Após dois anos de atraso, começa nesta segunda-feira (1º) a coleta de dados do Censo Demográfico 2022. O orçamento é o mesmo que tinha sido previsto em 2019, a despeito do avanço da inflação no período.
Além disso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) ainda precisa contratar 15 mil recenseadores para completar o quadro de mais de 200 mil trabalhadores temporários.
Ainda que a preparação para a operação já tenha começado há anos e tenha se intensificado nos últimos meses, é a ida dos recenseadores para a rua que marca o início da pesquisa, maior operação estatística do país.
Ao longo de três meses, serão visitados cerca de 75 milhões de domicílios por 183 mil recenseadores em todas as cidades brasileiras, com foco na contagem da população e no levantamento de sua faixa etária, mas também em busca de informações sobre características dos domicílios, raça, educação, deslocamento, mortalidade e autismo, entre outros temas.
Previsto inicialmente para 2020, o censo foi adiado por dois anos seguidos, primeiro por causa da pandemia e depois por falta de recursos no Orçamento do governo federal.
É o maior atraso na pesquisa desde 1940, quando começou a ser realizado a cada dez anos no Brasil. Só na década de 90 ocorreu um adiamento, quando foi realizado em 1991 e não em 1990.
Ao lado dos desafios logísticos típicos desse tipo de operação, o IBGE enfrenta a dificuldade de realizar um censo com os mesmos R$ 2,3 bilhões previstos desde 2019 com uma inflação que pressiona custos importantes, como combustível e aluguel de veículos.
O próprio diretor de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, admitiu recentemente a preocupação com a alta da inflação para os gastos da pesquisa. No dia seguinte, o presidente, Eduardo Rios Neto, procurou minimizar a questão.
Além disso, a convocação de milhares de recenseadores na reta final indica certa complicação para o preenchimento das vagas o que, segundo especialistas, pode trazer alguma dificuldade para realizar a coleta dos dados no período padrão de três meses (agosto, setembro e outubro) dos censos.
Na esteira dos adiamentos, também os concursos foram postergados e podem ter afetado de alguma forma o interesse pela ocupação. Agora, para atrair candidatos, o processo de seleção dispensa a necessidade de prova e o pagamento de taxa de inscrição. A seleção se dará por análise de currículo.
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep) e professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/Unicamp), Roberto Luiz do Carmo, este é um Censo ainda mais relevante, por trazer a contagem da população depois de uma pandemia como a que vivemos, o que vai ajudar a compreender o atual estágio de transição demográfica, considerando o ritmo de envelhecimento da população e o estágio da população jovem, para planejar políticas públicas e avaliar a disponibilidade de mão de obra.