WASHINGTON - Os líderes republicanos da Câmara dos Representantes não conseguiram chegar a um consenso nesta terça-feira sobre como superar o impasse fiscal americano. Pela manhã, eles propuseram um plano para terminar o “apagão” parcial do governo e evitar o default (calote) da dívida americana, mas a proposta foi rejeitada em uma reunião interna de duas horas com parlamentares do partido.
Com a paralisação do governo após o imbróglio que resultou na reprovação do Orçamento americano, alguns trabalhadores federais continuarão se reportando a seus departamentos e agências, enquanto a maioria deixará seus postos e ficará em licença por tempo indeterminado.
O presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, o republicano John Boehner, disse que não havia chegado a nenhuma decisão sobre como proceder, mas que estavam determinados a não permitir um calote da dívida americana.
— Há muitas opiniões sobre qual direção ir. Não houve decisões sobre exatamente o que vamos fazer — disse Boehner.
Mais cedo, o líder da maioria no Senado, Harry Reid, afirmou que está confiante de que senadores democratas e republicanos possam chegar a um acordo fiscal abrangente ainda esta semana para evitar calote da dívida americana.
- Há negociações produtivas acontecendo com o líder republicano. Estou confiante de que vamos ser capazes de chegar a um acordo global esta semana a tempo de evitar um calote catastrófico sobre as contas da nação - disse Reid no plenário do Senado. - O líder republicano e eu vamos manter os nossos membros informados sobre a forma como as negociações estão sendo geridas. E eu expresso meu apreço a todos por sua paciência - afirmou.
O plano dos republicanos da Câmara difere em detalhes importantes da proposta no Senado dos EUA, onde a situação é melhor. Na proposta da Câmara, lançada nesta terça-feira, o governo americano teria recursos para ser reaberto até 15 de janeiro e o teto da dívida subiria o suficiente para cobrir as dívidas do país até 7 de fevereiro, semelhante ao plano do Senado. Mas, ao contrário do Senado, a proposta incluiria a suspensão por dois anos do imposto sobre equipamentos médicos do programa de reforma da saúde, conhecido como “Obamacare”.
A Casa Branca classificou a proposta republicana da Câmara como uma tentativa para acalmar um pequeno grupo de conservadores do Tea Party. A porta-voz da Casa Branca, Amy Brundage, disse que que Obama tem reiterado que os legisladores “não devem exigir um resgate para cumprir suas responsabilidades básicas para aprovar o Orçamento e pagar as contas do país”.
— Infelizmente, a última proposta da Câmara faz exatamente isso em uma tentativa partidária de acalmar um pequeno grupo de republicanos do Tea Party que provocou a paralisação do governo em primeiro lugar — disse ela
Brundage afirmou que democratas e republicanos do Senado têm trabalhado com boa-fé para pôr um fim no impasse fiscal e “é hora da Câmara fazer o mesmo”.
No Senado, os líderes disseram ontem à noite estar próximos de um acordo que poderia reabrir o governo americano, após duas semanas de “apagão” parcial, e estender o teto da dívida. O presidente Barack Obama vai se encontrar na tarde desta terça-feira. às 16h15m (horário de Brasília) com líderes democratas para discutir as opções.