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Artigos escritos por colunistas convidados especialmente para O GLOBO.


Por Bruno Eizerik

Nos últimos dois anos, promovemos uma cruzada nacional pela abertura de nossas escolas em função da pandemia. Nossa posição sempre foi que elas jamais deveriam ter sido fechadas, o que ocorreu em países com os melhores índices educacionais. Mas, se isso fosse necessário, que deveriam ser as últimas a fechar e as primeiras a reabrir.

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O resultado das escolas fechadas foi um aumento expressivo de crianças não alfabetizadas em nosso país, além da aprovação de alunos para o ano seguinte sem que tivessem colocado o pé em sala de aula ou tido atividades remotas. Depois de tudo o que passamos, o governo federal volta à tona com a ideia de instituir o ensino doméstico, que, além de um retrocesso, é um crime contra a formação de nossas crianças.

Não pretendo discutir aqui se o ensino doméstico foi uma proposta de campanha do presidente ou se foi o único ponto prioritário levantado pelo atual governo para a educação, nem o fato de que é nas escolas que se descobrem vários casos de violência doméstica contra nossas crianças.

Melhor falar do prejuízo que os pequenos sofrerão por ficar fora das salas de aula. Os danos serão enormes e afetarão acima de tudo o desenvolvimento socioemocional das crianças. Sem entrar na questão da falta de conhecimento pedagógico dos pais para assumir a função da escola, não se pode, sob aspecto algum, comparar a relação entre pais e filhos com a relação entre professor e aluno.

As crianças vão à escola para aprender, mas também para aprender a conviver. É na convivência em sala de aula que os pequenos estudantes descobrem que existem crianças diferentes deles e que podem pensar diferente. Roubar a escola de nossas crianças é como criá-las dentro de uma redoma de vidro onde só existe uma única verdade.

Aprender a conviver é tão importante quanto “aprender a aprender”, pois somos seres sociáveis. Privar os estudantes desse ambiente resultará num adulto com menos autonomia e empatia. Família e escola se complementam quando se fala de educação, mas, infelizmente, o governo federal ainda vive na era do “ou”; isto é, escola ou família, quando o correto é escola e família.

A escola privada oferece uma variedade de opções no que diz respeito à linha pedagógica e à confissão religiosa para as famílias que têm condições de ter acesso a ela. A rede pública, sabemos que precisa ser melhorada, mas isso não ocorrerá tirando nossas crianças da escola.

Parece que o governo federal faltou à aula ou não entendeu bem a lição, pois uma frase muito usada durante a pandemia precisa ser repetida agora: “Lugar de criança é na escola”.

*Presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep)

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