Por Raoni Alves, G1 Rio


Rio e Niterói fecharão escolas, bares e restaurantes durante 'superferiado'

Rio e Niterói fecharão escolas, bares e restaurantes durante 'superferiado'

Os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), e de Niterói, Axel Grael (PDT), confirmaram nesta segunda-feira (22) que as duas cidades vão adotar regras de isolamento ainda mais rigorosas para conter a Covid-19.

Durante 10 dias, período do "superferiado" já anunciado pelo Governo do RJ, entre 26 de março a 4 de abril, os novos decretos só autorizam a funcionar os serviços essenciais.

"Eu não chamaria de nem de feriado. Eu chamaria de momento de celebração da vida, de mais isolamento social. Porque feriado traz para a gente o momento da viagem, de lazer, ou tomar uma cerveja com os amigos, de jogar bola, ir para a praia", disse Paes.

Ao contrário do que anunciou o governador em exercício, Cláudio Castro (PSC), bares e restaurantes serão fechados, assim como escolas e creches. A permanência de pessoas na rua está vetada entre 23h e 5h. Jogos de futebol e outros eventos esportivos também foram proibidos.

A vacinação contra a doença não será interrompida.

Não poderão funcionar:

  • lojas de comércio não essencial;
  • shoppings;
  • bares, lanchonetes e restaurantes (só podem funcionar no esquema drive thru ou entrega);
  • boates;
  • danceterias;
  • museus;
  • galerias;
  • bibliotecas;
  • salões de cabeleireiro;
  • clubes;
  • quiosques;
  • parques de diversão
  • escolas
  • universidades
  • creches
  • cirurgias e procedimentos eletivos em unidades da rede pública
  • eventos esportivos (incluindo jogos de futebol)
  • permanência nas praias seguem proibidas (atividades físicas individuais permitidas)
  • estabelecimento de ensino de esportes, música, arte, cultura, cursos de idiomas, cursos livres, preparatórios e profissionalizantes (presenciais)
  • centro de treinamento e formação de condutores

Poderão funcionar (com restrições):

  • bancas de jornal, sendo proibidas a venda de bebida alcoólica
  • supermercado;
  • farmácia;
  • atividades físicas individuais em parques e praias;
  • transporte;
  • comércio atacadista;
  • pet shop;
  • lojas de material de construção;
  • locação de carros;
  • serviços funerários;
  • bancos;
  • serviços médicos;
  • Mecânicas de veículos e bicicletas e loja de autopeças;
  • Hotelaria, com serviço de alimentação restrito a hospedes;
  • igrejas;
  • postos de combustíveis;
  • feiras livres;
  • serviços de telecomunicações, teleatendimento e call center.

Academias

Perguntado duas vezes sobre o funcionamento das academias de ginástica, Paes afirmou que "detalhes" seriam dados no decreto.

O texto desta segunda libera atividades físicas individuais nesses espaços e proíbe aulas coletivas.

Em um decreto anterior, de 4 de março, ficou autorizado que as academias estavam autorizadas a funcionar “considerando a essencialidade da atividade para a manutenção dos níveis de saúde da população”.

Critérios

'Durante a pandemia, nunca se teve tantas pessoas internadas em leitos de UTI', diz secretário de saúde do Rio

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Segundo secretários de saúde das duas cidades, os crítérios utilizados para as medidas foram os aumentos de casos, óbitos, atendimentos hospitalares e utilização de eitos da rede pública.

"Houve a iniciativa do governador de apresentar um decreto e nós vamos apresentar um conjunto de medidas que estarão nós dois decretos. Os decretos não são idênticos, mas trazem uma sinergia, uma combinação de ações que vão manter o equilíbrio e uma estratégia de combate a Covid. Estamos vivendo talvez o momento mais crítico desta pandemia. As coisas estão acontecendo muito rápido. Hoje nos já estamos em uma situação muito diferente da última quinta feira", disse Grael.

O secretário de saúde de Niterói, Rodrigo Oliveira, disse que, em três dias, a cidade passou de 56% para acima dos 90% de ocupação de UTI em hospitais particulares. Na rede SUS, a ocupação era de 86% nesta segunda.

Prefeitos do Rio e Niterói anunciam medidas restritivas — Foto: Raoni Alves/G1

O secretário de saúde do Rio, Daniel Soranz, disse que o ideal é que as restrições fossem coordenadas pelo governo estadual, mas, na ausência de entendimento nesse sentido, os municípios decretaram as medidas. "Durante a pandemia, nunca se teve tantas pessoas internadas em leitos de UTI", afirmou.

"Nenhum de nós toma as decisões que toma hoje feliz, alegre ou por prazer", disse Paes. "Todos nós buscamos ao longo dos tempos, especialmente nas última semanas, chamando a atenção para a necessidade de coesão metropolitana nessas decisões", acrescentou.

"É muito difícil atender a apelos que prefeitos fazem ou atender a decretos que prefeitos baixem se não tiver todas as autoridades falando a mesma língua", afirmou. "A gente fez de tudo para que nós não precisássemos tomar essas medidas, mas elas são necessárias".

"É assustadora uma cena que o Daniel Soranz mostrou de 30 ambulâncias subindo juntas para o Hospital de Acari", afirmou Paes.

Choque com o Governo do RJ

'Na cidade do Rio de Janeiro valerão as regras da prefeitura do Rio' afirma Eduardo Paes

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Os planos do Rio e Niterói de anunciar medidas mais restritivas para conter o avanço da Covid têm pontos de conflito com decisões anunciadas pelo governo.

Apesar de anunciar que o estado terá um “superferiado” de 10 dias a partir da próxima sexta-feira (26) e até o Domingo de Páscoa (4), Cláudio Castro (PSC) disse que os municípios não vão poder mandar fechar bares e restaurantes durante o período.

Ao blog do Edimilson Ávila, do G1, Castro diz que as medidas dele devem se sobrepor às dos municípios e que pode recorrer à Justiça.

A prefeitura entende que a maior parte das medidas municipais se sobrepõem às normas do estado, como o funcionamento de bares e restaurantes.

“Olha, a pior coisa nesse momento é desinformação. Primeiro, quando você faz um feriado e deixa tudo funcionando, as pessoas não vão entender o recado de restrições (...) A ideia de antecipação dos feriados fui eu que dei para o governador (...) Na cidade do Rio de Janeiro, valerão as regras da prefeitura do Rio de Janeiro”, disse Paes.

No meio do embate, o prefeito Eduardo Paes chegou a publicar críticas ao governador em uma rede social nesta segunda (22).

"CastroFolia! A micareta do governador! Definitivamente ele não entendeu nada do objetivo de certas medidas", escreveu Paes.

O “superferiadão”, que iria desta sexta-feira (26) até o Domingo de Páscoa (4), ainda depende do aval dos deputados estaduais.

Regras planejadas pelo estado (ainda não publicadas)

ENSINO

  • Escolas públicas e particulares fechadas.

TRANSPORTES

  • Manutenção da oferta de transportes públicos das 5h à meia-noite, de segunda a sábado, e das 7h às 23h aos domingos, para evitar aglomerações;
  • Fiscalização do uso de máscara e álcool em gel nas estações;
  • Proibição de fretamento de ônibus intermunicipais e interestaduais, exceto de transporte de trabalhadores.

BARES E RESTAURANTES

  • Funcionamento com metade da capacidade;
  • Entrada de clientes até 21h;
  • Fechamento até 23h;
  • Proibido vender bebida alcoólica para clientes em pé;
  • Permitido servir em mesas de até quatro pessoas;
  • Drive-thru, delivery e take-away mantidos;
  • proibição de consumo de bebidas alcoólicas em lojas de conveniência e bancas de revistas.

COMÉRCIO

  • Shoppings e centros comerciais devem funcionar com 40% da capacidade, das 12h às 20h;
  • Lojas em geral podem abrir entre 8h e 17h;
  • O setor de serviços pode atender das 12h às 20h;
  • Feiras livres poderão funcionar a critério de cada município.

INDÚSTRIA

  • Segue as regras dos feriados.

LAZER

  • Praias permanecerão fechadas;
  • Clubes e parques também serão fechados;
  • Continua proibida a permanência em espaços públicos entre 23h e 5h;
  • Festas e eventos de qualquer natureza seguem proibidos.

HOTÉIS

  • abertos, com proibição das áreas de lazer (exceto academia). Bares e restaurantes dos hotéis seguem a regra geral do setor;

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