Por Elida Oliveira, G1


Pesquisadores da UFPR trabalham para desenvolver uma vacina contra a Covid-19 — Foto: Marcos Solivan/UFPR

O corte no orçamento das universidades federais poderá afetar mais de 70 mil pesquisas, 2 mil delas relacionadas à pandemia. O dado é da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e foi divulgado nesta segunda-feira (31).

Ao todo, foram feitos 73.825 projetos de pesquisa e 29.451 de extensão em 2020.

Mas, para 2021, o cenário poderá ser diferente, alerta a Andifes. Houve corte de 18,16% no orçamento discricionário de todas as 69 universidades federais. São recursos voltados a pagar as despesas diárias, exceto salários e aposentadorias, que são obrigatórias por lei.

'Risco de parar': o que dizem reitores e alunos sobre crise nas universidades federais

'Risco de parar': o que dizem reitores e alunos sobre crise nas universidades federais

Na prática, o corte ocorre na verba que paga despesas básicas, como contas de água, luz, contratos com empresas de segurança, bolsas de pesquisa, alimentação e apoio a alunos carentes.

Além do corte, há recursos bloqueados, ou seja, estão previstos, mas dependem de liberação para serem usados, o que atrapalha o planejamento das universidades (leia mais abaixo).

A pesquisa da Andifes também aponta que:

  • Em 2020, mais de 50 mil pessoas terminaram a graduação nas universidades federais, a maioria na área da saúde;
  • Os hospitais universitários oferecem mais de 2 mil leitos para pacientes com Covid-19 – 1,3 mil para internação e 700 para UTI;
  • Mais de 85 milhões de pessoas foram atendidas ao longo de 2020 em várias frentes de enfrentamento à Covid-19;
  • Foram produzidos mais de 691 mil litros de álcool 70%; 515 mil escudos faciais (face shields), e 651 mil máscaras;
  • Foram feitos mais de 670 mil testes de Covid-19 pelas universidades federais, somente em 2020

Corte de 37% em 11 anos

Corredor com pontos de alagamento na UFSC em Florianópolis — Foto: Carolina Fernandes/ G1 SC

O cenário de penúria neste segundo ano de pandemia se soma aos cortes no orçamento e ao impacto da inflação ocorrido nos últimos 11 anos nos cofres das universidades.

Em valores atualizados, o orçamento do MEC para o ensino superior em 2010 seria hoje o equivalente a R$ 7,1 bilhões. Em 2021, é de R$ 4,5 bilhões. Houve queda também em relação a 2020, quando foi de R$ 5,5 bilhões.

Orçamento das universidades federais (em R$ bilhões)
Valores representam recursos absolutos discricionários, disponíveis para investimentos, sem correção da inflação.
Fonte: Andifes

Bloqueio de verba

Em 14 de maio, o Ministério da Economia anunciou a liberação de R$ 2,59 bilhões do orçamento das universidades que estava contingenciado, isso é, "bloqueado" para uso. O valor não é novo. Ele já estava previsto na Lei Orçamentária Anual, mas possuía uma "trava" para ser usado pelas instituições e dependia de aprovação do governo.

Para recompor valores do ano passado, ainda falta liberar R$ 700 milhões e colocar R$ 1 bilhão a mais nos cofres do ensino superior.

Edward Madureira Brasil, presidente Andifes, afirmou ao G1 na época que os recursos ainda não são suficientes para cobrir os custos das universidades até o fim do ano.

"Isso dará um fôlego de algumas semanas ou, no máximo, dois meses. A situação é terrível. Estamos tendo que cancelar coisas elementares", afirma Madureira, que também é reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Saiba mais em Educação

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!