país, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o estado democrático de direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais.

Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal.

Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular.

A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral.

Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude.

Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos.

Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições.

Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional.

Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão.

Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática.

Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos as brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições.

No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições.

Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona:

Estado Democrático de Direito Sempre!!!!”

Faculdade de Direito da USP — Foto: Divulgação
Faculdade de Direito da USP — Foto: Divulgação
Mais recente Próxima PF: Mensagens indicam que líder do governo pediu dinheiro a empresário e ofereceu ajuda no Inmetro

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

No exterior, o índice DXY, que mede o dólar frente a uma cesta de moedas fortes, avança, e o rendimento dos Treasuries também sobe, devolvendo parte da queda de ontem

Dólar e juros futuros ampliam alta em meio a falas de Galípolo; Ibovespa passa a cair

Expectativa do mercado era de recomposição dessas reservas

Estoques de petróleo dos EUA caem 6,4 milhões de barris na semana até 19 de abril

Investigação independente, liderada por Catherine Colonna, ex-ministra das Relações Exteriores da França busca examinar se número significativo de funcionários da UNRWA tem vínculos com o Hamas ou a Jihad Islâmica

Alemanha retoma cooperação com agência da ONU para refugiados palestinos

Objetivo é atender a demandas por backup, locais isolados ou remotos, sistemas ligados ao agronegócio e a possível demanda de equipamentos no leilão de Reserva de capacidade, previsto para ocorrer em agosto

UCB vai investir R$ 380 milhões em expansão de fábrica de baterias para armazenamento de energia

Esse é o terceiro sorteio sobre o caso e ocorreu em função da decisão da deputada Rosângela Reis (PL-MG) de declinar da missão

Em novo sorteio, deputado do PT passa a compor lista tríplice para relatoria de processo de cassação contra Brazão

Diretor de política monetária do Banco Central reforça que papel da autoridade monetária não é discutir a meta de inflação, mas persegui-la

'Acho que BC nem deveria votar meta de inflação no CMN, diz Galípolo

O dirigente disse acreditar que o BC não deve participar do voto de meta de inflação e destacou o aumento na correlação entre a curva de juros no Brasil com o exterior

Dólar e juros futuros vão às máximas do dia durante falas de Galípolo

Projeto reestrutura o DPVAT, que passará a se chamar Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (SPVAT) e voltará a ser cobrado pelo governo federal depois de dois anos

Recriação do DPVAT é retirada da pauta da CCJ a pedido do relator

Disputa por vaga na Corte trabalhista por provocar novos atritos entre o governo e o presidente da Câmara

Prerrogativas procura Lula para tentar impedir indicação de advogado ligado a Arthur Lira no TST

Iniciativa foi alvo de diversas disputas com o governo. Uma das argumentações é que havia brechas para o uso indevido do Perse até para a lavagem de dinheiro.

Setor de eventos elogia retomada do Perse; programa vai ao Senado