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Por Jornal Nacional


Equipes ainda procuram desaparecidos em Paraty e na Ilha Grande após temporal no RJ

Equipes ainda procuram desaparecidos em Paraty e na Ilha Grande após temporal no RJ

Dezessete pessoas morreram por causa dos temporais no litoral sul do Rio de Janeiro. Em Angra dos Reis, choveu 800 milímetros em 48 horas, um índice sem precedentes na história do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais.

Ainda era de manhã quando os bombeiros encontraram os corpos de Ieda Nunes, de 43 anos, e da menina Rebeca, de 9. São dez mortes até agora só em Angra dos Reis. Wagner perdeu duas netas; a filha ainda está desaparecida.

“Desde sábado que eu estou aqui. Difícil procurar uma pessoa que você não sabe por onde se encontra, sabe que está ali, mas está difícil no momento. Agora eu só quero resgatar ela. É o mais importante. Assim como eu resgatei minhas duas netas, agora eu quero a minha filha”, diz.

Mais de 300 moradores estão desabrigados - mais da metade no bairro Monsuaba. Nesta segunda-feira (4), o presidente Jair Bolsonaro esteve no local e visitou um dos abrigos, acompanhado do governador Cláudio Castro, do PL.

Neste domingo (3), o governo federal reconheceu situação de emergência em Angra dos Reis e, nesta segunda-feira (4), o município recebeu R$ 2,4 milhões para ajudar as famílias atingidas pela chuva.

Os trabalhos na região não param. Bombeiros e Defesa Civil contam com o apoio de máquinas e caminhões, mas quando há a possibilidade da presença de um corpo, o maquinário é paralisado até que a informação seja confirmada.

Enquanto isso, muitos parentes e vizinhos ficam aguardando uma informação; muita gente que mora no local está com o imóvel interditado e não sabe quando vai voltar para casa.

Foi a pior chuva da história do município, segundo a prefeitura. Em três dias choveu a metade do que era esperado para um ano inteiro. Edson teve que sair de casa. Neste período vem mantendo uma igreja aberta para ajudar os bombeiros.

"Na medida do possível, a gente vai ajudando quem pode também estar ajudando. Dando aquele suporte, da maneira que a gente pode estar ajudando, observando. Então, é desse jeito que a gente vai ajudando um ao outro", afirma.

Depois de 48 horas de chuva, a pior da história de Angra dos Reis, o tempo firmou e o mar ficou mais calmo, o que permitiu que a equipe do JN fosse a primeira de TV a chegar no que restou da Praia de Itaguaçu, na Ilha Grande.

Um vídeo gravado no sábado mostra a destruição no local. A água mudou de cor; em nada lembra o tom esverdeado, transparente. Quase não há mais faixa de areia. As imagens de drone dão a grandeza, a dimensão do deslizamento.

Ao chegar à praia, os Bombeiros pediram o uso de capacete à nossa equipe, por questões de segurança. Três casas foram engolidas pela avalanche: duas passavam por obras e estavam vazias, mas em uma outra havia três pessoas - pai e dois filhos, que estão desaparecidos.

Enquanto estávamos no local, homens do Corpo de Bombeiros chegaram de helicóptero para reforçar as equipes que já se encontravam por lá. Minutos depois, mais reforços: um helicóptero da Força Aérea, que está ajudando nos trabalhos na Ilha de Itaguaçu e pousou em uma pequena faixa de areia que ainda sobrou. Bombeiros desceram da aeronave com equipamentos, mantimentos e água mineral.

As pedras, a terra, as árvores mudaram o curso de uma nascente que deságua no mar. A praia de Itaguaçu era considerada um pequeno refúgio da Ilha Grande. A trilha de acesso à praia está bloqueada; a única maneira de chegar agora é pelo mar.

Três dias depois do temporal que atingiu Paraty, os bombeiros ainda trabalham na praia de Ponta Negra em busca da menina Yasmin, de nove anos, filha de Lucimar de Jesus, de 35 anos. Ela morreu junto com mais cinco filhos em um deslizamento de terra. Um dos filhos sobreviveu e está internado em estado gravíssimo.

A cidade se recupera dos estragos, mas ainda tem muita gente sem água e energia elétrica. "Está bem difícil. Agora está começando a estabilizar", fala a funcionária pública Valova Campos.

Na rodovia Rio-Santos, ainda há barreiras bloqueando as estradas. Na tarde desta segunda-feira (4), máquinas trabalhavam na limpeza das pistas, mas ainda há muitas pontos de interdição.

Na cidade tem mais de 100 desabrigados.

“A chuva levou tudo, meus instrumentos de trabalho todos. Perdi toda a minha roupa também”. Essas roupas que estou vestindo peguei aqui mesmo, ontem", lamenta o vendedor ambulante Marcelo Cavalcanti.

O recesso escolar da rede municipal de Paraty foi antecipado porque as escolas viraram pontos de apoio. Cada sala de aula agora é um alojamento que abriga cerca de cinco famílias. E a divisão tenta colocar no mesmo espaço pessoas que já se conheciam.

“Encheu o bairro onde eu morava. Aí minha amiga veio, me chamou para ir para casa dela. Quando eu fui para casa dela, também encheu de água. A gente foi para casa de outra pessoa, que também encheu de água, e nós viemos para cá”, conta uma das desalojadas.

Centenas de pessoas estão mobilizadas para dar apoio. “Muito amor por esse pessoal que perdeu tudo nesse mundo”, diz voluntária.

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