Economia

TV Globo e japonesa NHK fazem parceria rumo à tecnologia 8K

Resolução 16 vezes maior que a atual TV Full HD dá sensação de imersão
 Display de plasma com 145 polegadas, fabricado pela Panasonic em parceria com a NHL, TV pública japonesa, para uso com a tecnologia 8k Foto Divulgação Foto: Terceiro / Agência O Globo
Display de plasma com 145 polegadas, fabricado pela Panasonic em parceria com a NHL, TV pública japonesa, para uso com a tecnologia 8k Foto Divulgação Foto: Terceiro / Agência O Globo

Enquanto ainda estamos nos acostumando a ver televisão em alta definição, em Full HD, com resolução de 1920 x 1080 pixels, há quem sonhe com um futuro imediato de televisão 4K, com quatro vezes esta resolução. Mas o time de pesquisa e desenvolvimento da TV Globo, em parceria com a NHK — a TV pública do Japão —, já está de olho em algo ainda mais avançado: a tecnologia 8K, que oferece 16 vezes mais resolução final que o HD.

Após experiências bem sucedidas de captação e reprodução de vídeo 8K no Carnaval 2013 e na Copa das Confederações, no Rio de Janeiro, a TV Globo já está em via de desenvolvimento, acompanhando e contribuindo com o aprimoramento da tecnologia no Japão, onde as transmissões via satélite em 8K começarão em 2016, e via terrestre em 2020. No Brasil, começaremos logo pela transmissão terrestre e a expectativa é que o cronograma seja bastante similar.

Futuro: uma tela gigante na sala de estar

Raymundo Barros, diretor de engenharia de entretenimento da TV Globo, é quem está à frente do projeto 8K na emissora. Ele explica que a tecnologia do UHD TV (Ultra High Definition TeleVision), aqui conhecida como 8K, é a evolução natural da mídia televisiva.

—Começamos com a TV analógica, 60 anos atrás. Depois viemos para a TV digital, em HD (High Definition), e agora o Japão tem uma previsão de que em 2016 estará fazendo experiências reais de transmissão em 8K ou Super Hi-Vision, como é chamada lá — explica Barros. — A resolução do 8K é de 7.680 x 4.320 pixels, ou seja, são 33.177.600 pixels, e com 22,2 canais de áudio. Com uma resolução assim, podemos ter telas muito grandes. Já existem telas LCD de 85 polegadas e de plasma com 145 polegadas.

Mas Barros esclarece que, apesar desses telas gigantescas, o espectador não precisa ficar a léguas de distância da televisão.

— A resolução é tão alta que o usuário pode sentar-se bem perto da tela, experimentando a sensação de estar praticamente dentro da cena.

Espectro é um problema

Tecnologicamente estamos acompanhando o Japão bem de perto. Mas para o 8K ser implementado mais rapidamente no Brasil é preciso antes resolver toda a questão nacional de espectro, que põe frente à frente os interesses das emissoras de TV e os das operadoras de telefonia, que ambicionam algumas das faixas de frequência eletromagnéticas utilizadas hoje pela televisão aberta.

— Todo mundo quer espectro e, no momento, as faixas atualmente utilizadas pela televisão têm outros interessados. Só que a TV tem suas próprias necessidades para continuar evoluindo — observa Barros, que conversou com O GLOBO no Projac.

Segundo o executivo, a conversão de TV convencional SD (standard definition) para o padrão HD na TV Globo não implicou em interrupções na programação. Mas e no caso da TV 8K?

— Iremos fazer a migração de Full HD para 8K exatamente como fizemos a passagem da TV analógica para o HD na Globo, ou seja, “com o avião voando” — comenta um risonho Barros. — Mas o tamanho dos arquivos será um desafio e tanto: 1 minuto de sinal HD representa 10GB (Gigabytes) de informação (um disco de blu-ray tem capacidade de armazenar 25GB). Já o mesmo minuto em 8K representa entre 360GB e 1,4TB (Terabyte) de espaço.