O Paraná é berço e lar de um dos principais nomes da literatura brasileira: Dalton Trevisan. Aos 97 anos, o autor coleciona obras reconhecidas internacionalmente e também uma notoriedade por seu perfil reservado que o rendeu o apelido de "o Vampiro de Curitiba".
Vencedor do Prêmio Camões em 2012, ele tem em sua trajetória a publicação de contos e romances - alguns até hoje renegados por ele - e a publicação da Revista Joaquim. Entre suas obras estão "O Vampiro de Curitiba", "Novelas Nada Exemplares", e "A Polaquinha".
Para especialistas, Dalton colocou Curitiba no mapa da literatura em um país onde, antes, era necessário migrar para grandes centros em busca de espaço.
Por isso, o paranaense é o tema do episódio #93 do PodParaná. Quem conta partes da trajetória e histórias curiosas do autor são:
- Miguel Sanches Neto, escritor e crítico literário. Ele foi amigo de Dalton, mas a relação foi rompida;
- Alberto Viana, fotógrafo. Fez um dos poucos registros conhecidos de Dalton em Curitiba;
- Constantino Viaro, presidente do Museu Guido Viaro. Filho de Guido Viaro, que trabalhou junto com Dalton;
- Raquel Illescas Bueno, pesquisadora e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Estudiosa da vida e obra de Dalton Trevisan;
- Letícia Pille, jornalista. Encontrou o autor em Curitiba.
Dalton é mercado por trajetória de contos e romances - alguns até hoje renegados por ele — Foto: Giuliano Gomes/PR Press
Perfil restrito
Dalton sempre foi descrito como uma pessoa reservada e avessa à exposição, nunca dava entrevistas. Um dos poucos registros públicos dele foi feito pelo fotógrafo baiano Alberto Viana.
Na conversa, ele conta que a foto foi feita por acaso quando passava em frente ao teatro da Reitoria da Universidade Federal do Paraná e percebeu Dalton no mesmo local. Ele fez a foto e a enviou por uma newsletter. Veja:
Um dos poucos registros de Dalton Trevisan foi feito por Alberto Viana — Foto: Foto cedida/Alberto Viana
O acesso pessoal a Dalton é restrito a poucas pessoas. O escritor e crítico literário Miguel Sanches Neto foi um deles. Mas a amizade chegou ao fim por um motivo que, até hoje, o paranaense não sabe explicar.
"Trocamos algumas correspondências, eu escrevendo cartas longas e o Dalton respondendo com bilhetinhos de três ou quatro linhas [...]. Houve uns dois ou três anos que nos encontramos quase semanalmente. Essa foi a relação até romper a amizade. [...] Um crítico literário me disse que um dia 'o Dalton briga com você e não sabe por que'. De certa forma não sei por que ele brigou comigo", relembrou.
PodParaná: toda sexta-feira um novo episódio. Ouça no G1 e em diversas plataformas — Foto: Arte/RPC
Obras
Para a pesquisadora Raquel Illescas, a obra de Dalton é marcada em especial pela transgressão e pela relação crítica com Curitiba.
"Mesmo brincando com a ideia de que a crítica muitas vezes o criticou por tantas vezes, os mesmos nomes, as mesmas situações, as mesmas guerras entre casais curitibanos [...]. Ele [Dalton] retoma temáticas recorrentes, mas deixando muita coisa para o leitor pensar", ressaltou .
O escritor chegou a definir a capital paranaense, onde vive até os dias atuais, como "província, cárcere e lar".
Reconhecimento a Dalton estampado em museu — Foto: Giuliano Gomes/PR Press
Dalton Trevisan é reconhecido por obras publicadas e por perfil reservado — Foto: Giuliano Gomes/PR Press
No Museu Guido Viaro, Dalton Trevisan é o homenageado de uma sala inteiramente dedicada a ele.
Entre contos, romances e filmes baseados na obra do autor estão também edições da Revista Joaquim.
A publicação artística literária foi feita de 1946 a 1948, com 21 números. Para Constatino Viaro, filho de Guido, a revista criou expressividade para Curitiba em uma época em que a conexão entre a cidade e o restante do Brasil era remota.
O local fica na Rua XV de Novembro, nº 1348, no Centro de Curitiba. As visitações são possíveis de terça a sábado, das 14h às 18h.
Museu Guido Viaro com sala para Dalton Trevisan — Foto: Giuliano Gomes/PR Press
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