Por g1


Governo vai revogar portaria de emergência de saúde pública de importância nacional por causa da covid

Governo vai revogar portaria de emergência de saúde pública de importância nacional por causa da covid

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou neste domingo (17) o fim do estado de "emergência sanitária nacional" por causa da Covid-19, instaurado em fevereiro de 2020.

A decisão marca o fim de medidas impostas ainda no início da pandemia, mas não o fim da pandemia em si, essa é de responsabilidade da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Neste domingo, o país registrou 2.243 casos confirmados e 18 mortes. A média móvel de mortes por Covid no Brasil chegou a 100, a menor desde 5 de janeiro).

De acordo com Queiroga, ainda será editado "nos próximos dias" um "ato normativo" que explicará exatamente quais serão as medidas adaptadas após o fim da declaração.

Com o fim da emergência em saúde pública, o Ministério da Saúde estima que mais de 2.000 normas caiam em todo o país, como a possibilidade de comprar medicamentos e insumos médicos sem licitação.

Nesta reportagem, veja em 7 pontos o que é e o que pode mudar com o fim da emergência:

  1. O que é Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional?
  2. Quando acaba a emergência sanitária?
  3. Por que a medida sanitária foi criada?
  4. Isolamento, quarentena e vacinação: o que diz a Espin?
  5. O que levou ao fim do estado de emergência sanitária?
  6. O que dizem os especialistas?
  7. Qual a diferença entre pandemia e endemia?

Idosa toma vacina contra a Covid-19 em Juiz de Fora — Foto: Prefeitura de Juiz de Fora/Divulgação

1. O que é Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional?

O estado de "Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional", também chamado Espin, é considerado o nível máximo de risco da doença no Brasil.

Ele entrou em vigor em fevereiro de 2020, poucos dias depois de a OMS declarar emergência internacional de saúde pública.

A norma permitiu que o governo federal e os governos estaduais e municipais tomassem uma série de medidas, como o uso obrigatório de máscaras e a autorização emergencial para vacinas.

A OMS ainda não reavaliou a situação de emergência internacional. E não há um prazo para isso. Mas cada país pode decidir sobre a sua situação com base na situação epidemiológica de seu território.

Entenda o que significa "emergência em saúde pública de importância nacional"

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2. Quando acaba a emergência sanitária?

A TV Globo apurou que, com uma nova portaria, o governo pode estabelecer um prazo, de 30 a 90 dias, para que os órgãos públicos se adaptem.

Ou seja, as normas em vigor atualmente não perderiam a validade de imediato. E algumas poderiam ser prorrogadas.

O Ministério da Saúde pediu à Anvisa, por exemplo, que autorize a manutenção, por até um ano, do uso emergencial de alguns produtos para combater a Covid-19, como a vacina CoronaVac.

3. Por que a medida sanitária foi criada?

A medida sanitária foi criada para diminuir a burocracia para contratações temporárias de profissionais de saúde, aquisição de bens e contratação de serviços.

Com ela, ficou prevista a dispensa de licitação e autorizou a importação de produtos sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Entre as normas que poderão ser afetadas com o fim do estado de "emergência sanitária nacional" estão, por exemplo, a do uso de máscaras, do teletrabalho, e da regulamentação da telemedicina.

Mogi vacina idosos de 65 anos ou mais contra gripe e Covid-19 — Foto: Divulgação/PMMC

4. Isolamento, quarentena e vacinação: o que diz a Espin?

As normas aplicadas sob o estado de "emergência sanitária nacional" regulamentaram o isolamento, a quarentena, e a realização compulsória de exames médicos e vacinação.

Além disso, as normativas autorizaram a aplicação de medicamentos e vacinas para uso emergencial e a possibilidade de restrição da entrada e saída do país.

Não está claro, até a última atualização desta reportagem, como os decretos e medidas poderão ser atingidos independentemente.

5. O que levou ao fim do estado de emergência sanitária?

Em seu pronunciamento, o ministro falou que com a alta taxa de vacinação no país – com cerca de 73% da população vacinada – além de uma melhora no cenário epidemiológico, foi possível decretar o fim da Espin.

Em março, o ministro havia dito que era preciso ao menos três fatores para a sua revogação:

  1. Cenário epidemiológico favorável, com queda nos casos e mortes
  2. Estrutura do sistema hospitalar, principalmente das UTIs desafogadas
  3. Acesso a medicamentos eficazes contra a Covid-19 na fase inicial

Queiroga reiterou, no entanto, que o fim do estado de emergência não significa o fim da pandemia – e nem citou a possibilidade de considerar a Covid-19 uma endemia no Brasil.

6. Não é melhor momento, segundo especialistas

Especialistas avaliam que, apesar da redução recente das infecções, este ainda não é o melhor momento para revogar a portaria de emergência da saúde pública no Brasil.

A pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Margareth Dalcolmo disse à TV Globo que a medida é retórica.

"Eu acho que essa retórica, digamos assim, de terminar por decreto a emergência sanitária não é ainda adequada no Brasil", disse Dalcolmo.

Uma das preocupações dos especialistas é que o fim da emergência acabe com a exigência do passaporte vacinal para entrar em certos lugares.

Gonzalo Vecina, ex-presidente da Anvisa e médico sanitarista, aconselha os brasileiros a manterem as medidas de cuidado e prevenção, como lavar as mãos e usar máscaras em lugares com aglomeração.

"É fundamental que as medidas higiênicas continuem valendo para nós individualmente. É uma medida civilizatória que cada um de nós tem que tomar", afirmou o especialista.

Pessoa anda com máscara de proteção contra a Covid-19 na mão. — Foto: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

7. Qual a diferença entre pandemia e endemia?

No mês passado, o ministro da Saúde chegou a falar sobre o rebaixamento de pandemia para endemia, assim como o presidente Jair Bolsonaro.

Endemia é o status de doenças recorrentes, típicas, que se manifestam com frequência em uma determinada região, mas para a qual a população e os serviços de saúde já estão preparados.

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