Mesmo diante da recente alta de 0,5% na taxa básica de juros, as vendas e as contratações de fim de ano na região de Ribeirão Preto (SP) seguem com tendência positiva em 2013, analisa o economista Samuel Pessoa, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas e doutor em economia pela Universidade de São Paulo.
Saída para conter a alta dos preços, a alteração de 9% para 9,5% na Selic - taxa básica de juros da economia, anunciada na quarta-feira (9) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central - gera expectativa de impacto negativo sobre o sistema financeiro. Com isso, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano ficou projetado para 2,5% - ante a alta de 3,3% prevista no fim de 2012 para este ano.
Mas o cenário não deve representar problemas imediatos para setores como o de serviços em Ribeirão, segundo Pessoa. “A subida da taxa de juros tem impactos muito defasados, no geral demora três trimestres para que se materialize”, afirma.
Exemplifica essa constatação a alta registrada por Ribeirão Preto na geração de empregos em agosto. Segundo dados do Ministério do Trabalho, o saldo foi de 1.574 contratações no período, quase três vezes mais do que no mesmo mês em 2012 – com 552 carteiras assinadas.
Para o pesquisador da FGV, a estabilidade da economia já foi colocada à prova em julho, no auge das manifestações populares realizadas em todo o país, mas não ficou prejudicada. “De maneira geral a economia está equilibrada, está gerando emprego, a taxa de desemprego está baixa e ainda a taxa de crescimento é real”, analisa.
A alta dos juros e uma resultante perspectiva de queda do PIB para 2014 – crescimento previsto é de 2% - são um “remédio amargo”, porém mais fáceis de lidar do que uma economia dominada pela inflação, segundo Pessoa. “Acho que a sociedade brasileira já se convenceu desse fato.”