Técnicos avaliam extensão do dano ambiental de rompimento da barragem

Técnicos avaliam extensão do dano ambiental de rompimento da barragem

Técnicos avaliam a extensão do dano ambiental provocado pelo rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais. A quantidade de rejeito que desceu a serra é impressionante: cerca de 12 milhões de metros cúbicos. A lama vazou da barragem 1 do complexo da Vale conhecido como Mina Córrego do Feijão. O primeiro impacto foi nas dependências da mineradora. Escritórios e um refeitório onde havia centenas de funcionários foram soterrados.

Segundo a mineradora, o rejeito soterrou as barragens 4 e 4A, e desceu com força arrasando tudo que estava no caminho. A lama derrubou a mata fechada e em pouco tempo atingiu casas, sítios. Uma pousada sumiu do mapa. “A esposa do Gelson, tem meu irmão que está desaparecido. Só três pessoas que a gente achou”, diz um morador.

Num ramal de ferrovia, na região do Córrego do Feijão, três locomotivas e 132 vagões foram soterrados. Quatro ferroviários estão desaparecidos. Nem estruturas enormes, de concreto, conseguiram resistir. O rejeito arrastou e jogou abaixo dois pilares de um pontilhão e cerca de cem metros de linha de trem.

A lama espessa também fechou estradas e foi parar dentro do Rio Paraopeba, que abastece um terço da Região Metropolitana de Belo Horizonte. As imagens do antes e depois revelam um estrago assustador no rio.

“Nós temos os impactos químicos dos metais que vão sedimentar, que vão se incorporar ao solo, aos fundos dos rios. Vamos acabar impactando todo o ecossistema, ou seja, as próprias características biológicas do ecossistema, os peixes de vida superior, etc”, explica Antônio Eduardo Giasante, professor de engenharia hídrica da Universidade Mackenzie.

Ambientalistas dizem que a onda de rejeitos pode chegar ao Rio São Francisco, que além de Minas Gerais passa por outros quatro estados: Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Antes de cair no Velho Chico, a onda de rejeitos passaria pelas barragens de duas usinas hidrelétricas: a de Retiro Baixo e a de Três Marias, na região central de Minas. A Agência Nacional de Águas (ANA) informou que a lama pode poluir 300 quilômetros de rios.

“A contaminação já existe, é o grau de contaminação que precisa ser avaliado. É preciso que se avalie a extensão dos danos, o volume de rejeitos e que medidas serão adotadas para retirada desses rejeitos”, afirma Carlos Rittl, diretor-executivo do Observatório do Clima.

A barragem 6, que não foi atingida, preocupa as autoridades. A mineradora confirmou que está usando bombas para retirar água do reservatório. Funcionários, Bombeiros e a Defesa Civil fazem o monitoramento da estrutura de hora em hora para verificar a estabilidade dela.

O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse que a barragem estava inativa desde 2015 e que o material não deve se deslocar muito. “Os técnicos estão me explicando é que como esta barragem estava inativa, o material que estava dentro dela vai secando e consequentemente o rompimento levou a espalhar um líquido, mas com uma concentração maior de terra seca, o que faz com que ela não tenha grande potencial de andar. Eu creio que o risco ambiental, nesse caso, vai ser bem menor que o de Mariana”, diz o presidente da Vale.

Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!
Mais do G1