BRASÍLIA - O governo federal anunciou nesta quinta-feira a criação de um grupo interministerial para acompanhar os preços e a qualidade dos serviços prestados durante a Copa do Mundo de 2014. Segundo os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, não serão tolerados abusos. Eles afirmaram que haverá um monitoramento sistemático do comportamento dos agentes econômicos envolvidos na Copa, como hotelaria e transporte aéreo, mas sem tabelamento de preços. A primeira reunião do comitê está programada para a quinta-feira da semana que vem.
Cardozo afirmou que, assim como já foi feito durante a Rio+20 em 2012, e na Copa das Confederações em 2013, o governo vai conversar com os empresários. Questionado se já foram identificados preços abusivos para justificar a criação do grupo interministerial para o Mundial, ele respondeu:
- Já tivemos experiências anteriores, da Rio+20, da Copa das confederações, que nos mostraram que haviam situações de preços inflados. A própria imprensa noticiou o diálogo que tivemos com os hotéis do Rio de Janeiro na Rio+20. Essa experiência nos mostrou a necessidade, sem que eu entre em juízo de valor sobre quaisquer das realidades que ainda não foram analisadas e estudadas pelo comitê, que nós criássemos esse acompanhamento interministerial e afirmássemos em alto e bom som: o governo não tolerará abusos nos preços e serviços de qualquer natureza.
"Não tabelamos, nem tabelaremos preços, mas nós não permitiremos abusos. Vamos utilizar todos os instrumentos à disposição do Estado para garantir a defesa dos direitos do consumidor, seja ele brasileiro, ou estrangeiro", disse Gleisi por meio de nota.
Na última segunda-feira, diante da estratégia das companhias aéreas de aumentar o preço das passagens na Copa do Mundo, o presidente da Embratur, Flávio Dino, informou ao GLOBO que enviaria ofício à Secretaria de Aviação Civil (SAC) e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) propondo um teto para as passagens e a permissão para a livre operação de estrangeiras pelo menos durante a Copa. Nos sites das companhias aéreas, um bilhete Rio-São Paulo na época da Copa chega a custar R$ 2.593. Questionado sobre isso, Cardozo respondeu:
- Tudo isso será discutido no comitê. Não debatemos medidas hoje.
Questionado se o governo também vai acompanhar abusos nos preços cobrados dentro dos estádios, Cardozo não descartou essa possibilidade:
- Eu vou lhe dizer que tudo será analisado por esse comitê. A partir do momento em que nós entendermos que existem situações que estão fugindo daquele parâmetro bom de mercado, vamos tomar as medidas cabíveis desde que, evidentemente, isso se configure.
O comitê será coordenado pela Casa Civil e contará com a participação dos ministérios do Esporte, da Justiça, do Turismo, da Saúde e da Fazenda, além da Secretaria de Aviação Civil (SAC). Antes do primeiro encontro do comitê, na próxima quinta, o Ministério da Justiça vai entrar em contato com os Procons das 12 cidades-sede da Copa.