RIO — A Lagoa da Tijuca amanheceu nesta sexta-feira com uma mortandade de peixes. A situação foi testemunhada pelo biólogo Mário Moscatelli, que estima ter visto o equivalente a cerca de uma tonelada de tilápias boiando enquanto fazia um passeio de barco na região. Segundo ele, o problema é fruto da combinação entre a ressaca que começou no início da semana e o crônico lançamento de esgoto no sistema lagunar de Jacarepaguá.
— O esgoto despejado nas lagoas gera grande quantidade de gás sulfídrico e metano, que são tóxicos e ficam depositados no fundo. Quando acontece uma ressaca, a água do mar chacoalha o fundo das lagoas, resultando na liberação desses gases. Assim, os poucos peixes que ainda resistem no sistema são asfixiados e acabam morrendo. É praticamente certo: tem ressaca, logo em seguida vem o cheiro de ovo podre, causado pela eliminação dos gases, e, então, um dia depois há mortandade de peixes — explica Moscatelli.
A tilápia é uma das espécies mais afetadas por esse contexto de poluição, de acordo com o biólogo, para quem a solução do problema passa pela urgente ampliação do saneamento básico:
— Este tipo de quadro era frequente na Lagoa Rodrigo de Freitas: entrava uma frente fria, havia mortandade de peixes, o que foi revertido com saneamento. Não há outra saída. Precisamos de uma atuação rápida das forças envolvidas na recuperação do sistema lagunar de Jacarepaguá. Daqui a pouco está chegando o verão e teremos um grande problema na Praia da Barra com as cianobactérias, que são microorganismos que se multiplicam com a insalubridade das lagoas, chegam ao mar e, além de atingirem a fauna, afetam as pessoas que entram em contato com essa água. Essa toxina faz mal ao fígado.