Economia

Investimento vai fazer do Rio quarto maior porto do país

Com obras de R$ 1 bilhão, empresas ampliam cais e poderão receber em 2014 navios de maior porte

No Caju. Ampliação do terminal de contêineres do grupo Libra já tem 30% do cais pronto
Foto: Márcia Foletto / Márcia Foletto / Agência O Globo
No Caju. Ampliação do terminal de contêineres do grupo Libra já tem 30% do cais pronto Foto: Márcia Foletto / Márcia Foletto / Agência O Globo

RIO - A pleno vapor, avança em lajes sobre estacas o Porto do Rio. Os investimentos de ampliação dos terminais de dois operadores portuários, a Multiterminais e o Grupo Libra, no Caju, somam cerca de R$ 1 bilhão e podem alçar o Rio à quarta posição no ranking de portos com maior movimentação de contêineres do país, segundo o Instituto Ilos. Hoje, o porto ainda está em quinto, atrás de Santos (SP), Itajaí (SC), Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS).

Os grupos privados se preparam para ampliar a capacidade de atendimento aos navios de grande porte. Ao todo, a área das duas empresas sairá de 1.258 metros para 1.960 metros. As obras incluem a ampliação do cais, armazéns e pátio de estocagem de contêineres e carga geral e a compra de equipamentos, como pórticos e portêineres (guindaste usado no deslocamento de contêineres). Os investimentos são anteriores à nova Lei dos Portos e estão a cargo da Andrade Gutierrez.

No caso do grupo Multiterminais, que também trabalha com importação e exportação de veículos, haverá a construção de um edifício garagem para abrigar cerca de 7.000 carros, conforme informou George Vidor em sua coluna no GLOBO. A previsão é que os novos cais fiquem prontos a partir do ano que vem.

— É uma necessidade. Os navios estão crescendo de tamanho e temos que nos preparar. Ganharemos escala e competitividade — afirma Luiz Henrique Carneiro, presidente da Multiterminais.

Nas contas da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), em todo o país são necessários investimentos privados de aproximadamente R$ 44 bilhões na construção e ampliação de terminais públicos e privados nos próximos dez anos.

No caso do Grupo Libra, a empresa cobre uma área de 40 mil metros quadrados em direção à Ponte Rio-Niterói. A empresa passará a ter dois grandes berços para atracar navios e contará com equipamentos mais eficientes para agrupar as pilhas de contêineres.

— A demanda no mundo faz com que os armadores busquem ganho de escala. Passaremos a ter dois grandes berços, com cerca de 700 metros — afirma Wagner Biasoli, presidente do Libra Terminais, braço do Grupo Libra.

Segundo estudo realizado pelo Ilos para a Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec), a procura por contêineres no Brasil está crescendo num ritmo bem superior ao PIB — 7,4% ao ano, em média —, e projeções indicam que a demanda ultrapassará a oferta a partir de 2021. Com as obras no Rio, o potencial de capacidade de movimentação de contêineres dos dois grupos privados deve crescer 155,3% entre 2011 e 2021.

— A Baía de Guanabara é enorme, superprotegida, o local mais perto de onde estarão as plataformas do pré-sal. Qualquer um desses terminais pode atender à Petrobras — afirma o diretor do Instituto Ilos, Paulo Fleury.

Acessos ainda são problema

O Grupo Triunfo, que trabalha com importação e exportação de produtos siderúrgicos e presta serviços à Petrobras, também projeta a compra de guindastes mais potentes, num investimento de R$ 108 milhões previsto para os próximos cinco anos.

— A nossa intenção é duplicar o atendimento às embarcações, passando de 250 para 500 por mês — afirma Rogério Caffaro, do Grupo Triunfo.

A expansão dos investimentos pode esbarrar em gargalos logísticos. Grupos privados e o governo estadual têm alertado para o agravamento de engarrafamentos nos acessos aos terminais e a demanda adicional das operações no pré-sal. Segundo a Companhia Docas do Rio de Janeiro, pelos terminais de contêineres passam atualmente 200 mil veículos por ano. Em 2015, esse volume pode chegar a 422 mil, se for contabilizada a demanda da Petrobras. A maior parte, de carretas de grande porte.

O diretor da Mind Estudos e Projetos, Rodrigo Paiva, frisa que, além do aumento da capacidade, os terminais precisam ganhar produtividade e isso vai depender da melhoria dos acessos ao porto.

—O acesso hoje é feito por ruas que foram construídas para passagem de carroças — afirma.