Por Juliana Lisboa, g1 RS


Fósseis resgatados até o momento são predominantemente de plantas — Foto: Equipe de pesquisadores/Divulgação

Paleontólogos do Rio Grande do Sul reencontraram um sítio fossilífero (que contém fósseis animais ou vegetais) perdido há mais de 70 anos nas imediações de Dom Pedrito, na Fronteira com o Uruguai. Os registros fósseis datam de cerca de 260 milhões de anos atrás, antes dos dinossauros, e ficaram resguardados em finas camadas de rocha.

Já foram coletados mais de 100 espécimes de fitofósseis (plantas fósseis), entre elas, grupos pertencentes aos antepassados das atuais coníferas e samambaias.

"Os fósseis resgatados até o momento são predominantemente de plantas, mas encontramos também fósseis de animais como moluscos e peixes. Acreditamos que, pelo tipo de ambiente deposicional que preservou os fósseis, certamente muitas surpresas (tesouros fossilíferos) ainda estão por vir", afirma a paleobotânica Joseline Manfroi, responsável pelas escavações e pesquisa.

As escavações vem acontecendo de forma periódica desde 2020. "Esse sítio fossilífero é riquíssimo, tanto tratando-se de diversidade quanto de quantidade dos fósseis. É trabalho para muitos anos de pesquisa." A pesquisadora explica que, atualmente, o grupo tem projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do RS com projeção de três anos para as atividades de campo.

Pesquisadores encontram sítio paleontológico 'perdido' por mais de 70 anos em Dom Pedrito

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A localidade onde os fósseis foram resgatados é conhecida como "Cerro Chato", e foi descrita pela primeira vez em 1951 por pesquisadores que faziam o mapeamento geológico no Pampa. Na época, fósseis foram coletados e descritos, mas a tecnologia disponível não permitiu o referenciamento geográfico do sítio.

Em 2019, a área foi novamente localizada, em um esforço conjunto que contou com a participação de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, da Universidade do Vale do Taquari (Univates) e da Universidade Federal do Pampa (Unipampa).

As escavações da equipe acontecem de forma periódica — Foto: Equipe de pesquisadores/Divulgação

Os fósseis coletados estão depositados na coleção científica do Laboratório de Paleobiologia da Unipampa, que é a instituição pública fiel depositária de todos os fósseis que foram e resgatados do sítio.

"Há muito mais material fossilífero a ser resgatado. Estamos tendo a preocupação, juntamente com o proprietário da área em manter importantes fósseis in loco, para que no futuro estes possam ser devidamente protegidos e estarem disponíveis para a visitação e conhecimento do público geral, também fomentando o Geoturismo da região", relata Manfroi, pesquisadora da Univates e do Instituto Antártico Chileno.

Os proprietários da fazenda onde o sítio está localizado e a Prefeitura de Dom Pedrito ofereceram suporte para as coletas. "Com a ajuda da prefeitura e todo o apoio oferecido pelos proprietários, foi possível realizar uma escavação controlada e eficiente no sítio", conta o paleontólogo Felipe Pinheiro, da Unipampa, que coordena as escavações.

O final do período Permiano, de quando datam os fósseis encontrados, é marcado pela mais severa extinção em massa conhecida ao longo do tempo geológico, quando mais de 90% da vida na Terra foi dizimada devido a intensas perturbações climáticas, dizem os pesquisadores.

Localidade onde os fósseis foram resgatados é conhecida como "Cerro Chato". — Foto: Equipe de pesquisadores/Divulgação

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