Economia

Lobão confirma leilão de Libra mesmo com um só consórcio

Ministro de Minas e Energia garantiu hoje que mesmo com apenas um participante, a licitação será realizada nesta segunda-feira

BRASÍLIA — Diante dos protestos contra o leilão do Campo do Libra, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, veio a público neste sábado reforçar que a licitação é "uma grande revolução econômica para o bem do Brasil". O ministro garantiu que, mesmo que apenas um consórcio participe, a licitação será realizada na segunda-feira.

— Não sabemos dizer quantos consórcios vão participar desse leilão. Isso importa pouco. O importante é que haja participante, um ou mais de um — disse. — De qualquer maneira ocorrerá o leilão — afirmou Lobão, que considerou positiva a vinda de empresas estrangeiras para o país.

O ministro disse ainda que manifestações pacíficas podem ocorrer no dia do evento, mas observou que é preciso levar o leilão adiante:

— Precisamos não nos deter diante delas (das manifestações). E sim realizar aquilo que é de interesse de 200 milhões de brasileiros.

Segundo Lobão, o número de ações nos tribunais brasileiros pedindo a suspensão liminar do leilão de Libra na segunda-feira já chega a 23. Até a noite de ontem, a Justiça tinha negado sete liminares. O ministro voltou a negar qualquer privatização do petróleo do pré-sal: — Ao contrário, estamos nos apropriando dele (do petróleo).

O ministro destacou que, hoje, o Brasil produz 2,1 milhões de barris de petróleo por dia. No entanto, por precisar consumir mais do que esse volume, ainda importa o produto.

— O que devemos fazer então é apressar a nossa capacidade de produção de petróleo para atender as nossas necessidades internas e para, no passo seguinte, promovermos nossa exportação de petróleo - afirmou.

Lobão destacou que, somente com o Campo de Libra, o Brasil distribuirá R$ 279 bilhões para a saúde e a educação ao longo de 35 anos. Outros R$ 370 bilhões serão apropriados pela União.

— O fato é que são recursos monumentais que serão destinados à educação e à saúde — disse o ministro, que observou que, em sete anos, o Brasil espera estar exportando algo em torno de 2 milhões de barris de petróleo por dia.

O leilão do campo de Libra, na Bacia de Santos, será realizado nesta segunda-feira. A licitação começará às 15h, no Hotel Windsor, na Barra da Tijuca. Ao todo, 11 empresas se habilitaram a participar: a anglo-holandesa Shell; a francesa Total; a Repsol-Sinopec (Espanha/China); as chinesas CNOOC e China National Petroleum; a indiana ONGC; a Petrobras; a colombiana Ecopetrol; a portuguesa Petrogal; a japonesa Mitsui; e a malaia Petronas. Apenas nove depositaram as garantias. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), as duas empresas que não depositaram as garantias só poderão participar em consórcio com as que fizeram o depósito.

Além de realizar investimentos em exploração, o consórcio vencedor terá de desembolsar R$ 15 bilhões em bônus, dinheiro que ajudará o governo a cumprir a meta de superávit primário -- a economia para o pagamento de juros da dívida pública. A ANP estima que, 15 anos após a assinatura do contrato, Libra produzirá 1,4 milhão de barris de petróleo por dia. O volume representa um aumento de 40% ante a projeção anterior de 1 milhão de barris diários

Segurança

Devido às manifestações marcadas para o momento do leilão, o efetivo total do esquema de segurança será de cerca de 1,1 mil pessoas, entre militares e policiais federais, militares estaduais, policiais civis, guardas municipais e funcionários públicos. Segundo técnicos do Ministério da Justiça, a Força Nacional enviará 200 homens para o Rio. A Polícia Federal cuidará da segurança das autoridades federais e a Polícia Rodoviária Federal apoiará as ações nas principais vias do Rio de Janeiro.